A Associação Nacional de Proprietário Rurais (ANPC) acusa o governo de discriminação por não permitir que a caça integre a lista de actividades para as quais podem ser realizadas deslocações durante o estado de emergência.

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da ANPC, João Carvalho, explica que a caça não pretende um tratamento “diferenciado” e que o que está em causa é a sobrevivência de um sector “fundamental” da economia rural.

“Não queremos um tratamento diferenciado relativamente a outras actividades, nem um livre trânsito durante o recolher obrigatório decretado nos 121 concelhos. A caça não quer um tratamento diferente. Queremos apenas que, fora desse período de recolher obrigatório, entre as 23:00 e as 05:00, possamos ir para o campo, onde estamos em isolamento social total, ao ar livre e, portanto, representamos um risco de contágio baixíssimo”, explica João Carvalho.

O dirigente lembra que “há um conjunto de regras aprovadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) que realça o baixo risco de contágio” da actividade e que foi com surpresa que receberam a posição do governo, que classifica como “injusta”.

“Desde que soubemos que a caça estava proibida que temos vindo a trabalhar nessa matéria, mas a situação tem-se arrastado e causado indignação, pois não estamos a falar só do caçador não ir para o campo. Está em causa a actividade económica no mundo rural que depende da caça, que representa 450 milhões de euros por ano e que, se não acontecer, vai condenar muitas empresas de restauração, hotelaria, empresas cinegéticas e milhares de postos de trabalho”, sublinha João Carvalho.

De acordo com o secretário-geral da ANPC, a situação e a falta de resposta do governo tem gerado “indignação e contestação”, pelo que não descarta a possibilidade de avançar com “outras forma de luta” caso a reunião do Conselho de Ministros, agendada para esta quinta feira, não traga uma alteração das actuais restrições para o sector.

“Apelamos ao bom senso do governo, mas, caso nada seja alterado, as três principais organizações do sector da caça têm previsto reunir de emergência e avançaremos para outras formas de protesto legais”, garante João Carvalho.

Questionado pela Lusa, o Ministério do Ambiente e Ação Climática afirmou que esta é uma “matéria dependente do Conselho de Ministros”, pelo que uma posição relativamente a este tema só será assumida após a sua realização, com a emissão do “respectivo comunicado”.

A caça representa, anualmente, receitas de 450 milhões de euros, envolvendo 240 mil caçadores registados e cerca de 5.400 entidades concessionárias de zonas de caça, assim como milhares de postos de trabalhos permanentes e temporários, directos e indirectos, em especial nas zonas rurais.

Leia também...

PSP e GNR voltam a reforçar fiscalização no fim-de-semana

A PSP e a GNR vão manter ao longo do fim-de-semana as operações de patrulhamento e fiscalização para garantir o cumprimento das normas do…

Igreja diz que “não falta vontade” para tornar públicas contas de Fátima

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, afirmou que “não falta vontade” para tornar públicas as contas do Santuário de Fátima, mas…

Novos testes revelam “evolução positiva” em surto no Entroncamento

 O número de utentes do Lar dos Ferroviários, no Entroncamento, infetados com o coronavírus SARS-CoV-2, baixou de 45 para 39, tendo um dos cinco…

Abrantes com aumento de 7 por cento no orçamento em 2021 devido a novas competências

A Assembleia Municipal de Abrantes aprovou para 2021 um orçamento de 39,4 milhões de euros, um crescimento na ordem dos 7%, justificado sobretudo pela…