É já amanhã que se assinala o Dia Internacional da Consciencialização Sobre Perdas e Desperdício Alimentar, decretado pela ONU, pela primeira vez, a 29 de Setembro de 2020, no mesmo dia em que nasce o Movimento Unidos Contra o Desperdício. Dois anos após a criação do projecto, o Movimento conta com mais de 3.000 particulares e 300 empresas aderentes, que têm provado que juntos, com comportamentos cívicos e responsáveis, é possível a diferença e contribuir para combater o desperdício alimentar.
É também neste dia que será lançada uma impactante campanha de comunicação, assinada pela agência O Escritório. Entre outdoors com mensagens criativas e desafiadoras espalhados pelas estações de metro da capital e uma plataforma digital com receitas que mostram como aproveitar os mais variados alimentos, o objectivo da campanha é consciencializar a população para a importância e urgência de combater o desperdício alimentar, demonstrando que as soluções podem ser simples e estão ao alcance de todos.
Esta é uma batalha que pode vir a tornar-se numa das principais lutas mundiais, pautada pela desigualdade, e apresenta um cenário devastador em Portugal, onde os números avassaladores falam por si: enquanto cerca de 1.600.000 portugueses vivem abaixo do limiar da pobreza – sendo que cerca de 360.000 têm carências alimentares -, estima-se que 1.000.000 de toneladas de alimentos são desperdiçadas todos os anos – quase 100Kgs por cada português.
Também no resto do mundo os valores do desperdício alimentar são extremamente preocupantes. Segundo o último estudo do BCG – BOSTON CONSULTING GROUP – se o desperdício alimentar fosse um país, estaria entre os 7% mais ricos. Estima-se também que em 2030 o impacto económico do desperdício alimentar será de 1.5 biliões de euros e, em termos ambientais, o estudo revela que se o desperdício alimentar fosse um país, seria o 3º maior emissor de gases com efeitos de estufa, com aproximadamente 10% do total das emissões de CO2 no Mundo. Conclui ainda que, no que diz respeito ao desperdício alimentar por agregado familiar, globalmente situa-se em cerca de 75kgs/ano e é no consumo que reside a maior fonte de desperdício, representando praticamente 40% do desperdício total.
Após dois anos, Francisco Mello e Castro, coordenador do Movimento Unidos Contra o Desperdício, faz um balanço muito positivo da actuação do mesmo. “Sendo um projecto de sensibilização e não tendo uma componente operacional, visto que quem efectivamente combate o desperdício são particulares e as empresas que já aderiram à causa, é-nos difícil medir os resultados alcançados pelo Movimento na redução do desperdício alimentar. Sabemos, no entanto, que muitos têm sido os casos de sucesso neste combate, já que inúmeras empresas e cidadãos comuns estão a mudar os seus processos e estilos de vida com a ajuda da influência positiva do Movimento e das suas campanhas”, afirma.
Com o objectivo de alertar para esta questão e para a importância de se mudarem os comportamentos dos portugueses, este é um movimento cívico que une a sociedade num combate activo ao desperdício alimentar, consciencializando a população para os impactos negativos que o mesmo agrega, tanto a nível social, como económico e ambiental. Desde que surgiu e através dos seus parceiros, o Movimento já contribuiu para que toneladas de alimentos fossem reaproveitados e distribuídos por quem mais precisa, evitando que fossem desperdiçados. Contando, desde a sua fundação, com o Alto Patrocínio do Presidente da República e com o apoio do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, este é um projecto que pretende continuar a sensibilizar os portugueses para combater o desperdício, desenvolvendo diversas acções com forte impacto no dia a dia de todos nós.