No dia Internacional da Mulher (8 de março) o Palácio do Infantado, em Samora Correia, estará “vestido” com fotos de mulheres inesquecíveis: Beatriz Ângelo; Simone de Oliveira; Catarina Eufémia; Odete Santos; Odete Gaspar; Maria Barroso; Maria de Lourdes Pintasilgo; Natália Correia e Maria Teresa Horta.

Com esta exposição, a Câmara Municipal de Benavente homenageia todas as mulheres que se distinguem pela sua acção entre os pares, pela força do seu trabalho e forma de estar na vida, pela igualdade entre géneros, por uma sociedade mais justa e mais solidária.

A exposição está patente até ao dia 31 de março.

Carolina Beatriz Ângelo (1878 — 1911)

Médica, Republicana e Sufragista, liderou o movimento Republicano feminino. Foi a primeira mulher a votar em Portugal, nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte (1911), facto que mereceu a cobertura de jornais de toda a Europa. Beatriz cumpria todos os critérios da Lei para poder votar: era cidadã portuguesa, tinha mais de 21 anos, sabia ler e escrever e tinha ficado viúva, ou seja, era chefe de família e provia o sustento dela e da filha. A primeira mulher a realizar uma cirurgia no Hospital de São José, em Lisboa, foi autorizada a votar, através de sentença do juiz, que foi obrigado a interpretar fielmente a Lei em vigor. Corajosamente, Beatriz Ângelo foi votar na Assembleia de Voto da Estefânia e fez história.

Simone de Macedo e Oliveira (Nascimento em 1938)

Atriz, apresentadora de televisão e cantora, venceu o Festival RTP da Canção de 1965 com o tema “Sol de Inverno“, voltando a vencer em 1969 com o maior êxito da sua carreira — “Desfolhada Portuguesa“, de José Carlos Ary dos Santos, um dos poetas que mais cantou.  Em todas as áreas às quais se dedicou atingiu um enorme sucesso de público e de crítica. As suas dificuldades de saúde, foram por si encaradas com coragem e determinação, e foi grande influência muitas mulheres.

Um exemplo por uma vida singular e marcante, tal como o seu discurso forte e altivo. Foi condecorada com o Grau de Grã-Cruz  da Ordem do Infante D. Henrique em 1997 e o Grau de Grã-Cruz da Ordem de Mérito.

Maria de Jesus Simões Barroso Soares (1925 – 2015)

Maria Barroso foi uma atriz, professora e ativista política e social portuguesa. Fez carreira no teatro até ser impedida, por interferência da PIDE.

Depois do 25 de abril de 1974, Maria Barroso foi eleita deputada na Assembleia da República. Foi primeira-dama de Portugal entre 1986 e 1996, aproveitando a posição para defender causas sociais e vincar direitos das mulheres.

Depois de deixar o Palácio de Belém, em 1997, assumiu a presidência da Cruz Vermelha Portuguesa. Ao longo da vida, foi distinguida com vários doutoramentos Honoris Causa, Gran Cruz de Ordens de inúmeros Países, Prémios e Troféus importantes.

Maria Odete Gonçalves Lopes Gaspar (1928 – 2005)

Foi ilustradora, desenhadora projetista. Odete ingressou na política ativa, colaborando com o Partido Comunista Português, na luta anti- fascista.

Odete foi presa em 1951, suspeita de desenvolver atividades contra o Estado. Mais tarde, já em Samora Correia, foi um pilar fundamental no desenvolvimento cultural de crianças e jovens, abrindo-lhes novos horizontes culturais. Por seu intermédio e de seu marido, foi criada em Samora Correia a primeira biblioteca fixa de Portugal, pela Fundação Calouste Gulbenkian. Foi distinguida com a medalha do Foral e tem uma rua com o seu nome, na Urbanização Quintas das Cegonhas, em Samora Correia.

Maria Teresa de Mascarenhas Horta Barros (Nascimento em 1937)

Jornalista, escritora, autora de vários livros de poesia e ficção, fez parte do Movimento Feminista de Portugal, mesmo antes do 25 de abril, tendo sido processada e julgada em 1972, após a publicação do livro “Novas Cartas Portuguesas”.

Lutou ferverosamente por uma sociedade mais justa, onde homens e mulheres teriam de ser tratados de forma idêntica. Foi galardoada com vários prémios literários e distinções, entre as quais o Prémio Nacional de Autores de 2017; a Medalha de Mérito Cultural; o Grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e o Grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.

Maria Odete Santos (1941-2023)

Advogada, atriz, deputada na bancada do PCP de 1980 a 2007, exerceu a sua missão com discurso forte e irreverência.

Mulher de cultura, foi uma figura marcante na construção do Portugal de Abril e na afirmação dos direitos que a Constituição da República Portuguesa consagra, e em ações de solidariedade para com os povos de todo o mundo.

Na Assembleia da República, destacou-se na defesa dos direitos das mulheres, especialmente no combate que travou contra o aborto clandestino e na defesa da despenalização da interrupção voluntária da gravidez.

Catarina Efigénia Sabino Eufémia (1928-1954)

Trabalhadora Agrícola, de 26 anos, foi assassinada por um elemento da GNR durante uma greve de trabalhadoras rurais, em Baleizão (Beja – 1954).

As 14 ceifeiras revindicavam melhores salários e condições de trabalho, sendo que, Catarina Eufémia, corajosamente e sem cautelas, se destacava nesta manifestação e o objetivo seria silencia-la. A vida ceifada a Catarina, grávida e com filhos pequenos, originou a revolta de um povo que sobrevivia com condições miseráveis, em zonas rurais e auferindo jornas muito baixas, sobretudo as mulheres.  Após o seu falecimento, Catarina Eufémia tornou-se num ícone da resistência ao regime ditatorial de Salazar.

Imagem cedida pela Junta de Freguesia de Baleizão (Beja).

Natália de Oliveira Correia (1923-1993)

Deputada, escritora, uma das mais notáveis figuras do universo literário português, a sua obra literária é riquíssima, passando pela poesia, pela ficção, pela dramaturgia e pelo ensaio.

Uma mulher forte, resoluta e atrevida, inseparável do seu cigarro de boquilha, defendeu e inspirou o universo feminino.  Destacou-se na luta contra o fascismo e viu várias das suas obras censuradas pela PIDE. Mesmo depois da revolução, não perdeu a sua veia política, foi eleita deputada pelo Partido Social Democrata e, mais tarde, pelo PRD. A sua voz sempre se levantou na defesa dos direitos das mulheres.

Maria de Lourdes Ruivo da Silva de Matos Pintasilgo (1930-2004)

Engenheira química e política portuguesa, foi a única mulher que desempenhou o cargo de primeira-ministra em Portugal, tendo chefiado o V Governo Constitucional (1979).

Já era figura ativa na sociedade antes do 25 de abril, como investigadora e na defesa das oportunidades inerentes à condição feminina. A Revolução, foi nomeada Secretária de Estado da Segurança Social no I Governo Provisório e foi Ministra dos Assuntos Sociais nos II e III Governos Provisórios, tendo sido a mentora do princípio da universalidade das prestações sociais do Estado. Presidiu à Comissão da Condição Feminina e foi embaixadora junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

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