Recém-empossada presidente da Federação Portuguesa de Yoga (FPY), Raquel Lopes assume o desafio de liderar uma organização que tem como objectivos principais a regulamentação da profissão de professor de Yoga e a expansão da prática pelo território nacional. Com uma equipa motivada e um compromisso firme com a qualidade da formação, Raquel Lopes quer reforçar o papel do Yoga na promoção do bem-estar físico e mental, levando esta filosofia a mais escolas, instituições e comunidades em Portugal.
Que desafios enfrenta ao assumir a presidência da Federação Portuguesa de Yoga e quais serão as suas prioridades neste novo ciclo?
Nesta fase, estou essencialmente empenhada em me inteirar de todas as áreas de intervenção da Federação Portuguesa de Yoga (FPY) e criar equipas para trabalhar em cada uma delas. Felizmente, todas as pessoas que integravam a anterior direcção são muito disponíveis para nos auxiliar nesta transição e a equipa com que estou a trabalhar também é constituída por pessoas muito qualificadas, interessadas e motivadas em trabalhar em prol do Yoga, e da sua filosofia. Neste momento, as prioridades da Direção da FPY são a regulamentação da prática profissional do Yoga, a manutenção da elevada qualidade das diferentes áreas de formação da FPY e, como princípio-base, estar ao serviço dos membros federativos e da comunidade do Yoga em geral.
O Yoga tem vindo a crescer em Portugal, mas ainda enfrenta desafios de regulamentação e reconhecimento oficial. De que forma a FPY pretende trabalhar para consolidar o estatuto do Yoga no país?
A regulamentação do Yoga como profissão tem sido uma área em que a FPY tem vindo a trabalhar para, junto da Administração Central, sensibilizar para a necessidade de se legislar sobre a profissão de professor de yoga, de modo a garantir a qualidade e segurança dos praticantes de Yoga, ao serem orientados por professores devidamente qualificados para a prática e para o ensino de Yoga. Como contributo, a FPY entregou uma proposta de regulamentação da profissão na Assembleia da República e tem vindo a desenvolver um projecto que visa caracterizar o sector de Yoga na sociedade.
A Federação tem um papel activo na formação de profissionais de Yoga. Que mudanças ou melhorias pretende implementar nesta área?
Considero que foi feito um trabalho de excelência ao longo dos últimos anos e, a esse nível, a minha preocupação é, de momento, manter a elevada qualidade das formações que temos na FPY – Curso de Professores de Yoga, Curso de Instrutores de Yoga, Curso de Yoga para Crianças, Curso de Yoga para Seniores, Curso de Yogaterapia e Curso de Terapeuta em Ayurveda – e, quem sabe, voltar a abrir, em breve, os Cursos de Yoga Pré e Pós-Parto e o de Yoga para Bebés. Apesar de termos salas que nos permitem ter três turmas em funcionamento em simultâneo, como partilhamos o espaço com a Associação Movimento Aberto (AMA) que também tem actividade regular, não podemos ter abertas as muitas formações em simultâneo.
O Yoga é muitas vezes associado ao bem-estar físico e mental. Há planos para expandir a sua prática a sectores como a educação ou a saúde pública?
Sim, de facto o Yoga é, muitas vezes, associado ao bem-estar físico e mental e já há evidências científicas que corroboram essa situação.
Tem sido uma preocupação da FPY levar a prática de yoga ao maior número de pessoas de diferentes idades. Na área da educação, já há, há alguns anos, na oferta de recursos educativos, aulas de yoga, no entanto consideramos que a introdução da prática de yoga nas escolas, nos diferentes níveis de ensino, seria de facto uma mais-valia na promoção de técnicas que estão ao dispor de todos para a regulação do stress e ansiedade e que integradas em cada um, trariam maior qualidade de vida, desde cedo, aos seus praticantes. Mas, na realidade, acredito que todos podem beneficiar da prática de yoga e através dos instrutores/professores federados e das Associações nossas associadas, temos tentado levar o Yoga a diferentes instituições, com a formalização de protocolos de parceria com descontos nas mensalidades ou com a oferta de aulas, para que mais pessoas possam conhecer e praticar Yoga. E esta prática não tem que ser uma prática de posturas de yoga (asanas), passa também por práticas respiratórias (pranayamas) ou pequenos exercícios que promovam o foco e concentração.
