A Frimor – Feira Nacional da Cebola volta a realizar-se entre os dias 1 a 5 de Setembro, na envolvente e no Pavilhão Multiusos de Rio Maior. O certame será adaptado aos tempos actuais, com limitação de pessoas em espaços pwor metro quadrado, obrigatoriedade de apresentação de certificados ou testes e as medidas de distânciamento recomendada pelas autoridades de saúde. Depois de um ano e meio de pandemia, o Municipio de Rio Maior decidiu que todas as receitas do evento irão reverter a favor da Cruz Vermelha Portuguesa e dos Bombeiros Voluntários de Rio Maior, num acto de solidariedade para com aqueles que tanto fizeram no último ano e meio. As habituais tasquinhas dinamizadas pelas associações do Concelho irão marcar presença, assim como a exposição do sector agroalimentar e os concertos de Sons do Minho, Pólo Norte, Amor Electro e Resistência.
Em entrevista ao Correio do Ribatejo, Luís Santana Dias, presidente da autarquia, destaca a elevada taxa de vacinação como factor preponderante para a realização do certame e que a decisão de avançar é também uma forma de devolver aos riomaiorenses uma feira com mais de dois séculos de história.
Quais serão as grandes novidades da Frimor deste ano?
A Frimor deste ano marca a retoma dos grandes eventos a Rio Maior. Obviamente que será uma edição com cuidados, precauções extraordinárias e respeitando todas as normas da DGS. Mantemos a linha que temos vindo a dar à mais antiga feira do concelho, boa música, boa comida e exposição agro-alimentar com o que de melhor se produz no nosso concelho. Teremos também obviamente um grande destaque para os ceboleiros que vêm mais uma vez a Rio Maior vender a rainha deste certame, a cebola. Existirá a habitual feira franca, bem como a exposição de alguma maquinaria agrícola e produtos relacionados com o sector. Temos vindo a melhorar em muito o panorama musical desta feira, e este ano o cartaz é de verdadeiro luxo, de dia 1 a 4 de Setembro teremos Sons do Minho, Pólo Norte, Amor Eletro e Resistência. Rio Maior, como o resto do País, está ávido de poder usufruir de actividade cultural, de voltar a ter actividades em comunidade. Apesar de todos os constrangimentos existentes, teremos condições para, em segurança, poder voltar a juntar os riomaiorenses.
Referiu que a elevada taxa de vacinação no concelho foi decisiva para voltar a realizar o certame. Que restrições terá e como será feito o acesso por parte do público?
A elevada taxa de vacinação do concelho, foi factor determinante para a tomada de decisão de realizar a feira, e pese embora todas as limitações, creio ser a escolha acertada devolver uma feira com mais de dois séculos de história a todos os riomaiorenses. Respeitando na íntegra as condições impostas pela DGS, que foi envolvida na programação da feira desde o seu início, teremos restrições ao número de pessoas presentes em qualquer espaço da feira. Esta limitação será mais expressiva nos espaços fechados, como é o caso do pavilhão multiusos. Existirá a obrigação de apresentação de certificado de vacinação ou de teste à Covid-19 (válido) para participação, quer no interior do espaço de concertos, quer no interior do pavilhão da feira. O município disponibilizará, em parceria com a Cruz Vermelha Portuguesa, delegação de Rio Maior, um posto móvel para realização de testes rápidos que poderão ser feitos sem custos para os interessados. A todos aqueles que decidam visitar a nossa feira, e pelas condições impostas, pediria que pudessem programar a sua chegada ao evento de forma atempada para que tudo corra pelo melhor. Instalámos no nosso pavilhão e no espaço de concertos, equipamento que permitirá a cada momento, saber quantas pessoas se encontram dentro dos recintos e portanto, cumpridores que seremos de todas as normas, seguramente que chegaremos a um ponto em que teremos de aguardar que alguém saia do espaço para podermos entrar. Pedia a todos a compreensão para este facto.
As receitas deste evento vão reverter a favor da Cruz Vermelha Portuguesa e dos Bombeiros Voluntários de Rio Maior. É indispensável apoiar estas associações nos tempos que vivemos?
Estas associações são o garante do nosso bem estar e são elas que permitem que os riomaiorenses possam dormir descansados. É graças ao seu excelente e abnegado trabalho que Rio Maior pode confiar inteiramente nas suas forças de socorro. Foram, durante estes tempos ‘pandémicos’ que vivemos, os verdadeiros soldados na linha da frente a esta pandemia. Apoiar estas instituições não deve ser uma realidade apenas nestes tempos que vivemos, mas sim uma constante. Tenho a sorte de poder contar no meu concelho com instituições de excelência, lideradas por pessoas com um grande compromisso com o serviço público e que por todas as razões me merecem constante preocupação e apoio. Rio Maior tem sabido ser grato a estas instituições, que gozam de grande reconhecimento por parte da população. Seja na atribuição de apoios financeiros, ajuda na compra de viaturas, celebração de protocolos com várias vantagens para os seus voluntários ou parcerias durante os eventos que realizamos. Tenho tentado que estas organizações não sintam falta de nada para o cumprimento da sua missão.
