<<A Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém (ESGTS) assinala, no próximo dia 22, os seus 37 anos de ensino de excelência. Com um projecto educativo perfeitamente consolidado, a Escola continua empenhada na qualificação de alto nível dos cidadãos e dedicada à produção e difusão do conhecimento, à criação, transmissão e divulgação do saber de natureza profissional, da cultura, da ciência, da tecnologia, da investigação aplicada e do desenvolvimento experimental, relevando a centralidade no estudante e na comunidade envolvente, num quadro de referência internacional. Sérgio Cardoso, director ESGTS traça, nesta entrevista, o perfil da instituição que regista, cada vez mais, um aumento de procura e se quer projectar no futuro.>>

Quais foram os resultados do concurso nacional de acesso deste ano na ESGTS? Houve aumento de procura?

Foi um ano de colocações absolutamente notável.  A escola alcançou cerca de 1500 estudantes, com um crescimento de 11,8% face ao ano anterior (também esse com +7,5% de crescimento). São agora cerca de 670 novos estudantes que estão pela primeira vez na escola (+29,8%) o que significa que há uma aceleração desta procura. Em referência aos dois últimos anos o crescimento acumulado aproximou-se dos 20%.

Há cursos de licenciatura com indicadores de procura que excedem por 5 e 6 vezes o número de vagas oferecidas em concurso nacional e este ano assistimos ainda a uma subida marginal das médias de ingresso nos cursos de licenciatura. Por seu turno, nos cursos de TESP esse efeito foi ainda mais visível (crescimento de 19,2% e de 26,2% em dois anos). Os cursos de mestrado, sendo uma oferta formativa já diferenciada, não são dados a crescimentos muito expressivos e no nosso caso isso também se verifica pela manutenção dos indicadores de procura.

Em suma: os resultados da procura da nossa oferta formativa consolidam-nos num patamar de grande robustez e abrem muito boas perspectives para o desenvolvimento do projecto educativo da ESGT.

Como analisa estes dados? São resultados que deixam a Escola confortável para olhar para o futuro?

Sim, efectivamente. Diria que a reformulação da oferta formativa que se verificou nos últimos anos deixou bases muito solidas que em contribuem decisivamente para estes resultados. O crescimento sustentado da escola na generalidade dos indicadores, como particularmente dos indicadores de procura da sua oferta formativa coloca-nos agora perante problemas de outra natureza: Os recursos e as capacidades (inclusive físicas dos espaços) aproximam-se de limites operacionais que trazem restrições à simples manutenção de taxas de crescimento tão consecutivamente elevadas.

Terminámos recentemente o desenho de dois novos cursos de mestrado e prosseguem os trabalhos de criação de nova oferta formativa em domínios que resultam justamente do diálogo com parceiros institucionais. Mesmo em oferta de cursos breves e pós-graduados haverá um conjunto significativo de iniciativas a curto prazo e avançámos de forma muito relevante na prestação de serviços e na participação em projectos de I&D.

Os desafios que permanecem são precisamente os que mais directamente se ligam com a limitação de recursos, fundamentalmente humanos, e os que resultam também de limitações físicas nas instalações da escola. Estou certo de que, em ambos os casos, as limitações serão pontualmente ultrapassadas de modo compatível com o desenvolvimento da ESGT e a manutenção destes bons indicadores.

Quais os principais desafios que a Escola enfrenta?

Diria que perante a ESGT estão certamente alguns desafios importantes, mas estão sobretudo oportunidades de grande alcance. Uma instituição de ensino superior deve interpretar a todo o tempo como melhor pode contribuir para o desenvolvimento económico e social da região, para a qualificação académica e profissional. O diálogo franco com os parceiros institucionais regionais e a concertação de esforços é por isso fundamental e deste processo resultam igualmente oportunidades.

Do aprofundamento desse processo sairão certamente as respostas aos desafios fundamentais de produzir mais qualificados recursos humanos em domínios crescentemente relevantes para os valores fundamentais do desenvolvimento económico e social, em primeira instância de âmbito regional. A consolidação dos processos de I&D, em melhor alinhamento com necessidades concretas do tecido empresarial, reforçando igualmente a dimensão de transferência do conhecimento produzido é também um desafio ao qual a escola tem dado a importância devida.