Como avalia a actual adesão ao Yoga em Portugal? Há zonas do país onde sente que é necessária uma maior dinamização da prática?
Considero que a actual adesão ao Yoga possa ser o resultado do reconhecimento dos benefícios que a prática regular de yoga pode trazer ao corpo e à mente, de cada praticante e da qual também já existem evidências científicas. Quanto à necessidade de maior dinamização em algumas zonas do país, os dados recolhidos, no ano passado no âmbito do projecto “Yoga em Portugal: Diagnóstico e Prospectiva”, permitem-nos concluir que
prática de yoga já acontece por todo o país, mas há sempre potencial de crescimento, sobretudo em algumas zonas do interior do país.
Em termos de eventos e iniciativas, o que podemos esperar da FPY nos próximos anos? Há novos projectos em curso para fortalecer a comunidade de praticantes?
Para já, vamos dar continuidade aos Cursos da FPY, que já referi anteriormente, vamos também continuar a promover Workshops e Seminários de aprofundamento do conhecimento de Yoga, como é o caso dos Workshops com o osteopata e professor de Yoga, Hugo Abecassis, cujo o próximo está agendado já para dias 15 e 16 de Fevereiro, em Santarém e será subordinado ao tema ‘Ajustes nas Retroflexões & nas Posturas Restaurativas’, e os Seminários de Aprofundamento da transmissão da Tradição do Yoga, a 12 e 13 de Abril, com Marie Foucher-Bénédic, e de 26 a 28 de Setembro com Walter Ruta, ambos alunos de Sri Sri Sri Satchidananda, Yogui Silencioso de Madras.
Vamos também dar continuidade ao Festival de Yoga, que promovemos anualmente, por ocasião do dia Internacional do Yoga, que se comemora a 21 de Junho, onde promovemos diversas actividades em colaboração com os nossos associados e professores federados, e em que também costumamos disponibilizar aulas gratuitas a quem queira participar, presencial ou online, e assim como às Jornadas de Yoga que dinamizamos, anualmente, em Setembro, no Museu do Oriente, em Lisboa.
Pretendemos estabelecer novas parcerias com o objectivo de promover a prática de yoga, junto de novos públicos.
Temos em curso e consideramos importante dar continuidade ao projecto de caracterização do Yoga em Portugal, para o qual é muito importante a participação do maior número de professores e praticantes de yoga para termos uma real noção do impacto e da abrangência desta prática em Portugal.
Também muito importante é o grupo de investigação ‘Yoga e Ciência’ onde juntamente com CIEQV – Centro de Investigação em Qualidade de Vida, do Instituto Politécnico de Santarém, temos vindo a trabalhar para estudar os efeitos da prática de yoga na saúde.
Trabalho não nos falta e ideias também não, no entanto considero que, nesta fase, é prematuro anunciar novos projectos.
No entanto, se conseguirmos chegar a mais e novos públicos, que possam ficar a conhecer os nossos projectos e participem neles, considero que já ficamos todos a ganhar.
Que mensagem gostaria de deixar aos praticantes e instrutores de Yoga que fazem parte da Federação Portuguesa de Yoga?
A Federação Portuguesa de Yoga é uma instituição constituída por praticantes, professores, instrutores de yoga e associações que a ela estão ligadas, por isso a participação activa de cada um é tão importante para que o Yoga esteja representado da melhor maneira e com maior abrangência e diversidade. No entanto para além dos que estão ligados à FPY, também é importante a envolvência e participação dos que não estando ligados, também se pautam pelos valores do Yoga para que possamos, em conjunto, ter maior representatividade.
Os órgãos sociais da Federação Portuguesa de Yoga têm o dever de cumprir a missão da FPY de ‘promover o Yoga e filosofias afins, no total respeito pela sua essência e diversidade, garantindo a qualidade e rigor do seu ensino’, com o objectivo de ‘unir e representar a comunidade de professores e praticantes de yoga em Portugal’, mas precisam da participação e envolvimento de toda a comunidade yoguica para desenvolver da maneira mais rigorosa e democrática o seu trabalho.
Convido a consultarem o trabalho da Federação Portuguesa de Yoga em www.federacaoportuguesayoga.pt e que nos sigam nas redes sociais Facebook, Instagram e no Linkedin para ficarem a par de todas as actividades que vamos promovendo.