Equipas da rede social de Santarém estão a avaliar as necessidades das 24 pessoas identificadas em situação de sem-abrigo no concelho, aguardando o município a aprovação da candidatura ao programa “Housing First” para avançar com o seu alojamento e capacitação.
O director do departamento de Educação, Cultura e Desenvolvimento Social da Câmara Municipal de Santarém, Carlos Coutinho, disse hoje à Lusa que há indicação de que o projecto, feito conjuntamente com a Cruz Vermelha e a Segurança Social, foi aprovado, mas ainda não houve comunicação formal para avançar.
Delineado para alojar 20 pessoas, o projecto passa pela atribuição de habitação, com acompanhamento de todo o processo de instalação e adaptação pelas equipas da rede social, que farão igualmente um trabalho de capacitação, sendo que a maioria das pessoas identificadas apresentam problemas de adição.
A Câmara Municipal disponibilizará no imediato três habitações e destinou 2.500 euros mensais para arrendar mais quatro ou cinco, sendo que o projecto apenas permite a contratação de mais um técnico e um assistente operacional, que irão reforçar as equipas já existentes.
No espaço de acolhimento para pessoas em situação de sem-abrigo, criado em Abril de 2020 em instalações na antiga Escola Prática de Cavalaria, na sequência das medidas devido à pandemia da covid-19, estão actualmente três pessoas, imigrantes, a cumprir programas de trabalho, dois deles no município, disse à Lusa a chefe da divisão de Ação Social e Saúde, Elisabete Filipe.
O único caso conhecido de permanência na rua foi encaminhado para internamento psiquiátrico, aguardando colocação numa unidade terapêutica, afirmou.
Adiantando que as pessoas identificadas em situação de sem-abrigo pernoitam em casas devolutas, Elisabete Filipe afirmou que estão a ser identificadas as necessidades de reforço de apoio devido às condições meteorológicas, nomeadamente com a entrega de sacos-cama.
As visitas são feitas por equipas restritas, uma vez que existe alguma resistência para aceitar ajuda, disse, adiantando que há igualmente a preocupação de introduzir alguma vigilância em termos de saúde, com a integração de uma enfermeira, e a possibilidade de realização de testes rápidos à infecção pelo novo coronavírus.
A rede social do concelho envolve um vasto conjunto de instituições e entidades, entre as quais a equipa do Centro de Respostas Integradas (CRI) do Ribatejo (Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo), já que algumas das pessoas visitadas integram o programa da metadona.
O trabalho diário de acompanhamento das pessoas em situação de sem-abrigo envolve, além das equipas do CRI e a de rua da associação Picapau (comunidade terapêutica), a Segurança Social, através do Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS), que é assegurado pela Cruz Vermelha Portuguesa e também pelo Rendimento Social de Inserção.
Carlos Coutinho sublinhou a existência no concelho de uma rede que presta uma “resposta integrada e de valor”, funcionando o município sobretudo “como uma entidade chapéu”.