O antigo inspector-geral do Exército major-general Manuel Lopes Nunes dos Reis assumiu ontem que quando soube do reaparecimento das armas furtadas em Tancos ficou “espantado, mas contente”, admitindo que este caso afectou o prestígio do Exército.

“Que afectou de certo modo o prestígio que tínhamos como Exército e Forças Armadas, seguramente, porque um ato desta natureza não é um ato ligeiro. Quanto à credibilidade, nos teatros temos provado se somos credíveis ou não”, admitiu o antigo inspector-geral do Exército, no exercício do cargo à data do furto de Tancos, que esteve ontem a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito, em Lisboa.

Questionado pelo deputado do BE João Vasconcelos sobre se o reaparecimento das armas lhe pareceu uma encenação ou um episódio normal, Manuel Lopes Nunes dos Reis admitiu que quando teve conhecimento ficou “espantado, mas contente”, uma vez que foi retirado do circuito “material que mal empregue poderia causar danos”.

Sobre se, quando assumiu as funções, tomou conhecimento da degradação em que se encontravam os paióis de Tancos, por exemplo o facto de estarem sem video-vigilância, o antigo inspector-geral do Exército respondeu afirmativamente.

“Toda a estrutura a quem competia decidir tinha conhecimento que havia problemas e havia efectivamente acções do comando e intenções de, no tempo que fosse possível, corrigir essas deficiências, insuficiências, degradações que tivessem ocorrido nos equipamentos, nas infraestruturas”, lembrou.

Segundo o major-general, “efectivamente havia uma preocupação e uma intenção de tentar resolver, ainda que de uma forma faseada, este problema” que existia “não só nos paióis de Tancos”, uma vez que “havia mais infraestruturas com problemas, nomeadamente na área da video-vigilância”, abstendo-se de referir quais.

Depois do deputado do BE foi a vez de o grupo parlamentar do CDS-PP colocar as suas questões, tendo António Carlos Monteiro começado por pedir que Nunes dos Reis fizesse “um tira-teimas”, uma vez que há documentação escrita que diz que não foi feita qualquer inspecção ordinária aos paióis nacionais de Tancos nem em 2012, quando foram identificados os problemas de segurança do material de guerra, nem em 2016.

“Ontem [quarta-feira] o seu sucessor na Inspecção-geral do Exército disse-nos que pelo menos ele lembrava-se de ter ido a Santa Margarida. Houve ou não inspecção ordinária aos paióis nacionais de Tancos?”, perguntou o deputado centrista.

O major-general foi peremptório ao afirmar que “vários coronéis e várias equipas fizeram inspecções a todas as arrecadações de material de guerra, paióis, paiolins das unidades”.

“Lembro-me de haver nessa altura também uma equipa que foi a Tancos, mas presumo que foi ao Regimento de Engenharia 1 e que terá visto o paiol, os paiolins ou a arrecadação de material de guerra de Tancos”, disse.

Segundo Nunes dos Reis, essa equipa “terá visto, eventualmente, o que correspondia ao que era a missão, fazer a inspecção à arrecadação de material de guerra da unidade e respectivos paióis ou paiolis, se os tiverem”.

Questionado pelo deputado do CDS-PP se teriam ido “visitar os paiolins 14 e 15 do Regimento de Engenharia 1, que foram aliás aqueles que foram assaltados”, o antigo inspector-geral do Exército declarou apenas: “Quando muito terão sido esses”.

O caso do furto de armas em Tancos ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos, numa operação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, sete militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do crime.

A comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos tem previstas audições a mais de 60 personalidades e entidades, vai decorrer até maio de 2019 e é prorrogável por mais 90 dias.

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