Anabela Tereso é a administradora da Quinta da Atela, uma propriedade que remonta a 1346 e está localizada em Alpiarça. Em 2017, a Quinta da Atela foi comprada pelo Valsabor, um Grupo de empresas dedicado à suinicultura no concelho de Santarém, que viu na nova propriedade uma porta de entrada no mundo dos vinhos.
Nos últimos anos, o trabalho tem sido de recuperação de infra-estruturas e investimento em novos produtos como o enoturismo, novas gamas de vinhos e espaço para recepção de eventos com capacidade para centenas de pessoas.
Foi pela mão do marido que Anabela abraçou o mundo dos negócios da agro-pecuária e que actualmente enfrenta um novo desafio diário: gerir uma Quinta com cerca de 600 hectares.

Em que altura da sua vida decidiu que queria ser empresária?
Ao longo da minha vida jamais pensei ser empresária, mas quando me apercebi da mudança, lá estava a Anabela numa cadeira de escritório. Comecei a namorar cedo e acabei por casar aos 19 anos. Nessa altura, o meu marido já se encontrava ligado à suinicultura e eu como boa esposa ingressei com ele no mundo do trabalho. Fui mãe mas sempre conciliei o trabalho com o facto de ser mãe e esposa. Anos mais tarde, compramos um matadouro e foi aí a minha vida deu uma volta de 180 graus. Acabei por ter de me dedicar mais ao mundo empresarial, onde passei a estar sentada a uma secretária com alguns funcionários a meu cargo. O negócio foi-se desenvolvendo em várias áreas e chegou o momento dos vinhos, completamente distinto, e que prontamente me foi entregue para gerir.

Sendo mulher, como se sente num meio que ainda é dominado pelo sexo masculino?
Sendo mulher nada muda, porque não sinto qualquer diferença em relação ao sexo masculino. Isso hoje já não se vê da mesma maneira e eu sou muito determinada.

A Anabela é a face visível da Quinta da Atela, um investimento da Valgrupo. Como nasceu o interesse pela área dos vinhos e do enoturismo?
Estou à frente do projecto Quinta da Atela desde o início. Inicialmente fui sem saber o que podia encontrar pelo caminho. Trabalhei durante mais de 20 anos no sector agro-pecuário e de repente estar a gerir uma quinta mais 600 hectares não é tarefa fácil (risos), mas a minha vida também nunca foi fácil. Quando cá cheguei sabia muito pouco sobre vinho, mas aos poucos vamos aprendendo e quando queremos muito, tudo é possível. Neste momento tenho tentado dar a esta quinta aquilo que ela realmente merece e pretendo fazer ainda muito mais por ela. Em breve teremos 16 habitações na quinta, onde o foco será o enoturismo.

Qual foi o investimento e o que foi necessário fazer para relançar esta propriedade centenária?
Na Quinta da Atela os investimentos têm sido diários, pois a propriedade estava muito descuidada quando cá chegamos. Temos vindo a recuperar o edificado da quinta como a parte da casa, capela e as adegas para que no final o resultado seja acolhedor para quem nos visita. Na parte da vinha temos feito também algum investimento onde mudamos algumas castas que consideramos menos boas. Neste aspecto temos uma mais-valia, a Valgrupo ‘alimenta’ esta mudança diária.

Que podemos encontrar na Quinta da Atela?
Hoje em dia podemos encontrar uma grande gama de vinhos, desde a gama de entrada, a média-alta e a gama alta. Em breve teremos também um produto único na região dos vinhos do Tejo, uma aguardente velhíssima com 20 anos. Para além disto, temos salas recentemente recuperadas que oferecem espaço para a realização dos mais variados eventos, com conceitos diferenciados. De uma antiga adega nasceu uma nova loja de vinhos com quatro zonas distintas com capacidade para 480 pessoas. Temos sala para reuniões de negócios, casamentos, provas de vinho por marcação e ainda estacionamento privado.

A Quinta da Atela tem apostado no lançamento de novos vinhos e novas infra-estruturas. O objectivo é continuar a crescer nestas áreas?
Sim! No final 2021 vamos apresentar um novo pacote de vinhos. Iremos ter três monocastas tintas, que estão neste momento em estágio em barrica casca de carvalho, e dois espumantes. Já a parte das infra-estruturas é uma área que estamos a recuperar ao longo do tempo e onde existe muito trabalho para ser feito.

Na sua opinião, o sector dos vinhos é uma boa aposta na área dos negócios?
Sim, posso dizer que é uma boa aposta. Apesar de ainda não ter um grande conhecimento nesta área, sei que é um trabalho lento e que temos de “plantar para colher” a cada dia que passa. O objectivo é fazer da Quinta da Atela uma referência na região.

Quais são as perspectivas para o futuro da Quinta da Atela?
Mediante a dimensão da nossa vinicultura, queremos continuar a procurar parcerias de exportação. Isto é um trabalho diário em que temos de ser persistentes, mas nunca esquecendo o enoturismo. Sabendo que a Quinta Atela tem o maior salgueiro negral da Península Ibérica, não posso baixar os braços e o caminho será continuar a investir na qualidade desta propriedade.

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