Óscar Rodrigues é natural de Arneiro das Milhariças, concelho de Santarém. Desde muito cedo que é um admirador nato do papel dos Bombeiros, na sociedade, e apaixonado pela fotografia. Assim, decidiu ligar estas duas paixões, desenvolvendo um trabalho como poucos existentes em Portugal. Colabora com a Protecção Civil e com vários órgãos de comunicação sociais, nacionais e internacionais.
Em entrevista ao Correio do Ribatejo, recorda o incêndio de Pedrogão Grande como um momento que gostaria de não ter fotografado e admite que há imagens que preferiu guardar para si mesmo. Para Óscar, a Protecção Civil, começa em cada um de nós e refere que a população ainda tem falta de cultura nesta área, destacando que a velha máxima “Mais vale prevenir, do que remediar…” ainda continua actual. Apesar de considerar que Portugal continua a ser um País ‘inflamável’ reconhece que está cada vez mais preparado para enfrentar o fenómeno dos incêndios florestais.

O Óscar aliou a paixão dos bombeiros à fotografia. Como é que começou este percurso?
Este percurso começou inicialmente com o fascínio pelos bombeiros e pelo trabalho que desenvolvem, pois vivo numa aldeia que desde há muitos anos, é fustigada por incêndios florestais. Se desde miúdo que interagia com os bombeiros nesses mesmos incêndios, porque não registar essas mesmas interacções? Em 2007 decidi comprar uma máquina fotográfica, e daí, com as oportunidades que foram surgindo, comecei também a apaixonar-me pela fotografia. Pelos próprios meios, reparei que tinha “olho” para a fotografia e essa paixão foi evoluindo até aos dias de hoje.

Teve desde sempre esta vocação para a fotografia?
As máquinas fotográficas sempre me fascinaram, mas a vocação para a fotografia, surgiu, com resultados positivos, já nos finais de 2007.

Neste caso há imagens que gostaria de não ter fotografado?
Infelizmente sim. Recordo o fatídico incêndio de Pedrogão Grande, em 2017, em que estive presente. Mas admito que existem inúmeras vezes, que não fotografo esses momentos. Prefiro guardá-los comigo apenas.

É reconhecido pelos seus pares como um dos melhores fotógrafos nesta área. O que foi necessário para chegar ao patamar onde se encontra?
Este é um patamar que dá bastante trabalho, em diversos níveis. Trabalhar com todo o sistema de Protecção Civil requer conhecimento, humildade, interação, paciência, sempre acompanhados da constante evolução. Não pode faltar o espírito de abnegação, destreza e aventura, essenciais ao cumprimento das missões que acompanho.

Qual foi a foto que lhe deu mais ‘luta’ e qual foi a melhor experiência enquanto fotógrafo deste tipo de fenómenos?
Não tenho nenhuma em especial. Nesta área, a maior parte das fotografias dão bastante luta para poderem ser realizadas. Enquanto fotógrafo deste tipo de fenómenos, e que, infelizmente vejo muitos momentos tristes, a melhor experiência é colocar um sorriso na cara de alguém, directamente afectado por esse mesmo fenómeno.

Onde vai buscar inspiração para o seu trabalho?
A inspiração alia-se à paixão pela área. Uma fonte inesgotável que trago comigo e aparece espontaneamente.

Qual a sua opinião acerca da evolução tecnológica que se verifica ao nível da fotografia?
A fotografia passou a ser acessível, fácil e intuitiva para todos. A nível de equipamentos fotográficos, desde a evolução de software das próprias máquinas fotográficas, mas também dos equipamentos moveis, tais como os telemóveis, que muitas vezes já fotografam muito bem, com eficácia e rapidez. Passaram a ser um quotidiano de todos.

Considera Portugal um País preparado na área da protecção civil?
De facto, a Protecção Civil, começa em cada um de nós. Falta-nos, como cidadãos, ainda um pouco de cultura de Protecção Civil e gostamos de apontar o dedo à casa do lado, quando nos esquecemos da nossa. A nível de meios/estrutura, estamos em constante movimento e evolução, pelo que acho que estamos preparados.

Que falta fazer nesta área?
Falta aproximar (ainda mais) e envolver cada cidadão, como agente de protecção civil. Nos últimos anos tem sido patente, na temática dos incêndios florestais, que é impossível colocar cada viatura de bombeiros, por cada habitação. Somos um país inflamável e nas aldeias ainda nos esquecemos disso. A tragédia espreita a cada segundo que passa. A velha frase do “Mais vale prevenir, do que remediar…” continua actual, e deve ser aplicada sempre que possível.

Que conselhos daria a quem quer iniciar uma carreira na fotografia?
Depende da área em que se vão focando. Aconselho sempre a serem inovadores, resilientes, humildes e educados. Não aconselho nenhum equipamento em especial. Todos os equipamentos são bons, dependendo para a área em que queremos que eles sirvam. A fotografia é um mundo em que se fazem amigos e se formam conhecimentos fantásticos. O sucesso depende de cada um.

Alguma vez viu o seu trabalho ser reconhecido fora do país?
Sim. Praticamente, todos os anos, desde artigos na imprensa Alemã, Polaca, Sueca, e até Chinesa. Para além de prémios internacionais de fotografia no Canadá, Turquia e Itália.

Leia também...

“Estamos a trabalhar para que a Feira do próximo ano seja realmente impactante”

A edição de 2020 da Feira Nacional de Agricultura (FNA) em Santarém…

“A tudo e a todos, o Serviço dá resposta e fornece os necessários medicamentos e tratamentos”

João Cotrim, director do Serviço Farmacêutico do Hospital Distrital de Santarém (HDS),…

“Acredito no progressivo empenho dos jovens na luta pelos valores de Abril”

Antifascista da Resistência, João Luiz Madeira Lopes é um exemplo de combatividade,…

“O tratamento é um aspecto crucial na gestão clínica desta doença complexa”

Filipe Palavras, responsável da delegação de Santarém da Sociedade Portuguesa de Esclerose…