O militar Nuno Martins, natural do Vale de Santarém, está integrado no 4º Destacamento de Apoio Nacional na “Resolute Support Mission”, no Afeganistão, e foi reconhecido publicamente pelo Contingente dos Estados Unidos da América. O 1º Sargento de Material do Exército Português leva a missão militar com “empenho e dedicação” e refere que a principal motivação que o levou a seguir carreira no exército foram as histórias do pai. Nuno está na sua primeira missão internacional em tempo de pandemia covid-19.

O que o levou a seguir a carreira militar?
Sempre ouvi o meu pai a falar das histórias em que foi militar na Base das Lages, no tempo do serviço militar obrigatório. Foi algo que me despertou interesse. Na altura tinha acabado o 12º ano recentemente, e optei por ingressar no exército enquanto soldado sapador de Engenharia em Tancos, pois o Quartel de Santarém tinha acabado de fechar. Mais tarde e intrigado pela história da classe de Sargentos, o posto mais antigo do Exército Português, optei por concorrer (41ºCFS QP).

Como encara esta profissão?
Encaro com empenho e dedicação. Na minha opinião não é melhor nem pior do que qualquer outra, seja ela Motorista, Administrativo, Força de Segurança, Enfermeiro, Médico, entre todas as outras. É simplesmente diferente. É efectuado um juramento de fidelidade à Bandeira Nacional, jurando servir a Nação Portuguesa em qualquer situação, mesmo com o sacrifício da própria vida. E é esta a nossa função.

Está em missão no Afeganistão, integrado no 4º Destacamento de Apoio Nacional na “Resolute Support Mission”. Como tem sido a experiência até ao momento?
É a minha primeira missão. Até ao momento tem sido uma experiência completamente inovadora, num País com uma cultura completamente diferente da nossa, algo que queria realizar desde que ingressei no Exército. Cooperar com forças de outros países, desde a enorme potência que é os Estados Unidos, a Croácia, Reino Unido, Austrália, Turquia, Itália, Espanha, entre outros. Os Comandantes da Força Portuguesa, Oficiais competentes, prepararam-nos de forma extremamente eficiente no aprontamento em Portugal. Juntamente com o elevado nível de excelência de todos, praças, sargentos e oficiais da força portuguesa pertencentes à Brigada Mecanizada, tornam a missão aqui no teatro de operações relativamente mais fácil, sendo alvo de admiração por forças de outros países. Mas não esquecendo que o perigo está sempre ao virar da esquina.

Qual a missão do Exército Português da região?
A nossa missão aqui é, a força 4ªQRF, manter a segurança do Aeroporto Internacional de Kabul, assim como o controlo de pessoas vindas de aeronaves de outros locais, como também o controlo e inspecção de camiões de abastecimento combustível para a base. A força 4ºNSE (National Support Element), a qual dá apoio a todas as forças Portuguesas no Afeganistão, é composta por diferentes módulos: os módulos de recursos, de finanças, de transmissões, de manutenção, onde me integro, e o módulo sanitário.

Foi recentemente reconhecido pelo contingente dos Estados Unidos da América. Que significa para si este prémio?
Em relação ao reconhecimento é simplesmente um reconhecimento. Para mim é importante para mostrar aos meus filhos que se trabalharmos, por vezes temos sorte. Mas toda a força portuguesa tem tido um excelente trabalho e desempenho.

Como está a experiência de viver num País tão longe do nosso em plena Pandemia Covid-19?
Neste momento tem sido uma constante preocupação, pelo facto dos nossos familiares, por vezes necessitarem de algum tipo de ajuda e neste momento extremamente difícil não podermos estar presentes para ajudar ou apoiar de alguma forma. E por ventura ocorrendo alguma infecção a um familiar torna algo mais preocupante, é impossível podermos prestar algum tipo de apoio, a não ser através de videochamada. Por outro lado, se estivesse em Portugal, também nada poderia fazer se não dar algum apoio e confiar na elevada competência dos nossos profissionais de saúde. Sou e somos militares de Portugal, como tal temos deveres e responsabilidades e temos de continuar a nossa missão.

Que mensagem quer deixar a quem ler esta entrevista?
Deixo uma mensagem de apreço, força neste momento difícil e saúde, a todos os escalabitanos, em especial aos meus filhos, à minha mulher, aos meus pais e irmã, família e amigos. Uma mensagem de força a todos os portugueses, em especial aos médicos e profissionais de saúde, por tudo o que fazem por nós, as forças armadas e forças de segurança que tudo tentam para ajudar a população portuguesa. Efectuem os devidos cuidados de higiene e evitem os aglomerados de pessoas para que o vírus seja controlado e possivelmente eliminado o mais rápido possível. Vamos todos ficar bem!

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