Miguel Dias é presidente da secção de Ténis da Associação 20 Quilómetros de Almeirim desde Novembro de 2018 e foi eleito recentemente para o segundo mandato. Em entrevista ao Correio do Ribatejo, o dirigente aponta para o futuro da modalidade no concelho, fala de alguns objectivos já alcançados no primeiro mandato e reconhece que a modalidade está em crescimento na cidade de Almeirim.
A equipa de juniores do clube conquistou há bem pouco tempo um lugar entre as quatro melhores equipas dos País. Conquista que foi o mote para esta conversa com o presidente da secção.
Foi eleito para um segundo mandato à frente da secção de Ténis da Associação 20 kms de Almeirim. Que balanço faz da sua presidência até hoje?
A realidade acaba sempre por se impor ao desejado. Naturalmente que queríamos, toda a direcção, que as coisas pudessem andar a outra velocidade, mas este é um projecto de dedicação ao desporto e ao associativismo e portanto sujeito às dificuldades que as profissões de cada um colocam. Este é também um projecto de continuidade em que as mudanças não são feitas de forma revolucionária, mas vão-se fazendo. Julgo que demos um passo muito importante neste primeiro mandato com a requalificação dos campos, na melhoria do grupo de treino do clube e na aproximação à autarquia, que é o principal parceiro do clube e do desporto em Almeirim.
Qual tem sido a aceitação da modalidade em Almeirim?
Julgo que já ultrapassamos a fase em que o concelho ainda não sabia que existia a modalidade. As pessoas sabem que podem jogar ténis em Almeirim, que têm um clube que dinamiza o ténis, que promove a competição na modalidade e o desenvolvimento dos atletas mais jovens, e os pais sabem também que os nossos treinadores são excelentes formadores de atletas – enquanto desportistas e pessoas. O trabalho que existe é naturalmente o de cativar mais jovens para praticarem ténis connosco e esse trabalho tem que ser feito diariamente, com resultados, com actividades e com promoção da modalidade.
Depois da pandemia, houve aumento do número de atletas na secção?
Por ser ao ar livre, o ténis é uma modalidade que foi mais procurada nesta fase de pandemia, não só para treinos mas também para o jogo social, de quem não treina regularmente. A par disso, com a requalificação dos campos, isso foi também um chamariz para quando reabrimos existir um interesse maior.
Recentemente, a equipa de Juniores ficou classificada entre as quatro melhores equipas do País. Qual foi o processo que os jogadores tiveram de atravessar para chegar tão longe numa competição desta envergadura?
É o culminar de um longo trabalho não só deste grupo em especifico de atletas, que ficará na história do clube, mas sobretudo do trabalho de toda a estrutura, com a face mais visível a ser o nosso director técnico: José Rodrigues. Este resultado – meias-finais do Campeonato Nacional de juniores – é a prova do crescimento da qualidade que o grupo de treino tem em Almeirim. Somos uma das melhores escolas de ténis da região e essa qualidade é cada vez mais reconhecida no número de atletas de outros locais que nos escolhem e essa qualidade deve também ser valorizada pelos nossos parceiros.
O TenisAlmeirim pode vir a ter um Federer, Nadal ou Djokovic no futuro?
O nosso clube pode ajudar a dar o primeiro empurrão mas não pode fazê-lo sozinho. Nenhum clube sozinho o pode fazer. Felizmente, Portugal já pode vir a ter, no seu todo. Um clube, com o apoio da Federação Portuguesa de Ténis e de toda a estrutura já conseguirá criar um jogador de topo mundial, coisa que há uma década talvez ainda não tinha condições para o fazer. Temos mais ex-jogadores na estrutura técnica da federação, mais condições financeiras e temos um bom exemplo bem perto: o Frederico Silva é um dos melhores portugueses e formado nas Caldas da Rainha, embora numa estrutura que depois se hiperprofissionalizou.
Não só os juniores, mas também os veteranos tem atingido resultados brilhantes. Que falta aos seniores do clube para chegar a patamares mais elevados?
Não é algo que seja de esperar por um motivo que acho que é transversal a todos os clubes de meios mais pequenos. Os seniores coincidem com a fase da vida em que a maioria dos atletas mudam de cidade para irem para o ensino superior e por isso interrompem a prática desportiva. O grande objectivo é ter bons escalões de formação e depois que os atletas que saíram para estudar possam voltar numa fase posterior da vida – ainda em seniores ou já nos veteranos e isso felizmente, tem acontecido.
O espaço utilizado pelo clube já sofreu as tão ambicionadas renovações. Que fica a faltar para melhorar ainda mais as condições para a prática do Ténis?
Sofreu uma parte da requalificação, mas é preciso ir mais além para que as infra-estruturas acompanhem a qualidade dos jogadores. É essencial ter uma sede no local dos campos – uma ambição muito antiga – e começa a ser cada vez mais preponderante ter mais um campo. Já promovemos todos os eventos oficiais que podíamos promover com as condições que temos e para dar o passo em frente é preciso mais, mas acreditamos que vai ser possível continuar a caminhar em frente ainda neste mandato.
Outros clubes da região também apostaram no padel. É um objectivo desta secção?
Essa é a grande falha que tivemos enquanto clube. Fomos dos primeiros a ter campos de padel na região mas não os desenvolvemos e agora fomos claramente ultrapassados. O padel não é o “negócio” principal deste clube mas é uma oportunidade para ter receitas adicionais. Recentemente abriu um clube de padel de âmbito mais comercial em Almeirim, que está a fazer um grande trabalho e acredito que cada um poderá ter o seu espaço e criar uma boa dinâmica na cidade e é um desafio para este mandato criar condições para pegar no padel de forma definitiva.
Que desejos tem para o futuro enquanto presidente da secção de Ténis da Associação 20 kms de Almeirim?
Que possa ter cada vez mais atletas e também melhores atletas. Para que isso aconteça, o desejo principal é dar todas as condições aos treinadores do clube – seja ao nível das infra-estruturas, seja o apoio que a direcção lhes dá. Estando isso tratado, sei que o trabalho desenvolvido é sempre o melhor.
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