Foto: Joana César

Ana Cláudia Santos lançou, no passado dia 22 de Janeiro, o livro de poesia “Meia-Vida”, uma obra concluída durante a pandemia que conta com poemas escritos por si, e ilustrados pelo artista plástico João Massano. A jovem de 25 anos e natural de Benavente, mudou-se aos 18 anos para Lisboa onde conclui uma licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas, onde ao mesmo tempo tirou um curso de Escrita Literária. No ano seguinte à conclusão dos cursos decidiu tirar outro de Produção e Marketing de Eventos. Seguidamente criou o seu projecto pessoal “LUA – Literatura, Universo, Artes”, no qual organizou sessões de poesia, produzindo eventos em Lisboa e em outros locais do País. Em Setembro de 2021 foi uma das finalistas do Festival de Poesia de Lisboa, no qual ganhou Menção Honrosa e em Dezembro do mesmo ano ganhou o concurso New Talent (NiT, TVI e Santa Casa da Misericórdia), que tem como objectivo premiar os jovens mais talentosos de Portugal.

A Ana lançou oficialmente o livro “Meia-Vida” no passado dia 22 de Janeiro. O que é que retrata este livro?
Meia-Vida é um livro de poesia, dividido em 13 poemas, no qual a linha cronológica se encontra misturada. O livro conta a história de uma menina sem nome e acompanha-a desde a infância até à sua vida após a morte. Este livro é sobre os meus pensamentos existenciais, sobre a minha ânsia de encontrar respostas às perguntas mais fundamentais e impossíveis de responder: o que é a vida, o que é Deus, o que criou tudo aquilo que existe. Falo sobre literatura, ocultismo, questões metafísicas e filosóficas, sobre todos esses mistérios profundos que desde muito pequena me invadem a alma.

Porque é que prefere a poesia à prosa?
Quando era pequena, achava que nunca iria conseguir escrever poesia. Lembro-me de estar no segundo ou terceiro ano e a professora nos pedir para escrevermos um poema. Não consegui. Tive de pedir a um colega que o escrevesse. Por isso, durante anos não peguei na poesia, nem achava que um dia iria ser poeta. Quando comecei a escrever, escrevia apenas texto narrativo. Mas ao longo do tempo comecei a perceber que a prosa era muito limitada para aquilo que queria expressar e transmitir ao leitor. Há palavras e frases que precisam de sair da zona da perfeição para criarem uma imagem mental e sentimento. Por vezes preciso de dar erros, que, na poesia, não o são.

Em que altura da sua vida descobriu essa vocação?
Descobri que gostava mesmo de poesia por volta dos 15, 16 anos. Não me lembro exatamente quando foi, mas no início guardava apenas os poemas para mim.

Como é o seu processo criativo?
Existem várias fases do meu processo criativo. Por natureza sou uma pessoa muito curiosa, e gosto de pensar, pensar e pensar. Sinto que estou constantemente a criar poemas na minha cabeça, apenas por observar o mundo. Sempre que leio um livro, vejo um filme, ou passeio na rua, estou sempre a procurar inspiração para posteriormente criar poemas. No entanto, não estou sempre a escrever. Mas quando escrevo, todos os detalhes dos poemas são meticulosamente pensados e trabalhados, e chego a demorar meses ou anos a terminar um só. Sinto que o meu principal processo criativo é mesmo o trabalho que coloco em cada detalhe. A adrenalina de encontrar os conjuntos de frases que melhor expressam uma ideia é o que mais gosto do processo de escrever poesia.

O que a influencia para escrever poemas?
Costumo de dizer que aquilo que mais me influencia a escrever poemas é a minha infância. Em pequena, era muito tímida, mas muito curiosa. Passava horas a brincar sozinha, e a pensar sobre as questões que hoje coloco nos meus poemas. Ainda me sinto muito ligada à minha criança interior. Por isso, o que me continua a inspirar são as perguntas que nunca me foram respondidas ao longo destes anos. Outra coisa que também me influencia são escritores como Mário de Sá-Carneiro e Júlio Cortazar. Adoro a forma de como eles criam cenários e histórias, e a sensação que os seus escritos me dão enquanto leitora.

Foi vencedora do concurso New Talent da NiT, TVI e Santa Casa da Misericórdia. O que representa vencer um concurso deste tipo sendo ainda uma jovem escritora?
Vencer este concurso é, para mim, o culminar de vários anos de trabalho e foco. Apesar de ser ainda muito jovem, nos últimos cinco anos sempre tive muitos objectivos. É para mim uma realização muito grande ter ganho este concurso sendo poeta, pois para mim é demonstrar que a poesia está viva e a desenvolver-se cada vez mais. Temos cada vez mais jovens poetas e escritores emergentes e é uma realidade que está a acontecer por Portugal inteiro.

Tem outros projectos em carteira que gostaria de dar à estampa?
Por agora os meus focos estão na criação poética e nos eventos de poesia. Quero continuar a escrever, e quem sabe editar um novo livro. Quero também continuar a produzir a “LUA”, e dar palco a jovens poetas. Depois tenho outros projectos em mente, mas ainda não os posso revelar. Posso dizer que é algo que ainda não fiz, e no qual vou estar completamente fora da minha zona de conforto.

Até onde pretende chegar nesta área?
O meu objectivo é conseguir viver da poesia, escrevendo e dando palco e visibilidade a outros poetas e escritores. Quero continuar a escrever, a ler poemas em outros eventos de poesia, e continuar nesta viagem que está a ser incrível. Por agora, não podia pedir melhor. Estou mesmo muito agradecida com tudo o que me está a acontecer.

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