Filipa Ribeiro Pereira, natural de Almeirim onde viveu toda a sua infância, lançou recentemente o seu segundo romance: “Chovem Cravos em Paris”. Licenciada em Direito e com um mestrado em Direito Penal, a autora foca-se na voz das vítimas. É apaixonada por causas sociais e humanitárias. Em Atenas foi voluntária em contexto de missão junto de refugiados. Viveu em Paris onde estagiou no Consulado de Portugal da cidade. Uma cidade que a fez despertar, de novo, para a beleza da arte, da literatura e das histórias. Com apenas 17 anos, lançou o seu primeiro romance “Onde param os Anjos”.

A Filipa lançou recentemente o seu segundo romance “Chovem Cravos em Paris”. O que retrata esta obra?
Este romance retrata a vida misteriosa de uma artista residente em Paris. Esta artista, Marie Hélène de la Croix, perde a inspiração para criar, entrando assim numa fase de bloqueio e algo depressiva. A história de vida desta artista é uma incógnita para aqueles e aquelas que com ela coabitam e que lhe são queridos. É, contudo, com a chegada de um estranho homem que se abre um novo capítulo na sua vida artística e, quiçá, significará um novo rumo e imensas revelações sobre a sua existência.

Qual foi a inspiração para escrever este romance?
Paris! O mundo da arte. A paixão pela cultura e pela criação. Além disso, o gosto pela História, pelas nossas raízes e pela emancipação feminina. Por outro lado, os meus antepassados, São Vicente do Paúl, Santarém, de onde é oriunda parte da minha família, bem como alguns episódios que me foram narrados e que, em parte, são homenageados nesta história.

Em que altura da sua vida descobriu a vocação para a escrita?
Eu comecei a escrever pequenos poemas com oito anos. Mas penso que foi sobretudo com o impacto das primeiras histórias que fui escrevendo, assim como com os trabalhos escolares (composições, na disciplina de Língua Portuguesa) que comecei a entender a real paixão que tinha e tenho, assim como o meu potencial para imaginar enredos e compor uma história. A poesia também está sempre presente e procuro partilhar os meus poemas nas redes sociais. A poesia deve ser devidamente valorizada, apreciada e amada.

Como é o seu processo criativo?
Escrevo muito por impulso. Ainda assim, quando vivi em Paris, porventura pelo estímulo constante, escrevia com imensa regularidade. Foi, aliás, em Paris que concluí este romance. Penso que isso fez toda a diferença, porque viver Paris é diferente de visitar Paris. Mas, em geral, sou muito guiada pelo estímulo, pelo impulso.

O que representa para si a escrita?
É a minha forma de viver e ver a vida. A minha arte, a minha forma de expressão e crítica social. Em suma, é onde encontro o maior potencial da liberdade de expressão. Criar histórias e personagens é algo incrível.

Tem algum tema predominante nos seus livros?
Crítica social. Justiça e liberdade. O sonho. Amor e resiliência. Histórias de vida inspiradoras. Diria que, até hoje, são estes os temas predominantes.

Considera que um livro pode mudar uma vida?
Sim, pode mudar. Muda a nossa perspectiva face às nossas experiências e quanto a nós mesmos. Torna-nos mais informados e mais abertos. Torna-nos mais humanos e sensíveis às dores dos outros. Tornamo-nos mais conscientes face aos problemas sociais e mundiais que persistem.

Tem outros projectos em carteira que gostaria de dar à estampa?
Tenho. Um deles, inspirado nas vidas das pessoas refugiadas que conheci em Atenas (onde fui voluntária durante um mês). O outro, é sobre muitas coisas que a sociedade sempre procurou esconder e castigar. Será uma história em que procurarei ser mais ousada.

Um título para o livro da sua vida?
“Batalha”. A vida é, de facto, uma batalha.

Viagem?
Muitas. Adoraria ir ao Japão e à Austrália.

Música?
Muitas, mas vou nomear “Amar pelos dois” de Salvador Sobral, composição de Luísa Sobral. É uma pérola da música portuguesa. Também adoro Édith Piaf, bem como as músicas de Yann Tiersen. As melodias que me acompanharam em Paris e que me foram inspirando para concluir o romance.

Quais os seus hobbies preferidos?
Séries, filmes, ler, viajar, ouvir música. Gosto muito de ir ao cinema e ao teatro.

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