“Na Revolução do 25 de Abril só há um herói. E esse herói destemido e autêntico chama-se Fernando José Salgueiro Maia”, afirmou convictamente António Sousa Duarte durante a apresentação do seu livro “Salgueiro Maia, Um Homem de Liberdade”, que teve lugar no dia 12 de Abril, no Bar do Teatro Sá da Bandeira de Santarém, antes da antestreia do filme “Salgueiro Maia – O Implicado”, do realizador Sérgio Graciano.

O ex-jornalista e autor de várias biografias, entre elas a de Salgueiro Maia, reiterou que a sua afirmação “’herói só há um’ custa muito a certas figuras do 25 de Abril. Essas figuras foram obviamente decisivas e importantes na conspiração e no 25 de Abril mas confundem depois heroísmo com a capacidade de ser corajoso e valente”.

E continuou “no dia da Revolução, Salgueiro Maia, é o homem que faz seguramente o que quase ninguém teria feito. A forma como firmemente domou as tropas no Campo das Cebolas e como enfrentou o brigadeiro Junqueira dos Reis com uma granada no bolso é simplesmente heróico”.

Como tantas vezes disse o Capitão de Abril: “se eu tivesse morrido tínhamos um mártir como não morri tivemos uma revolução”.

“Só um homem de excepção enfia uma granada no bolso indo ao encontro de um carro de combate das forças fiéis ao regime”, frisou António Sousa Duarte, num dos momentos decisivos do 25 de Abril de 1974.

E dentro desse carro de combate encontrava-se outro herói, o cabo José Alves Costa, apontador do carro de combate que contrariou as ordens do brigadeiro Junqueira dos Reis para disparar contra o comandante da coluna revoltosa. O próprio Salgueiro Maia deixou marcada para sempre a importância desse momento decisivo: “Aqui é que se ganhou o 25 de Abril”.

Também o acto do cabo José Alves Costa foi um “gesto profundamente revolucionário pois não era legítimo recusar uma ordem de um brigadeiro”. Ele decidiu trancar-se no interior do blindado M47 – e lá dentro ficou, em segurança, a salvo da ira de Junqueira dos Reis, que, de pistola em punho, ameaçava dar-lhe um tiro na cabeça. Só saiu quando já ninguém estava na rua. Todos tinham rumado em direcção ao Largo do Carmo. “Este cabo foi muito mais herói que muitos militares que estiveram no 25 de Abril”, sublinhou o autor de “Salgueiro Maia, Um Homem de Liberdade”.

E sobre o tema deixou claro “uma coisa é ser conspirador e ter contribuído convincentemente para a revolução outra é aquele que pela sua dimensão ética, como Salgueiro Maia, dizer por exemplo às senhoras que passavam pelas 7 da manhã que nunca mais teriam que trabalhar naquele dia”. E assim foi. Nunca mais se trabalhou no dia 25 de Abril, Feriado Nacional.

A isto, o autor do livro chama a Salgueiro Maia “um homem de visão. Já em Moçambique, Salgueiro Maia, teria comentado em 1967 com o seu coronel de esquadrão que um dia iria descer a Avenida da Liberdade e fazer uma revolução”.
Sete anos depois é um dos principais heróis da história de Portugal. Conseguiu-o através da sua destemida, extraordinária e patriótica acção no memorável dia 25 de Abril de 1974.

Fez tudo bem, desde que saiu da Escola Prática de Cavalaria em Santarém até receber a rendição do então Presidente do Conselho, Marcello Caetano, e da ditadura que representava.

“Até a rendição foi apolítica. Depois de se prender o Chefe de Estado do Governo que levava o nó da gravata um pouco defeito Salgueiro Maia ajudou-o a refazê-lo. É de um respeito ético ímpar ajudar o inimigo. Estamos perante uma figura absolutamente extraordinária”, afirmou António Sousa Duarte.

Concluiu visivelmente emocionado com a mítica frase: “Às vezes é preciso desobedecer”.

Salgueiro Maia, tal como outros ‘Capitães de Abril’ desobedeceram ao Estado, à dignidade Estatal pondo finalmente fim ao regime ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933.

O livro “Salgueiro Maia, Um Homem de Liberdade” foi lançado em 1995 e voltou agora a ser reeditado a propósito do filme “Salgueiro Maia – O Implicado”, realizado por Sérgio Graciano.

Além do autor do livro e do seu editor António Batista Lopes estiveram presentes o vereador da Cultura do Município de Santarém, Nuno Domingos e o presidente das Comemorações Populares do 25 de Abril, Madeira Lopes.

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