Finalmente, devo referir a necessidade imperativa de melhor definição – fundamentalmente regulamentar e legislativa – que quando acompanhada de meios financeiros em plano próximo do necessário acrescente maiores níveis de previsibilidade e consistência ao nosso trabalho diário.

Como é que a Escola se posiciona ao nível da internacionalização e captação de alunos internacionais?

A internacionalização da escola assenta de forma muito relevante no programa Erasmus e na implementação de acordos de natureza bilateral com instituições de ensino superior, essencialmente de países de expressão portuguesa. O nosso programa Erasmus foi redesenhado no presente ano letivo e a forma inovadora como foi concebido introduziu grande flexibilidade e permitiu um diálogo muito facilitado com as entidades parceiras, daí que tenha também apresentado bons resultados. Por seu turno o fluxo de estudantes internacionais por via de acordos bilaterais é constante e em linha com os nossos objectivos.

Em todo o caso, identificamos espaço para melhor desenvolvimento de acordos de reconhecimento mútuo e para o incremento da participação conjunta em projectos e em actividades de investigação e desenvolvimento.

Quais são os projectos mais emblemáticos nos quais a Escola participa?

As actividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) têm já bastante relevo na actividade regular da escola e os últimos anos têm trazido uma maior regularidade na construção de propostas de trabalho de investigação e na sua candidatura para avaliação e financiamento junto das entidades. Estamos por isso a iniciar o desenvolvimento de quatro novos projectos que se somam aos já existentes.

Destes, posso referir-me a dois com financiamento PRR em agendas mobilizadoras, fundamentalmente em domínios relacionados com a utilização de sensores para aplicações do primeiro sector bem como na concepção de interfaces e na construção de modelos digitais em ambiente industrial.

Refiro ainda dois outros projectos com financiamento da EU centrados na sustentabilidade, na economia circular e no desenvolvimento de quadros de referência.

Por fim, devo destacar a crescente aplicação de modelos de gestão e de tecnologias visível nos diversos projectos de I&D em curso e a iniciar, que passam por campo de aplicação que vão desde as áreas da saúde e dos estilos de vida saudáveis, à agricultura, à indústria bem como ao tecido empresarial em práticas de gestão. Neste campo em particular regista-se agora mais ampla participação de docentes e de estudantes em projectos de I&D, de todas as tipologias e objectivos o que também merece realce.

Actualmente, quais são os cursos com maior procura, e as áreas com maior empregabilidade?

Em termos de procura, este ano pela primeira vez, esgotámos praticamente a totalidade das vagas do concurso nacional de acesso para os cursos de licenciatura logo na primeira fase de resultados tendo-se verificado uma dinâmica também semelhante em cursos de TESP e de Mestrado. Mesmo a taxa de conversão entre primeiro colocados e depois matriculados foi muito elevada o que revela nos estudantes uma opção ponderada e consciente pela nossa escola e pela nossa oferta formativa.

Aumentou igualmente a área geográfica de onde provêm estudantes, o que constitui mais um sinal de qualidade e de relevo dos nossos cursos procurados. Posso ainda referir que se reforçou bastante a procura em cursos de licenciatura (+13.1%) e muito mais em TESP (+19,2%), daí que neste cenário não seja trivial identificar de entre os cursos da escola aquele com melhor desempenho absoluto.

Quanto à empregabilidade, para todos os cursos de licenciatura da Escola relativamente aos anos de 2018 e 2021 (segundo os dados disponíveis), a taxa média desemprego situou-se em 1,35%. É, portanto, um valor residual sem particular relevância como é aliás para os cursos de TESP da escola. Em termos absolutos, as áreas tecnológicas têm empregabilidade próxima dos 100% e reforçam habitualmente os indicadores de procura, sendo que se reforçam as evidências de que as famílias fazem as suas escolhas de ordem puramente racional baseadas nas (boas) perspectivas de empregabilidade dos cursos.

Quais são as grandes forças da Escola Superior de Gestão de Santarém?

Respondo da forma mais sintética de que sou capaz: A solidez do trabalho realizado ao longo dos 37 anos de actividade. A relevância e a robustez da nossa oferta formativa. O reconhecimento que entidades de todo o tipo fazem dos nossos estudantes graduados. O nível muito elevado de empregabilidade dos nossos estudantes que são fundamentalmente resultado do aproveitamento eficaz que fazem dos recursos e competências técnicas, científicas e profissionais existentes na escola. A dimensão da escola na justa medida que permite o reconhecimento dos estudantes pelo nome, ainda que a ESGT seja suficientemente grande para proporcionar um ambiente académico vibrante. A crescente introdução de tecnologias e práticas pedagógicas perante ambientes de ensino e de I&D.

