Centenas de pessoas mobilizam-se por estes dias em Sardoal para dar início no domingo às celebrações religiosas da Semana Santa, tradição que resiste ao tempo unindo moradores e instituições do concelho na recriação de cenários de fé e cultura.

“É sempre um momento muito alto para a nossa comunidade, de grande fé e religiosidade, para quem é crente, e também momento de afirmação cultural do nosso património material e imaterial, de grande beleza, e que importa preservar”, disse o presidente da Câmara Municipal de Sardoal, Miguel Borges (PSD).

A celebração da Semana Santa do Sardoal, começa no domingo com a procissão dos Passos do Senhor, às 16:00.

Até domingo de Páscoa, as igrejas e capelas vão estar enfeitadas com pétalas de flores e haverá recreações teatrais, música e exposições alusivas à época, ao mesmo tempo que decorrem várias procissões, como a dos Fogaréus, na noite de quinta-feira, que costuma ser a mais participada.

“É um cenário de fé e tradição que reflete a devoção histórica desta comunidade”, disse Miguel Borges, classificando como “peças únicas” os tapetes de flores naturais que enfeitam o chão dos templos no concelho, decorados por uma equipa, por uma associação ou por um grupo de habitantes que se oferece para o efeito.

O autarca adiantou que as tarefas de ornamentação das igrejas e das capelas “prolongam-se por toda a noite de quarta-feira, envolvendo cristãos e não cristãos, agnósticos, não praticantes, jovens e gente de todas as idades”, num período que une as pessoas do concelho e atrai milhares de visitantes.

“Os valores da fé e da tradição assumem nesta época características que nos diferenciam de outras comunidades e regiões porque, muito para além do religioso, são pilares da nossa história, da nossa cultura, e são também referências muito fortes na população do nosso concelho”, enfatizou.

Envolta em ambiente de algum misticismo, refletido no silêncio da multidão ao longo de todo o percurso, a Procissão do Senhor da Misericórdia (ou Fogaréus), que vai decorrer na quinta-feira, 06 de abril, às 21:30, “é a manifestação religiosa de maior relevo e impacto pela multidão de pessoas que nela participam”, destacou ainda Miguel Borges, para quem “vivenciar esta experiência” é um “momento inesquecível”.

Durante esta procissão, a eletricidade da rede pública é desligada nas artérias por onde passa o cortejo, apenas iluminadas pela luz de velas, archotes e candeias.

Centenas de lanternas de vidro são colocadas acesas nas janelas das casas, varandas e sacadas ao longo do percurso e milhares de lamparinas de azeite e cera seguem ao compasso das marchas fúnebres da Filarmónica União Sardoalense.

A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia do Sardoal conduz o cortejo envergando capas negras e os seus membros seguram painéis com imagens que representam cenas da Paixão de Cristo e grandes archotes a que chamam, pela sua antiguidade, fogaréus.

Depois da Procissão do Senhor da Misericórdia ou Fogaréus, no dia seguinte, sexta-feira, às 19:00, a vila de Sardoal acolhe a Procissão do Enterro do Senhor.

As Irmandades da Vera Cruz, da Santa Casa da Misericórdia e a do Santíssimo Sacramento participam nesta celebração que termina com o Enterro de Cristo, na Igreja Matriz.

Domingo de Páscoa, às 09:30, inicia-se a Procissão da Ressurreição.

Durante a Semana Santa, as ruas da vila são atapetadas com flores e verduras e nas janelas de muitas casas são penduradas colchas, criando um ambiente solene e festivo.

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