A exposição ‘Sabores e Tradições: Confrarias em Imagens’, chegou ao município de Almeirim, com o intuito de divulgar os sabores de diversas regiões do país. A mostra foi inaugurada no dia 8 de Agosto, na Galeria Municipal da Cidade e caracteriza-se por ser itinerante, tendo passado por locais como Lisboa e Amadora. A ideia surgiu por parte da Confraria do Luxemburgo, com o intuito de fazer as pessoas daquele país descobrirem os pratos e as regiões lusófonas.
“Estamos a trazer o conhecimento de outras regiões à nossa terra”, destaca Luís Manso, grão-confrade da Confraria Gastronómica de Almeirim, associação que pertence ao respectivo movimento confrádico.
Numa entrevista concedida ao Correio do Ribatejo, Luís Manso destaca o papel da Confraria Gastronómica de Almeirim na divulgação e promoção da sopa da pedra, analisa o impacto que este produto tem tido na região e revela as novidades da presente edição do Festival Da Sopa da Pedra.
Como olha para a história da Confraria Gastronómica de Almeirim e para o seu percurso percorrido nesta associação, enquanto grão-confrade?
A Confraria Gastronómica de Almeirim nasceu em 2004 e fez 20 anos em 2024. Tem um percurso dinâmico e de promoção, em vários pontos do país e na Europa. A confraria já existia quando fui convidado. Fui um confrade normal e há 3 anos elegeram-me grão confrade, que é o presidente da direção da confraria e tem corrido bem, temos tido várias dinâmicas ao longo deste tempo.
Estamos num mês em que vai também decorrer o Festival da Sopa da Pedra. A exposição também foi agendada para agosto, de forma que estivesse presente em Almeirim na altura do festival. Embora não sejam as mesmas ações, estas complementam-se porque fazem parte da confraria e é no mesmo mês para mostrar mais alguma atividade nossa, no concelho de Almeirim.
Que atividades e planos futuros a Confraria pretende desenvolver?
Nós o ano passado iniciámos a Sopa Solidária, na qual a Confraria de Almeirim foi confeccionar sopa da pedra a 7 cidades diferentes no mês de dezembro, com a ajuda de parceiros locais e confrarias que nos apoiaram na organização e dinamização da ação social.
Foi uma sopa que foi distribuída para as pessoas que necessitavam. Confeccionamos por volta de 4 mil sopas em unidades, nesse dia, e este ano, em princípio, vamos repetir com 8 ou 9 localidades. Os convites para se associarem ao nosso movimento de Almeirim têm sido bastantes. Hoje chegou mais um convite de uma confraria disponível para acolher também a Sopa da Pedra nessa mesma ação.
Nós somos todos pessoas associadas, mas não vivemos da confraria, temos as nossas atividades particulares. Fazer ações de grande envergadura não é fácil, porque nós temos de ter muito tempo disponível para as realizar. Apesar disso, vamos fazer este ano o Festival da Sopa da Pedra, provavelmente a Sopa Solidária e vamos efetuar mais alguns pedidos de apoio, promoção e divulgação da sopa.
Este ano vamos ficar por aqui. Para o próximo ano, existem algumas coisas que estão ainda a nascer, mas que provavelmente passam por fazermos mais ações no estrangeiro.
Relativamente ao Festival da Sopa da Pedra, quais são as novidades da presente edição?
O Festival da Sopa da Pedra tem já a sua marca. Nós nunca vamos alterar muito o modelo que temos desenvolvido. No entanto, vamos introduzir este ano dois dias temáticos: o dia da Sopa da Pedra e o dia da Casta de Fernão Pires, com o intuito de homenagear dois itens da região, a sopa da pedra e o vinho branco de Almeirim.
Vamos ter dentro do festival, um outro palco mais pequeno, próximo das tascas, com o objetivo de termos algum movimento musical e estarmos mais próximo das pessoas. De resto, vamos manter o cartaz. Temos crescido todos os anos e vamos continuar a trabalhar para isso, mas com pés e cabeça, sem grandes divagações.
Que importância tem tido a certificação da sopa da pedra, com a conquista de diversos prémios para a região?
O impacto não é uma coisa visível no momento, além do dístico nas portas dos restaurantes. Em termos de sopa, vamos continuar a produzi-la sem grandes alterações ao receituário que existe. O facto de ela estar certificada com estes ingredientes, com esta técnica, faz com que tenha uma longevidade enorme mantendo esta receita. E aí não pode haver mais feijão, menos feijão, mais carne, menos carne. É isto e vai-se tentar manter isso sendo certificada. A nível do consumidor, este também tem a certeza de que nos espaços onde ela está certificada, está a comer a verdadeira sopa da pedra.
O que falta fazer pela sopa da pedra, enquanto produto e símbolo de Almeirim?
A sopa da pedra é um produto que é característico desta região. O interesse e a evolução será fazer com que as pessoas venham a esta região com o intuito de comer o prato original. Nós ao percorremos o país, encontramos várias variedades e feitios de sopa da pedra, mas a sopa da pedra de Almeirim é a que nós temos e é a que está certificada.
Nesse contexto, a intenção é trazer as pessoas ao concelho para comerem a nossa especialidade. Esse é o caminho que se tem de fazer. Também temos de saber receber e manter a receção e a experiência gastronómica das pessoas, quando chegam a Almeirim. A experiência tem de ser rica para as pessoas voltarem e passarem a palavra a outras para virem cá.
É claro que depois a nível de promoção e de divulgação, aí pode-se fazer muito mais. Nós podemos também promover mais e melhor a sopa da pedra. Agora nós, confraria, estamos limitados à nossa disponibilidade, às nossas possibilidades e já fazemos muito. O ano passado fizemos 84 atividades.
Este ano, a data do festival coincide com a data da Alpiagra. Acha que a ocorrência dos dois eventos em simultâneo, pode retirar público ao festival?
Não sei. Nós sempre iniciámos o Festival da Sopa da Pedra na última quarta-feira do mês de Agosto, como é o caso deste ano também. É assim que nós temos estado a trabalhar. Julgo que a região, tendo duas terras próximas, poderá perder com o facto de estarem muito próximas as festas. Portanto, os públicos podem se dividir pelas duas. Não estamos a querer competir com a Alpiagra, nem é a nossa intenção competir. Só achamos que realmente sobreporem as festas não foi boa ideia, mas só desejo sorte e que corra tudo bem, tanto na Alpiagra, como no Festival da Sopa da Pedra.
Qual o segredo para o sucesso e longevidade deste festival, criado em 2013?
O segredo é simples. Estamos a promover um festival que representa o prato mais emblemático de Almeirim, a sopa da pedra. Nós não andamos a fazer o festival pelo palco principal ou por outras atividades. O interesse deste festival é promover os pratos característicos de Almeirim e é isso que continuamos a fazer. Acho que isso é a receita que tem mantido o festival, que já vai para a sua 11ª edição.
Que mensagem gostaria de deixar aos habitantes de Almeirim e a todos aqueles que queiram vir ao festival?
O que eu desejo é que venham. De certeza que vão ter uma excelente experiência gastronómica e cultural no festival. Estamos de braços abertos para os receber.