Cartaxo, 1 de Maio de 2023, às 16 horas – Corrida à Portuguesa. Cavaleiros: Miguel Moura, João Salgueiro da Costa e Tristão Telles de Queiroz (Praticante); Forcados: Académicos de Elvas, Amadores de Arruda dos Vinhos e Amadores do Cartaxo; Ganadaria: Eng.º Jorge Carvalho (505, 460, 480, 500, 590 e 510 kgs.); Director de Corrida: Manuel Gama; Médico Veterinário: Dr. José Luís Cruz; Tempo: Ameno; Entrada de Público: Cerca de ¾ da lotação da Praça.

Em data festiva para a cidade, que assim celebrou a importância dos vinhos que lhe deram tanta fama, teve lugar no tauródromo cartaxeiro, como vem sendo hábito desde há algumas temporadas, uma corrida de toiros à portuguesa pautada por um cartel de jovens marialvas que disputam um lugar cimeiro entre os seus pares, e que tudo fazem para justificar estas oportunidades, o que resulta em favor do público que, deste modo, pode beneficiar do maior empenho dos toureiros.

Outro tanto, aliás, se poderá dizer a propósito dos rapazes das jaquetas de ramagens que, mesmo sem qualquer troféu em disputa, se esmeraram em gravar nos respectivos historiais a letras de oiro a actuação desta tarde.

Para o sucesso de todos muito contribuiu a qualidade dos toiros apresentados pelo ilustre ganadeiro Eng.º Jorge Carvalho, que após a lide do último toiro da tarde deu aplaudida volta à arena, o que se justifica, pois, os toiros lidados nesta tarde cumpriram na generalidade com nota elevada.

Miguel Moura lidou bem o seu primeiro oponente, um toiro que andou algo distraído, dificuldade que o ginete alentejano logrou superar, impondo-se numa lide muito segura tecnicamente, valorizada aqui e além com vistosos detalhes de brega e com correcta colocação da ferragem, aprimorando-se no valoroso palmito com que rematou esta lide.

O quarto da tarde foi um toiro muito cumpridor, porém o marialva de Monforte tardou a concluir que aquele não acudia aos cites largos, pelo que apenas após mudar de montada, e haver encurtado as distâncias, consumou uma grande faena, evidenciando as excelentes condições do toiro. Os últimos ferros foram de apoteose, com os detalhes da escola mourista a consagrarem esta bela actuação, que o respeitável não se cansou de aplaudir.

João Salgueiro da Costa andou em muito bom plano em toda a tarde, privilegiando sempre as sortes frontais, reunindo em terrenos de muito compromisso. Quando se respeitam as regras do toureio tudo se torna mais fácil e o jovem Salgueiro da Costa sabe bem o partido que pode tirar dos seus oponentes quando os cita nos terrenos adequados, lhes consente a primazia da investida e, depois, crava a ferragem em sortes plenas de emoção. Os toiros que lhe couberam em sorte cumpriram satisfatoriamente, no entanto não é despicienda a qualidade do labor de Salgueiro da Costa para rubricar tão interessantes lides. Na retina dos aficionados ficou, seguramente, o último ferro da sua actuação, verdadeiramente portentoso.

O mais jovem dos três marialvas, Tristão Telles de Queiroz, apesar de ainda ter o estatuto de praticante, bate-se de igual para igual com os respectivos alternantes e não abdica de os incomodar quando tal é possível. Não ignoramos alguns toques que consentiu nas suas montadas, resultantes de algum equívoco nas distâncias e nos andamentos, porém o que fez de importante ao nível da brega e da colocação de valorosa ferragem é tão significativo que o resto não passa de detalhes, a corrigir nos próximos treinos. E se tem bons mestres para o fazer… Na nossa memória ficam alguns ferros curtos, cravados em sortes de imenso compromisso e rematados com muita vibração e entusiasmo. Uma vez mais o jovem Tristão deu indicações de que poderá marcar para breve a alternativa e as figuras que se cuidem.

Os rapazes das jaquetas de ramagens estiveram em bom plano. É certo que os toiros do Eng.º Jorge Carvalho também não lhes dificultaram muito a missão, mas, ainda assim, não complicar o que se afigura fácil já tem muito mérito.

Pelos Académicos de Elvas foram solistas Gonçalo Machado, que consumou pega fácil ao segundo intento, e Eduardo Belfo que apenas consumou a sua sorte à terceira tentativa, mas brilhou sobremaneira aguentando uma viagem muito turbulenta na segunda tentativa.

Pelos Amadores de Arruda dos Vinhos foram solistas Edgar Simões, que consumou pega fácil ao primeiro intento, e Hélder Silva que, igualmente ao primeiro intento, se fechou com galhardia e decisão, com ajuda eficaz do Grupo.

Os Amadores do Cartaxo, na qualidade de anfitriões não quiseram deixar os seus créditos em mãos alheias e consumaram também duas valorosas pegas ao primeiro intento, a primeira por intermédio de Bernardo Sá e a segunda através de José Oliveira, que foi bem ajudado pelo Grupo.

Boa prestação das “cuadrilhas” de todos os cavaleiros, que intervieram com conta, peso e medida, e dos campinos que colaboraram eficazmente na recolha de todos os toiros.

Durante as cortesias foi cumprido um minuto de silêncio em memória do Dr. João Borges, antigo Administrador da Sociedade de Renovação Urbana do Campo Pequeno, e do antigo Forcado Fernando Maltês, recentemente falecidos. Direcção atenta e tranquila por parte do Delegado Técnico da IGAC Manuel Gama, assessorado pelo Veterinário Dr. José Luís Cruz.

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