Que importância tem hoje a Frimor para o concelho?
A Feira Nacional da Cebola, é o certame mais antigo do concelho, trazendo por isso mesmo grandes recordações aos nossos mais velhos, dos tempos em que as pessoas se deslocavam das aldeias, para aqui poderem vir fazer as compras para as suas actividades agrícolas, bem como para poderem vender o resultado das suas produções. Aqui eram vendidos todo o tipo de bens, numa feira que se espalhava por toda a cidade e que fazia a alegria de miúdos e graúdos. Hoje, esta feira é necessariamente diferente. A agricultura de subsistência é uma realidade já distante para a esmagadora maioria dos cidadãos, o acesso aos produtos necessários à agricultura é permanente e realizado através de trocas comerciais modernas. Por tudo isso, este evento sofreu algumas alterações ao longo dos anos, pois para além da tradicional venda da cebola, poucos pressupostos da feira original se mantêm. A história recente da feira passou, como disse, por diversas transformações, desde mostra de carnes certificadas, a festival do porco e do frango, enfim, várias tentativas existiram para revitalizar um evento que nos seus moldes originais era praticamente impossível ser realizada. No entanto, a comunidade Riomaiorense está intimamente ligada à sua Feira da Cebola e jamais poderá passar pela cabeça de qualquer pessoa que esteja na liderança do município terminar com este evento. A história da Feira da Cebola, cruza-se e “confunde-se” com a própria história do concelho, e menosprezar esta feira seria menosprezar aquilo que nos identifica como povo. Hoje, a feira tem uma importância vital na divulgação do que de melhor se faz em Rio Maior no sector agro-alimentar, trazendo também à comunidade, um espaço e momento de encontro, onde se pode comer bem, ter excelente oferta cultural e obviamente comprar o tradicional cabo de cebolas. A Frimor é hoje sem dúvida muito diferente do que foi outrora, sendo uma feira em constante actualização. O saudosismo dos riomaiorenses, merece ser respeitado, e espero poder em anos próximos apresentar uma recriação histórica que traga aos riomaiorenses o reviver dos tempos de outrora, criando um ambiente diferenciador para nós e para quem nos visita.
Qual foi o investimento previsto?
Aquando a elaboração de orçamento anual, e porque todos idealizámos que em Setembro já estaríamos completamente livres de pandemia, cifrámos o orçamento desta feira em cerca de 198.000 euros. Com as alterações impostas, tivemos obviamente de conter algumas das actividades que tínhamos propostas, e julgo ser seguro dizer que o custo real do evento será bastante menor.
Este evento continua a ser estratégico em termos da promoção do desenvolvimento económico e turístico do concelho?
Sem dúvida, é nosso hábito aproveitar este evento, e como disse anteriormente, para promover todo o nosso sector agro-alimentar. Rio Maior tem produtos e produtores de excelência neste sector, desde os vinhos, aos doces, ao pão, passando pelo azeite pelos queijos, enfim, Rio Maior nesta área de produção está muito bem e recomenda-se. Os tempos que vivemos, com grande constrangimento em todo o mercado HORECA, abalou significativamente o negócio de todas estas empresas, pelo que hoje, mais do que nunca, é preciso desenvolver actividades e estratégias que permitam alcançar o maior número de pessoas possível, alavancando a comunicação destas empresas. Do ponto de vista turístico, diria que é quase obrigatório numa visita à frimor, acabar o dia com um café e um filhós nas Marinhas do Sal ou desfrutar de uma visita à nossa Villa Romana, vendo por-se o sol numa caminhada no novo Parque do Rio. É sem dúvida um evento que traz muita gente a Rio Maior e que promove o nome do nosso concelho muito para além das nossas fronteiras.
Assumiu a presidência da Câmara há cerca de dois anos e vai candidatar-se pela primeira vez ao cargo. Porque é que assume este desafio?
