O Círculo Cultural Scalabitano (CCS) é um espaço de cultura e de formação com uma vitalidade ímpar em Santarém: uma casa de portas abertas, e que é uma referência a nível local, regional e até nacional.

O actual presidente do CCS, Vítor Murta lembra que a Instituição sempre assentou nos valores da Cidadania, Autonomia, Afectividade, Familiaridade e Solidariedade.

E são esses mesmos valores que continuam a presidir a acção do CCS. Apesar dos seus 70 anos, o CCS “quer continuar a ser, uma associação de referência no panorama cultural local, regional e nacional, promovendo, apoiando e dinamizando a cultura nas suas componentes educativa, formativa e social”.

O Círculo Cultural Scalabitano é uma associação cultural fundada em Julho de 1954 a partir da fusão de duas associações: o Clube Literário Guilherme de Azevedo e o Orfeão Scalabitano, a sua sede localiza- se na Rua do Maestro Luís da Silveira, num espaço onde se instalou, em 1895, o Teatro Taborda, o que lhe garante uma actividade centenária.

O objectivo principal visou a criação de uma forte unidade associativa que permitisse desenvolver actividades como o Teatro, o Orfeão, a Orquestra Típica, entre outras, que formaram as diferentes secções.

A sua actividade mereceu as distinções de Ordem de Benemerência (1932), Oficialato de Instrução Pública (1957), Medalha de Ouro da Cidade de Santarém (1957), e reconhecida como Pessoa Colectiva de Utilidade Pública a partir de 15 de Fevereiro de 1990. Em 2015 é-lhe atribuído a Rotunda Círculo Cultural Scalabitano, entregue pela Câmara Municipal de Santarém e União de Juntas de Freguesia de Santarém.

O Grémio Literário Guilherme de Azevedo, cuja fundação data do início do século XX, em 1938 viu-se obrigado a alterar o seu nome e passou a denominar-se Clube Literário Guilherme de Azevedo.

Este encontrava-se sedeado no Teatro Taborda, nome atribuído como homenagem ao grande actor Taborda, quando um grupo de boas vontades se reuniu para criar este espaço cultural. O Clube Literário era uma agremiação preocupada com a instrução e recreio. Assim, possuía uma Biblioteca, à qual se atribuiu o nome de Guilherme de Azevedo e desenvolveu diversas actividades como teatro, recitais de música e de poesia, conferências e ensino infantil de música, ao mesmo tempo tinha salas onde se desenrolavam jogos recreativos, como cartas e bilhar. Durante todo o ano havia, também, motivos para se organizarem bailes, sempre concorridos.

O Coral Infantil Scalabitano foi uma das secções do Clube Literário Guilherme de Azevedo com maior actividade e sucesso e integrou o Círculo Cultural Scalabitano em 1954. Criado por iniciativa desse Clube teve o impulso e a dedicação do maestro Luís Silveira, coadjuvado por sua esposa Ema Silveira, Luís Fernandes, nas aulas de Solfejo, Judite David, nas aulas de piano e D. José Zarco da Câmara, nas aulas de violoncelo. Estas aulas ajudaram a formar gerações de jovens, sem distinção de classes, pois eram aulas gratuitas certificadas, dando acesso ao Conservatório Nacional.

Durante alguns anos o Coral Infantil apresentou uma Orquestra Infantil composta de piano, violinos e violoncelos, dirigida pelo maestro. Destaque-se, em 1949, a representação da opereta infantil “A Princesa Perolina” que tanto êxito obteve em representações no Teatro Rosa Damasceno

O Orfeão Scalabitano, fundado em 1925, teve uma interrupção de actividades entre 1932 e 1942, embora com direcção autónoma de Grémio Literário, utilizou as instalações deste até 1946, data em que saiu para o Ginásio do Seminário, cedido pelo reitor do Seminário patriarcal. Voltou ao lugar inicial quando se efectivou a fusão dos dois organismos.

Esta associação estava organizada em secções e, na década de Quarenta, era constituída por um grupo coral misto, que chegou a reunir 150 vozes, no seu período áureo, uma Orquestra de Salão, ou de Câmara, que pelo seu número de executantes (60 elementos), passou mais tarde a Orquestra Sinfónica e, ainda, um grupo cénico denominado, em 1950, por Iniciação Teatral Actor Taborda. Este último, mercê da criação da Academia de Música e de Teatro em 1950, beneficiou de um Curso de Arte de Dizer e Representar, ministrado pelo professor do Conservatório Nacional, Carlos de Sousa, entre 1950 e 1958, possibilitando a formação de uma importante geração de impulsionadores do teatro e das artes, em Santarém.

Nesta casa iniciaram-se importantes nomes do teatro como Mário Viegas. O mesmo aconteceu com a dança clássica, como Ana Pereira Caldas, Fátima Sampaio e Encarnação Noronha, sem esquecer os elementos masculinos como António José Simões, que chegou a dançar no Verde Gaio. Na música destacamos a Maestrina Tilita Valente cuja formação musical se fez no Círculo Cultural e que, mais tarde, foi uma das primeiras maestrinas do país, distinguindo-se na regência do Coro, entre 1978 e 1999. Aqui se fundaram, também, outras associações como o Centro Cultural Regional de Santarém, a ARSTA – Associação Regional de Santarém de Teatro de Amadores e o Centro Coreográfico de Santarém, mais tarde Companhia de Dança do Tejo.

Hoje possui três secções – Coro, Orquestra Típica Scalabitana e Veto Teatro Oficina – quatro Academias – Dança, Música, Teatro e Artes Plásticas- e três Departamentos – Biblioteca Guilherme de Azevedo, Recriação Histórica “Scalabitanus” e o Departamento de Ar e Livre e Lazer, partes integrantes do projecto global que é o Círculo Cultural Scalabitano. O ensino da música, o ensino da dança clássica (Ballet) e contemporâneo, a prática do teatro, a manifestação coral e o registo e recriação do património popular da Orquestra Típica, são actividades em permanência que demonstram o dinamismo e importância para o desenvolvimento cultural da Cidade e do País.

O projecto de recuperação, que modernizou a instituição, previu salas adequadas ás diferentes actividades, mas manteve algumas das suas características essenciais, tal como o palco.

As suas renovadas instalações são compostas de auditório, com palco de teatro e uma plateia de 98 lugares, uma sala polivalente, sala para a prática de bailado, bar, sala da direcção, sala da música e biblioteca. João Vieira Caldas foi o arquitecto responsável pelo projecto, concretizado na globalidade em 1997.

Este projecto-piloto “Teatro Taborda” foi galardoado em 1994, com o prémio “Conservação do Património Arquitectónico Europeu”, subordinado ao tema Edifícios e Locais Históricos, relacionado com artes e espectáculos, pela Comissão das Comunidades Europeias e, ainda, o primeiro prémio de “A Cidade a Defender”, pela Associação de Defesa e Estudo do Património Histórico e Cultural de Santarém.

Este lugar é uma casa aberta não só aos sócios, como também à população de Santarém e aos demais que pretendam usufruir deste espaço cultural, onde se realizam espectáculos musicais, teatrais, exposições, colóquios e congressos.

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