A candidata do BE à Câmara de Santarém nas autárquicas deste ano, Fabíola Cardoso, apresentada hoje pela líder bloquista como “das mulheres mais corajosas” que conhece, apresentou o combate ao conservadorismo como uma das bandeiras da sua candidatura.
Falando na apresentação das candidatas à câmara, Fabíola Cardoso, à assembleia municipal, Filipa Filipe, e à União de Freguesias da Cidade de Santarém, Teresa Nascimento, na praceta Amarela, no populoso Bairro de S. Domingos, a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, assegurou que esta equipa é “o espelho” daquilo que o Bloco defende.
“Apresentamo-nos às eleições autárquicas porque gostamos de viver aqui, porque queremos uma comunidade forte que se cuida e que é exigente”, afirmou Catarina Martins, sublinhando que, depois da “terrível crise” pandémica da covid-19 “nada será como dantes” nem as eleições autárquicas estão decididas à partida.
Numa sessão que contou com a presença de um grupo de trabalhadores imigrantes, Fabíola Cardoso, professora de Biologia e Geologia e actual deputada na Assembleia da República, lançou o lema da candidatura bloquista aos órgãos autárquicos escalabitanos, “Uma Terra para Tod@s”, que tem como primeira bandeira o combate ao conservadorismo e a inclusão de todas as comunidades migrantes que vivem no concelho.
Contando como, há 25 anos, quando chegou a Santarém para dar aulas, procurou em vão um lugar para um piquenique junto ao Tejo, sem que nada tenha mudado desde então, a candidata apontou a protecção do ambiente como outra bandeira, com destaque para o rio, mas também para as opções que o concelho tem tomado de “ser o esgoto das suiniculturas que outros concelhos rejeitam”.
Considerando que a zona ribeirinha de Santarém “envergonha”, pelo tanto que permitiria realizar, em termos ambientais, culturais, científicos, turísticos, Fabíola Cardoso lamentou ainda a ausência de políticas para travar a crescente perda de população do concelho e a saída dos mais jovens por falta de oportunidades.
Entre as prioridades apontou também a necessidade de promover a mobilidade suave na cidade, a cobertura de todo o concelho com transportes públicos e a aposta na ferrovia para as deslocações pendulares para a Área Metropolitana de Lisboa.
Criticando o executivo social-democrata liderado por Ricardo Gonçalves de ter prosseguido uma “agenda ideológica mercantilista”, na política de concessão dos serviços públicos a privados, desde a cultura ao crematório e só não do mercado municipal porque essa pretensão foi chumbada na assembleia municipal, Fabíola Cardoso comprometeu-se a defender “serviços municipais de qualidade”.
Por outro lado, defendeu uma política de habitação camarária, com rendas justas, nomeadamente no centro histórico, e o envolvimento das instituições do ensino superior e científicas para que Santarém seja capaz de “criar riqueza e não ricos”.
A equipa hoje apresentada prometeu continuar o diálogo com as pessoas que habitam o concelho, sublinhando que a candidatura assenta numa “aliança cidadã”.
Nas eleições autárquicas de 2017, o PSD, liderado por Ricardo Gonçalves, conquistou cinco dos nove mandatos (43,2%), sendo os restantes quatro eleitos do PS (34,1%).
A CDU teve 7,6% dos votos, o CDS-PP 5,4% e o BE 4,1%, num concelho que em 2017 tinha 51.718 eleitores inscritos.
Sem eleitos no executivo municipal, o BE elegeu um deputado municipal, lugar que foi exercido de forma rotativa, com a candidata Filipa Filipe, psicólogo clínica e candidata à câmara municipal em 2017, a assegurar que assim continuará a ser.
Em 2017, o BE elegeu ainda um elemento para a Assembleia da União de Freguesias da Cidade de Santarém, lamentando a agora candidata, Teresa Nascimento, que o orçamento participativo proposto pelo partido e aprovado nunca tenha sido posto em prática pelo executivo social-democrata da freguesia.
Para as autárquicas deste ano, foram até ao momento anunciadas as candidaturas à Câmara de Santarém de Ricardo Gonçalves (PSD), Manuel Afonso (PS), André Gomes (CDU), Fabíola Cardoso (BE) e Pedro Frazão (Chega).
Com 18 freguesias, Santarém tinha, no final de 2019, registados 57.421 residentes (62.200 nos Censos de 2011).
Em 2017 votaram 27.776 eleitores dos 51.718 que se encontravam registados.