Confesso que é uma questão cuja resposta daria para escrever um livro. Há 12 anos que me dedico inteiramente à vida pública riomaiorense, que juntando a mais quatro anos em que fiz parte do executivo da Isaura Morais na Junta de Freguesia de Rio Maior, perfaz 16 anos de vida autárquica. Tem sido uma jornada fantástica poder ajudar a crescer e a desenvolver a terra que me viu nascer e que escolhi para viver e criar as minhas filhas, em segurança e com qualidade de vida. Nos últimos dois anos, tive a oportunidade de, enquanto presidente de Câmara, poder implementar alguns projectos e realizar algumas acções, que acredito terem iniciado a transformação de Rio Maior. Conheço bem a nossa história, também as nossas gentes, e acredito que estava na hora de Rio Maior, voltar a ganhar este sentimento de pertença, este orgulho inexplicável de ser riomaiorense. De entre tantas coisas que tentei fazer e que felizmente consegui, creio que foi essencial tocar em alguns pontos do nosso concelho que devolveram aos riomaiorenses aquilo que nos torna tão únicos, e que há tantos anos estava esquecido. O expoente máximo desta recuperação, foi a devolução à população do Rio que nos dá nome, com a construção do Parque do Rio, e com a limpeza para posterior requalificação da nossa antiga central eléctrica. Ver riomaiorenses da idade dos meus pais, de lágrima no olho, porque recuperámos património que não estava sequer visível há várias décadas, é para mim motivo de orgulho inexplicável. Obviamente, que também em todas as outras áreas desenvolvemos muitas coisas, no panorama desportivo, cultural, desenvolvimento económico, enfim, tentei durante estes dois anos trazer uma nova visão para Rio Maior a que quero continuar a dar corpo. Sinto que dois anos é muito pouco tempo para implementar um projecto para Rio Maior, e porque acredito que reúno condições para poder continuar a ajudar a desenvolver Rio Maior, decidi aceitar o convite que me foi endereçado para liderar esta candidatura à Câmara Municipal da terra que me viu nascer e que me ajudou a ser homem.
Recentemente foram inaugurados vários projectos na cidade e no concelho, como por exemplo a zona ribeirinha do Rio Maior e a Villa Romana. Este tipo de obras são importantes para dinamizar a cidade e o concelho?
Sem dúvida, estas são obras de grande significado para a cidade, são como alguém apelidou, obras de regime. São obras que, concluídas, catapultam a cidade para outros patamares, trazendo qualidade de vida a quem aqui reside e tornando a cidade mais atractiva para aqui poder fixar mais pessoas. A valorização da cidade faz-se com projectos que a dignifiquem e a dinamizem, a todos os níveis. Um concelho, deve desenvolver-se harmoniosamente, tenho a sorte e a especial honra de ser presidente de um concelho onde a qualidade de vida é um ponto forte de atractividade. Sonho com um concelho onde o desenvolvimento económico e a criação de riqueza, seja compatível com a qualidade na saúde, no ensino, na oferta cultural, no ambiente. Hoje podemos com conforto dizer que muito há por fazer, mas não temos dúvida que Rio Maior está no bom caminho.
Rio Maior é palco de campeões. A aposta no desporto vai continuar a ser predominante no futuro?
Sem dúvida. O desporto foi o ‘cluster’ de diferenciação em bom tempo seguido por executivos anteriores, em que o Dr. Silvino Sequeira teve um papel altamente competente, uma visão estratégica ampla, avançada e uma capacidade de execução invejável. Daí para cá foram dados passos importantíssimos no desenvolvimento desta máxima de Rio Maior, Concelho do Desporto. O executivo liderado por Isaura Morais, soube aproveitar o que de melhor tinha recebido, profissionalizando e ajustando a gestão das infra-estruturas desportivas, nomeadamente com uma profunda alteração na empresa municipal Desmor. Esta reestruturação, permitiu não só cimentar o nome de Rio Maior no panorama desportivo nacional, como ainda promoveu uma forte componente internacional da empresa, atraindo selecções e federações de todo o mundo, que encontram em Rio Maior condições excelentes para as suas preparações. É esta aposta que pretendo manter, tentando ainda dar os passos seguintes no que ao desporto diz respeito. Rio Maior, vive num ecossistema perfeito para que o desporto não esteja cingido à sua prática, e para que possa atrair actividades paralelas à prática desportiva. Dou-lhe um exemplo, se Rio Maior tem uma das melhores academias ligadas ao desporto, se tem infra-estruturas de excelência neste âmbito, porque razão não há-de ambicionar a que parcerias possam ser celebradas com variadíssimas empresas, para que aqui seja feita a sua Investigação&Desenvolvimento? Alargar os horizontes desta visão do desporto, é o passo que quero dar de seguida e creio que temos todas as condições para isso.
Que cidade e concelho deseja deixar no futuro?
Mais uma questão que daria um grande livro, mas que responderei de forma simples. Rio Maior, tem provado ao longo dos tempos ser um concelho com uma capacidade de ultrapassar as suas dificuldades com muita elevação e capacidade de superação. Como disse anteriormente, quero que o meu concelho seja economicamente próspero, onde a riqueza seja gerada, mas sem nunca comprometer a qualidade de vida daqueles que aqui vivem ou que decidirão viver. Um concelho que tenha na educação de qualidade a base da construção da sua sociedade, que seja seguro, que seja culturalmente rico e activo, que respeite a sua história e sobretudo as suas gentes. De forma muito resumida e apenas numa frase, gostaria de deixar no futuro, um concelho que honrasse e respeitasse os nossos avós e que abraçasse os nossos filhos e netos, dando-lhes a certeza de um futuro próspero e risonho.