Todos estes factores são verdadeiramente diferenciadores do nosso trabalho e são marcantes na experiência diária de todos os docentes, estudantes e funcionários e nessa medida definem os principais pontos fortes da escola.

Como perspectiva o futuro da Escola?

A perspectiva de crescimento puramente orgânico nas nossas instalações está colocada perante limites bastante rígidos e nessa medida poderá no imediato fazer-se apenas pela oferta deslocalizada de cursos de TESP ou pós-graduados em diferentes geografias de interesse regional. Como exemplo desse caminho posso indicar o sucesso da presença da ESGT em Vila Franca de Xira com um curso de TESP em Tecnologias e Programação de Sistemas de Informação.

Num futuro imediato, porque se apoia em trabalho que acaba de completar-se, foram desenhados dois novos cursos de mestrado em domínios de completa centralidade face ao trabalho de 1º ciclo/licenciatura. Esses cursos, conforme foram pensados, trarão respostas para os estudantes e para os empregadores mais adequadas e ao mesmo tempo reforçam grandemente o potencial científico da escola em registo de investigação fundamentalmente aplicada. Deste exercício ficaram ainda os fundamentos para reflexão interna quanto a áreas emergentes do conhecimento e quanto à forma de colocar os estudantes perante esse conhecimento.

Devo dizer que o aprofundar desta linha permitirá resultados mais ambiciosos e com maior vocação específica quanto aos domínios do saber em que escolhemos estar presentes e que o ritmo dessa trajectória dependerá apenas da forma como pudermos limitar os efeitos das restrições que já referi.

Considera que o Plano de Recuperação e resiliência poderá ser uma boa oportunidade para o IPSantarém e para a Escola?

O PRR é hoje um instrumento fundamental para o desenvolvimento da escola e nessa mesma medida do próprio IPSantarém. Permitiu a introdução de um quadro referencial claro que serviu internamente para organizar e reforçar a oferta formativa de curta duração e o desenho de oferta de tipo pós-graduado em diálogo com entidades que nos são externas. Daqui resultou fundamentalmente oferta nas áreas da inovação, da digitalização e da sustentabilidade dos negócios.

Também preparámos outros cursos em domínios ligados às tecnologias e aos sistemas de informação. Estes cursos foram pensados de forma modular, com percursos formativos flexíveis e pretendem conciliar-se com as necessidades dos adultos e do tecido empresarial em articulação com os próprios objectivos do programa impulso adulto.

Colocou ainda os meios financeiros necessários para o desenvolvimento dessas iniciativas e assim deve entender-se como um acelerador desse trabalho. Aqui chegados, importa sedimentar e consolidar essas iniciativas para que se estabeleçam pelos seus efeitos positivos de forma duradoura na região.

Que marca quer deixar na sua presidência?

Não tenho qualquer pretensão de construir em minha gloria num registo puramente pessoal. Uma escola precisa da inteligência colectiva e da participação generalizada de todos na construção das soluções. Naturalmente que compreendo o relevo das funções de director e o papel que especificamente me compete e nessa medida procuro tomar a iniciativa e desafiar diariamente a comunidade académica para a identificação de soluções que melhor sirvam a escola, os alunos e o interesse comum. Nestes termos, o que pretendo colocar em evidência é a minha resolução em cumprir os desafios institucionais que estão no nosso trajecto, fazendo-o com um sentido de urgência e de compromisso com o desenvolvimento da Escola.

Que mensagem quer deixar neste Aniversário da Escola?

A escola renasce em cada ano com a ambição fundadora. Quero deixar uma mensagem de confiança no futuro junto de todos na comunidade académica considerando que a escola está diariamente colocada perante exemplos verdadeiramente inspiradores. Os 37 anos de aniversário representam uma nova etapa no trajecto de qualificação de mais uma geração dos estudantes que cumprem as suas expectativas académicas e profissionais connosco. O trabalho empenhado e dedicado de todos na comunidade académica constitui a referência fundamental no cumprimento da nossa missão. Votos de parabéns e longa vida à nossa Escola!

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