A temporada escalabitana tem o seu início marcado para o próximo dia de S. José com um cartel de grande interesse – embora no dia anterior decorra na Monumental “Celestino Graça” a primeira jornada do Concurso Nacional de Toureio de Salão “Vem Tourear”.
Duas das figuras mais emergentes do toureio equestre assumiram o desafio de se enfrentarem frente a toiros da exigente ganadaria de Murteira Grave, o que muito valoriza o espectáculo, posto que a emoção é um dos grandes atributos da tauromaquia e, em boa verdade, é na competição entre os toureiros que estes se podem empenhar ainda mais para ver quem triunfa.
E este triunfo é daqueles que deixa consequências – boas, deve dizer-se! – pois, quem lograr vencer esta competição, no critério da Associação Sector 9 (que faz de júri neste mano-a-mano) terá um lugar garantido na corrida do próximo dia 3 de Junho, onde alternará com Rui Fernandes e com João Ribeiro Telles.
Qualquer um destes marialvas quando sai à arena vai com a mais firme intenção de sacar o triunfo, sejam lá quem forem os alternantes, pois têm pelo público o mais profundo respeito, e nesta corrida, acrescidamente, radica o interesse em apreciarmos duas escolas de toureio distintas, mas assentes no mesmo conceito clássico e frontal. O toureio equestre assenta em alguns princípios essenciais, a que vulgarmente se chama a ortodoxia – a forma como se cita e os terrenos que se elegem; a concessão da primazia de investida; a trajectória frontal na abordagem ao toiro, sempre que tal seja possível, pois há toiros que não investem e têm de ser citados a sesgo; a colocação da ferragem de alto a baixo, o que implica o compromisso da reunião nos terrenos do toiro; e o remate de cada sorte, para melhor equilibrar as suas investidas e para iniciar a colocação para a sorte seguinte.
Se estes podem ser os pressupostos matriciais do toureio, constata-se, depois, que cada intérprete tem uma potencialidade própria, técnica e artística, para desenvolver a sua função de acordo com a sua sensibilidade estética, com o conhecimento das características do seu oponente e com o domínio para pisar os terrenos de maior compromisso.
E é nestes aspectos que estes dois marialvas se distinguem, pois, ambos respeitam a ortodoxia do toureio equestre, embora reúnam atributos estéticos distintos, o que muito valoriza as suas portentosas lides.
Oxalá que neste dia de S. José os toiros de Murteira Grave saiam como é apanágio desta afamada ganadaria, o que contribuirá para que os cavaleiros possam desfrutar da qualidade dos seus oponentes e possam pôr toda a carne no assador para gáudio dos aficionados que, certamente, preencherão em elevado número as bancadas da Monumental “Celestino Graça”.
Os Grupos de Forcados Amadores de Santarém e os de Évora, cujos Cabos transmitirão ao longo da presente temporada o ceptro do poder, tudo farão para engrandecer ainda mais as suas prestigiadas jaquetas de ramagens, o que, frente a toiros de Murteira Grave, ainda tem mais mérito e impacto.
Estão, assim, reunidas as condições para que possamos desfrutar no próximo dia 19 de Março, a partir das 16 horas, de uma grandiosa corrida de toiros à portuguesa.
Não se atrase e escolha o melhor lugar para não desperdiçar pitada desta memorável tarde de toiros, de toureiros e de forcados.