O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, considerou hoje “um erro estratégico” caso a opção Santarém seja a escolhida para a localização do novo aeroporto internacional de Lisboa, considerando “excessiva” a distância para a capital.

Rui Moreira falava aos jornalistas após ter participado na Conferência “Novo aeroporto: tempo de decidir”, que decorre durante o dia de hoje na Fundação Oriente, na capital.

“Não há nenhum aeroporto em nenhuma capital europeia a 85 quilómetros. Montreal, no Canadá, foi a única cidade que teve e acabou por desistir da localização porque as pessoas não viajavam”, explicou o autarca.

Rui Moreira salientou não ter “nada contra Santarém”, mas considerou que seria um “erro estratégico” um aeroporto localizado a 85 quilómetros de Lisboa.

Tal seria, a seu ver, “uma distância excessiva”.

O autarca independente salientou a necessidade de “maximizar um ‘hub’ em Lisboa” e, como tal, defendeu que a sua posição é semelhante à do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), no sentido da importância de um aeroporto na Portela + 1, ficando o atual com menos movimento e o novo mais perto da cidade de Lisboa.

“O Montijo tem algumas limitações do ponto de vista ambiental, mas não há nenhum investimento que não tenha”, sublinhou Rui Moreira, apontando como vantagem para esta localização a via fluvial e a proximidade à Portela.

Rui Moreira lembrou ainda que há um concessionário que diz que se a opção for o Montijo o “constrói sem custos para o erário publico”, frisando que um novo espaço em Alcochete ou Santarém não resolveria o problema de Lisboa, apenas se fosse um “grande aeroporto internacional, desaparecendo os três já existentes no país”.

À semelhança do seu homólogo Carlos Moedas, Moreira defende a urgência de um novo aeroporto, considerando haver condições políticas para que a solução seja encontrada até final de 2023.

“Parece haver aqui um fator importante com o líder do PSD ter dito que pretende uma solução construtiva. Haver e perceber que há conversações entre Governo e partido de oposição parece útil”, explicou, considerando “que hoje há uma circunstância política mais fácil do que há três anos”, quando o líder do PSD era Rui Rio.

Carlos Moedas, por seu turno, lembrou que se discute uma solução para o novo aeroporto de Lisboa há 52 anos, “tantos quanto a sua idade”, salientando que a decisão tem de ser tomada em 2023.

“Nós temos de ter uma solução, temos de tomar uma decisão. Lisboa não pode continuar sem aeroporto e a minha preocupação é, simultaneamente, ambiental e económica. Lisboa precisa desesperadamente de um aeroporto”, disse Carlos Moedas aos jornalistas, à margem da conferência.

O presidente da Câmara de Lisboa afirmou também que “ainda há muita carga emocional” em torno da discussão, frisando a necessidade de “sair das trincheiras políticas e pensar nos lisboetas e no país” uma vez que se trata do aeroporto internacional de Lisboa.

“Haverá quem goste e quem não goste [da decisão], mas não podemos continuar a poluir a cidade como estamos. Ao não ter um novo aeroporto estamos a prejudicar também o nosso turismo”, salientou, sublinhando acreditar estarem reunidas as condições políticas para ser encontrada a solução.

“Vou usar da minha pressão e capital político para que isso aconteça. Estão reunidas as condições. O Governo em maioria e o maior partido da oposição, o PSD, que está a colaborar para essa solução. Apesar de o Governo ter maioria [absoluta], estamos aqui para apoiar”, acrescentou.

Questionado sobre a afirmação do seu homólogo do Porto, que afirmou que se a opção for Santarém para não contarem com o Norte, Moedas reiterou que não é o momento de “tomar posição” sobre a localização do aeroporto, reforçando a ideia da necessidade “de uma solução”.

Na mesa redonda com os dois presidentes de câmara, João Cravinho, ex-ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território, defendeu a sua preferência por uma opção na margem norte.

“Não vou omitir e tenho boas razões”, disse, acrescentando ter uma apresentação de 18 ‘slides’ que prova que a opção pela margem norte de Lisboa, na Ota, custa “menos de três mil milhões” do que uma solução na margem sul, abrangendo uma maior concentração populacional.

João Cravinho protagonizou um momento de tensão ao acusar a comissão técnica do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) que decidiu em 2008 por Alcochete de omitir “deliberadamente custos da travessia ferroviária” constante no projeto, referindo ter feito “mais duas ou três comparações documentadas” que submeteu posteriormente ao LNEC, mas que não terá obtido resposta.

Presente na plateia estava o presidente do LNEC à altura, Matias Ramos, que exigiu ao ex-ministro que deixasse “de mentir”.

“A terceira travessia do Tejo estava inserida [no estudo], deixe de mentir. Esta maneira de falar sempre que há corrupção é uma ofensa grave que devia corrigir. Já a fez várias vezes. Prove que não houve independência no projeto”, retorquiu Matias Ramos.

A Comissão Técnica que irá levar a cabo a avaliação ambiental estratégica para o novo aeroporto de Lisboa vai estudar cinco soluções, podendo ainda propor mais caso entenda.

Em causa, está a solução em que o Aeroporto Humberto Delgado fica como aeroporto principal e Montijo como complementar, uma segunda em que o Montijo adquire progressivamente o estatuto de principal e Humberto Delgado de complementar, uma terceira em que Alcochete substitui integralmente o Aeroporto Humberto Delgado, uma quarta em que será este aeroporto o principal e Santarém o complementar e uma quinta em que Santarém substitui integralmente Humberto Delgado.

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