A obra “Fruto da Sociedade”, do autor escalabitano Victor Gomes, é uma das nomeadas para o prémio atribuído pela editora Cordel d´Prata na Gala dos Autores 2022, na categoria Thriller, que se vai realizar no dia 11 de Junho.
Victor Gomes nasceu numa pequena aldeia do concelho de Santarém em 1956. Aos dez anos de idade, foi viver sozinho num quarto alugado na cidade para poder frequentar o Liceu. Começou a trabalhar no comércio aos doze, onde permaneceu até aos vinte e oito.
Os livros e a leitura foram a sua companhia desde sempre. Autores como Jorge Amado, Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes ou Mário Zambujal influenciaram a sua forma de escrita. Nos anos oitenta do século passado, fez formação em Informática, na área do software, profissão que desempenha ainda hoje.
O gosto pela escrita, que mantém desde novo, levou-o a publicar este livro.
Em que altura da sua vida descobriu a vocação para a escrita?
Os livros foram desde sempre uma companhia constante na minha vida. Desde longa data que venho escrevendo pequenos textos que depois arquivei na gaveta do esquecimento.
Há dez anos atrás, decidi juntar algumas estórias autobiográficas mescladas com uma estória de ficção e publiquei o meu primeiro livro, em edição de autor, sob o título “Estórias de Vidas”.
Os amigos, que leram esse livro, entusiasmaram-me a prosseguir e assim surgiu o segundo chamado “O sonho da liberdade”.
O que inspirou esta sua obra, “Fruto da Sociedade”?
Uma criança, maltratada, que um dia me abordou a pedir uma moeda. Esta realidade que, tantas vezes ignoramos, inspirou-me a personagem principal depois foi deixar a imaginação percorrer os caminhos.
De que trata este livro?
Este livro conta-nos a estória dum menino de Alfange que, entregue a si próprio desde sempre, percorreu todo um caminho ligado à marginalidade. De arrumar carros e traficar drogas em Santarém até chegar à prisão, passando por casas de “acolhimento”, foi bastante rápido. Um namoro no norte do País do qual resulta um filho, que ele desconhece traz à estória a parte romântica que prende o interesse do leitor. Depois da prisão, volta a Santarém, quer trabalhar, mas é discriminado por ser ex-recluso. Sobra-lhe tempo para planear o crime perfeito o que vem a acontecer…
Como é o seu processo criativo?
Dedico, todos os dias, algum tempo à escrita. Por vezes abandono o projecto que tenho em mãos e começo um novo. Depois volto ao primeiro releio e continuo. Sem grandes regras ou obrigações.
O que representa para si a escrita?
Escrever é uma forma de aliviar o stress do dia-a-dia e exercitar o cérebro. Enquanto escrevo a minha mente navega, na estória que componho, abstraindo-me do que me rodeia convicto que estou a contribuir para deixar uma marca positiva no mundo.
Que livros é que o influenciaram como escritor?
Aos 19 anos, na cama do hospital devido a um acidente, tive tempo para ler a trilogia “Subterrâneos da Liberdade” de Jorge Amado. Foi este o livro que me marcou para sempre. Depois “Gaibéus” de Alves Redol, “Esteiros” de Soeiro Pereira Gomes e “Crónica dos Bons Malandros” de Mário Zambujal foram, sem dúvida, obras que me influenciaram
Considera que um livro pode mudar uma vida?
Um livro é sempre o melhor amigo, o melhor conselheiro, o melhor mestre. Ler e aprender pode, decerto, mudar as nossas vidas e aí o livro tem o papel fundamental.
Tem outros projectos em carteira que gostaria de dar à estampa?
Sim! Trabalho há algum tempo no terceiro volume das estórias autobiográficas que espero poder publicar, agora com a editora Cordel d´Prata. Também a continuação do livro “Fruto da Sociedade” está nos meus projectos, se a tanto me ajudar o engenho e arte como dizia Camões.
Um título para o livro da sua vida?
Estórias de Vidas.
Viagem?
Japão, Hong Kong e Macau. Viagem que fiz há mais de 30 anos e que adorava voltar a fazer.
Música?
Portuguesa, claro! Zeca Afonso, José Mário Branco, Paulo de Carvalho, Fernando Tordo e tantos outros.
Quais os seus hobbies preferidos?
Radioamador (CT1BYK) sempre! O prazer de falar com todo o mundo, sem discriminações, sem classes sociais e sem fios, não tem igual. O associativismo, a que dedico muito do meu tempo livre, é também um dos hobbies a que dou muito valor.
Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?
Hitler nunca chegaria ao poder na Alemanha, logo o holocausto não teria acontecido.
Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?
Thriller, à boa maneira de Hitchcock.
O que mais aprecia nas pessoas?
Honestidade, sinceridade, companheirismo.
O que mais detesta nelas?
Hipocrisia.
Acordo ortográfico. Sim ou não?
Aprendi a escrever há 60 anos, logo tenho dificuldade a adaptar-me ao acordo, mas acredito que a língua não é uma coisa estanque e que deve evoluir.