José Melro, jogador do SL Benfica foi o nome escolhido pela Associação de Futebol de Santarém para embaixador do Tejo Cup, competição a decorrer até 1 de Maio no distrito.

A saída do U. Santarém para o Benfica e a aspiração de poder vir a jogar “num estádio cheio, com sessenta mil adeptos”, são aspectos que aborda nesta breve entrevista ao ‘Correio do Ribatejo’.

Ao longo dos primeiros anos de formação como conciliava os estudos e os treinos?

A partir de certa altura tornou-se complicado. Especialmente a partir do momento em que fui para os seniores e estava a estudar no 11.º ano. Tive a sorte de, nesse ano, só ter aulas de tarde, já que as manhãs eram ocupadas com os treinos. Mas mesmo assim foi necessário faltar ou a treinos ou a uma ou outra aula devido aos jogos.

Com passagem por alguns clubes a nível regional, como olha para a formação a este nível?

Senti que na formação existiam sempre jogadores com muito talento. Jogadores com capacidades e qualidades para chegarem a outro patamar, mas para isso acho que é necessário muito trabalho, abdicar de algumas coisas que são normais para um jovem, e muitos acabam por não ter a motivação e empenho para chegar mais longe. Sempre tivemos miúdos com muita qualidade em Santarém, mas falta um pouco a mentalidade necessária para conseguir equilibrar talento com empenho e trabalho.

Hoje para ser sincero não acompanho tanto, continuo a seguir a Associação Académica de Santarém, em especial o escalão que está na primeira divisão e joga contra o Benfica.

Como foi a passagem do União de Santarém para um clube com o tamanho do Benfica? Que condições encontrou?

É uma diferença enorme, o que é normal. Há outra capacidade financeira, claro. O edifício do Benfica Campus é enorme. Mas para ser sincero o que mais me surpreendeu foi entrar pela primeira vez no ginásio do Clube. São condições ao nível dos melhores clubes do mundo. Só o ginásio é maior que muitas das infraestruturas que uma boa parte dos clubes dispõe para todo o seu funcionamento.

É claro que eu estava habituado a outras condições, aqui em Santarém era necessário trocar o local de treino consoante a necessidade do clube. Aqui temos vários campos, uns só para treinos, outros só para jogo. Há relvados sintéticos e de relva natural, são realmente condições de topo.

Como lida com a pressão de jogar num “Grande”?

Ter pressão é bom, significa que levamos o que gostamos de fazer a sério. Eu sinceramente gosto de pressão, ajuda-me a melhorar, com a pressão eu tenho de acertar, e vai dar-me motivação. Ainda não tive aquela pressão que os jogadores sofrem a outro nível, jogar num estádio cheio, com sessenta mil adeptos, mas é para isso que trabalho todos os dias, é aí que quero chegar. E quando acontecer, irei lidar com essa pressão.

Qual o jogador que lhe dá prazer ver jogar?

Para mim é o Phill Foden.

Participou em duas edições do Tejo Cup, agora é convidado para embaixador do evento. Qual a importância para si deste tipo de eventos ligados à formação? E o que sentiu ao ser convidado para embaixador?

É muito importante, permite a competição numa situação fora do clube, é uma experiência que enriquece bastante. Ser convidado para embaixador é uma satisfação imensa, significa que estou a fazer as coisas bem. Confesso que ser convidado, agora como embaixador, para um torneio onde participei ainda como jovem jogador é um orgulho. Espero que de entre estes jovens que hoje participam no torneio saia um futuro embaixador, o que será bom sinal.

Que conselho gostaria de deixar aos jovens que iniciam hoje a caminhada na formação e pretendem chegar ao futebol profissional?

Acho que ainda não estou bem num patamar em que possa ser eu a dar conselhos. Ainda me estou a transformar num jogador, mas posso dizer que é necessário trabalhar muito. Esforço, dedicação, dar sempre o máximo porque só talento não basta.

Ao longo dos anos de formação vi jogadores muito bons, com muitas capacidades e qualidades a não chegarem a um patamar profissional devido à mentalidade.

Os jogadores com mais sucesso no futebol são os que trabalham mais.

Com o tempo bastante ocupando entre jogos e treinos, sobra tempo para algum hobby?

Sempre que me é possível volto a Santarém para estar com os meus amigos, nem que seja só para ir beber um café, ou jogar uns jogos de padel. Mantenho sempre a ligação à cidade e volto sempre que me é possível.

Leia também...

“No Reino Unido consegui em três anos o que não consegui em Portugal em 20”

João Hipólito é enfermeiro há quase três décadas, duas delas foram passadas…

O amargo Verão dos nossos amigos de quatro patas

Com a chegada do Verão, os corações humanos aquecem com a promessa…

O Homem antes do Herói: “uma pessoa alegre, bem-disposta, franca e com um enorme sentido de humor”

Natércia recorda Fernando Salgueiro Maia.

“É suposto querermos voltar para Portugal para vivermos assim?”

Nídia Pereira, 27 anos, natural de Alpiarça, é designer gráfica há seis…