Foto de Arquivo
Foto de Arquivo

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) está a avaliar o destino a dar aos efluentes presentes na Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Fabrióleo, em Torres Novas, unidade que está a ser desmantelada.

Em resposta escrita à Lusa, a APA sublinha que o processo de desmantelamento de todas as instalações da empresa de óleos alimentares, incluindo a ETAR, “se encontra a cargo do administrador da insolvência”, estando esta agência do Ministério do Ambiente a “efetuar as diligências necessárias para a remoção dos efluentes presentes” apenas na Estação de Tratamento de Águas Residuais.

Segundo a fonte, foram “já efectuadas várias colheitas de efluente presente na ETAR para caracterização e avaliação de qual o destino adequado para tratamento do mesmo”.

“Paralelamente, a APA tem mantido contactos e acompanhamento dos técnicos do Centro Integrado de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos, do Sistema Integrado de Tratamento e Eliminação de Resíduos, S.A (CIRVER SISAV) à ETAR da Fabrióleo, para avaliação dos procedimentos necessários para recolha do efluente, em segurança, e possíveis formas de tratamento, assim como os respetivos custos associados”, acrescenta.

Em fevereiro, em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, afirmou que o esvaziamento da ETAR estava estimado em 1 milhão de euros, discutindo-se na altura quem iria assumir esses custos.

A APA afirma que, nas visitas técnicas efetuadas, se verificou que o efluente está “contido nos tanques da ETAR e a linha de água não apresenta quaisquer vestígios de escorrências”, não confirmando alertas de associações ambientalistas locais, segundo os quais a ETAR “se está a desmoronar” por corrosão do metal, com vestígios de escorrências.

O desmantelamento da ETAR da fábrica, unidade mandada encerrar em 2018 depois de várias denúncias de crimes ambientais, é uma parte de um passivo que continua por resolver, havendo ainda 13 depósitos, entregues a um credor numa decisão judicial, sem indicação de quem suportará os custos da retirada dos produtos tóxicos aí armazenados.

Na resposta à Lusa, a APA explicita que foi enviado ao Ministério Público do Juízo Local de Torres Novas o pedido de execução judicial da coima de 400.000 euros e das sanções acessórias aplicadas pelo Tribunal à Fabrióleo.

Na sequência das contraordenações ambientais muito graves decididas pela APA em 2021, a empresa foi condenada, em cúmulo jurídico, no pagamento de uma coima única no valor de 400.000 euros e na sanção acessória de suspensão da Licença de Utilização de Recursos Hídricos.

Foram ainda impostas à empresa uma série de medidas para prevenir o abandono e degradação das instalações e os efeitos nocivos ao ambiente, bem como para reposição da situação anterior e minimização de impactes ambientais, garantindo, nomeadamente, a não ocorrência de descargas acidentais para o solo e meio hídrico.

A condenação teve origem em duas infrações detetadas em 2015 em fiscalizações do Núcleo de Proteção Ambiental da GNR, e noutras duas de 2017, resultantes de ações inspetivas da APA/ARH (Administração da Região Hidrográfica) do Tejo e Oeste.

Em causa estavam práticas como a rejeição de águas degradadas diretamente para um terreno de montado situado junto à fábrica, que apresentava alguns sobreiros secos nos locais onde passavam as escorrências, e a existência de uma construção em betão junto à ETAR que se estendia até cerca de dois metros da ribeira do Pinhal.

Após a primeira ordem de encerramento, em 2018, a Fabrióleo interpôs uma providência cautelar, que foi julgada improcedente pelo Tribunal Central Administrativo Sul em junho de 2020, tendo, então, o IAPMEI (Agência para a Competitividade e Inovação) reiterado a obrigação de cessação da atividade naquela unidade.

Na ordem de encerramento emitida em 2018, o IAPMEI alegava que a Fabrióleo não cumpria “a legislação relativa ao Sistema de Indústria Responsável, nomeadamente no que diz respeito às normas ambientais e de ordenamento do território”.

Leia também...

Músico dos Santos & Pecadores morre vítima de acidente de trabalho em Tremez

Rui Martins, um dos músicos da banda Santos & Pecadores, morreu na…

Médico detido por abuso sexual de menores

Um homem de 27 anos foi detido esta manhã no Bairro de…

Alterações ao Código da Estrada entram em vigor amanhã com multas agravadas

As alterações ao Código da Estrada aprovadas em Novembro entram na sexta-feira,…

O amargo Verão dos nossos amigos de quatro patas

Com a chegada do Verão, os corações humanos aquecem com a promessa…