Laura Esperança é, desde o passado dia 1 de Junho, a nova presidente da Sociedade Recreativa Operária, instituição fundada em Santarém em 1915 e que tem como patrono o Padre Francisco Nunes da Silva. Actualmente, a nova direcção está apostada em conferir um novo dinamismo à colectividade, desenvolvendo projectos na área da Música, Dança e Teatro, entre outros. Assim, surgiu a “ARS Música”- Escola de Música e Dança, cuja ideia base é criar alternativas de actividades musicais para todos, promovendo a actividade musical, o estudo de instrumentos e a própria vertente pedagógica, iniciando, também, os mais pequenos nas artes musicais e performativas. A “ARS Música” oferece um Programa Curricular diversificado com vários instrumentos, (Piano, Guitarra, Violino, Violoncelo, Contrabaixo, Flauta transversal, Saxofone, Clarinete, Técnica Vocal, classes de conjunto, teoria musical e música para bebés) leccionados por professores com habilitação própria para o efeito. “Educação, Cultura, Recreio e Solidariedade” são os eixos que a actual direcção pretende desenvolver, mantendo viva e ao serviço da comunidade uma instituição com mais de 100 anos de história e histórias.

O que a levou, pessoalmente, a assumir a direcção da SRO?
A lista que se candidatou às últimas eleições é uma equipa de sete elementos, com o apoio activo da Mesa da Assembleia e do Conselho Fiscal, cada um capacitado em diversas áreas e que contribuem para o trabalho colectivo no grande projecto que é a Sociedade Recreativa Operária de Santarém. Foi a equipa que propôs o meu nome para assumir este cargo. Aceitei a nomeação com muito gosto porque somos realmente uma equipa coesa, responsável, trabalhadora e dinâmica.

No seu entender, o que representa para Santarém ter uma Associação com mais de um século de história?
Quando temos uma associação centenária, constituída por largos períodos de intensa actividade social, cultural, recreativa, temos também uma enorme responsabilidade, quer ao nível da preservação da sua identidade e história, quer ao nível das acções e posturas no presente e na preparação do futuro.
Uma associação integrada numa cidade tem a obrigação social de compreender o processo de transformação identitária dessa cidade. Falo da caracterização e identificação das dinâmicas locais. É importante identificar os referentes culturais que vão marcando a história da cidade, mas também a forma como a cidade se vai estruturando simbólica e materialmente ao longo do tempo. No fundo, passa por compreender como os símbolos da identidade local se articulam com os residentes.
Esta é, a meu ver, a mais importante tarefa que uma associação deve ter no contexto geográfico em que se insere.
Assim, tentamos honrar a SRO, nomeadamente na questão da responsabilidade, no sentido de manter viva e ao serviço da comunidade, uma instituição com mais de 100 anos de história e histórias; valorização das premissas que levaram à sua fundação que estão enraizadas e continuam a pautar a nossa acção e a orientar os nossos esforços, procurando manter uma visão global e actual quer na gestão, quer na oferta social e cultural desta casa.

Quais são os projectos que esta direcção pretende desenvolver?
O nosso campo de acção gira em torno de quatro premissas: Educação, Cultura, Recreio, Solidariedade.
Nesta perspectiva iremos dar continuidade ao desenvolvimento dos seguintes projectos: “Grupo Cénico SRO”- secção de Teatro; Secção de Cinema – todas as sextas-feiras, a partir das 22h00; Projeto Ephemera; Grupo de Dadores de Sangue; Jantares Temáticos e Secção de Xadrez.
Em termos de projectos iniciados em 2020: “Sala de Convívio SRO”- reabertura da sala de convívio com novo horário e algumas novidades gastronómicas e lúdicas; “Stand Up Comedy” – noites de comédia – aos terceiros sábados de cada mês e “ARS Música”- Escola de Música e Dança
Brevemente, perspectivamos arrancar com a “Rádio SRO”- programação semanal com entrevistas, rubricas culturais, actualidade, crónicas e desenvolver o Projecto Educativo – Aulas de Português para Estrangeiros – projecto de integração social vocacionado para jovens e adultos na iniciação da língua portuguesa.

Neste momento, quais são os grandes desafios que se colocam pela frente?
Temos dois grandes desafios no momento: sem grandes surpresas, a pandemia de COVID-19 que obrigou já ao encerramento temporário da nossa associação e que exige várias diligências para permitir o normal funcionamento das actividades.
Apesar desta contingência, já conseguimos reabrir portas e retomar as aulas e a programação cultural.
O outro desafio prende se com o que já foi abordado na segunda questão: conhecer, e entender a cidade de Santarém, a sua dinâmica e desenvolver mecanismos e acções de articulação que permitam a adaptação dos modelos de associativismo ao séc. XXI, garantindo que esta forma de estar em sociedade não pereça, antes revitalize a cidade e os cidadãos.

Que actividades realizam e quais os eventos principais que promovem?
A novidade que estreámos em Agosto foi a criação de uma secção de música e dança – ARS MÚSICA – Escola de Música e Dança da S.R.O. Santarém. O nome significa, em Latim, qualidade do que é musical ou arte da música. O projecto esteve a germinar alguns anos e este ano sentimos que estava polido para ser lançado. Um dos grandes objectivos é oferecer Planos Curriculares variados para permitir aos alunos construir o seu percurso artístico, com ênfase na inclusão de pessoas de todas as idades, dos 0 aos 100 anos, e no reforço da oferta formativa da cidade. A S.R.O. tem há muito tempo um conjunto de actividades ricas e diversificadas como as Danças de Salão, o Grupo Cénico, as aulas de Tai chi e Chi kung, o Clube de Cinema, o Xadrez, os Dadores de Sangue, a colaboração com o projecto Ephemera e com grupos de danças tradicionais. Frequentemente somos casa para workshops, exposições e lançamentos de livros. Os nossos Jantares Temáticos, que acontecem com regularidade, são uma experiência gastronómica e cultural, cuja programação é proporcionada pelos grupos que dinamizam as várias actividades. O último Jantar, centrado na vida e obra de António Botto, marcou o regresso à cena do nosso Grupo Cénico, agora sob direcção do encenador Frederico Corado.

A colectividade vive momentos difíceis ou de entusiasmo?
São tempos de dificuldade com grande entusiasmo!

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