Praça de Toiros do Campo Pequeno – Lisboa – 24/08/2023 – Corrida à Portuguesa. Cavaleiros: João Moura Jr. (volta – volta com o ganadeiro), Francisco Palha (volta – saudou nos médios, apesar de autorizada a volta), Andrés Romero (silêncio – volta); Forcados: Amadores de Montemor (volta, volta e volta) e de Évora (volta, volta e volta); Ganadaria: Murteira Grave (volta do Ganadeiro após a lide do 4.º toiro); Directora: Lara Gregório de Oliveira; Veterinário: Dr. Jorge Moreira da Silva; Entrada de Público: cerca de 80% da lotação.
Foi uma noite de enorme ambiente a que se viveu na quinta-feira em Lisboa. Uma corrida que despertou o interesse de milhares de aficionados, muitos vindos do Alentejo, para assistirem a uma grande corrida de toiros onde o ganadeiro Joaquim Grave foi um dos triunfadores, com dois toiros de muita bravura e classe (2.º e 4.º da ordem), um primeiro de categoria, mas com o peso (622 kg) a não ajudar muito, e com o quinto e sexto a serem de boa nota, justificando-se plenamente a sua chamada à arena após a lide do 4.º da noite.
Abriu praça o cavaleiro João Moura Jr. e que bem que o fez, recebendo superiormente o imponente toiro. Dois compridos à tira serviram para aquilatar da qualidade das investidas. Bem na brega, cuidada e a deixar o toiro de largo, seria aqui que ganharia claramente a aposta, pois deixou o toiro investir de largo e cravou dois excelentes curtos.
A lide terminaria de forma abrupta dada a tentativa de invasão de arena por parte do activista anti-taurino Peter Janssen, prontamente dominado e detido pela PSP, que escutou fortíssima ovação. No que foi o quarto da noite, bravo e codicioso, de novo o recital à Moura, com boas preparações e remates e duas extraordinárias “Mourinas” a encerrar, e ainda um palmito que não conseguiu deixar à primeira. Volta aclamada com Joaquim Grave, o ganadeiro e o forcado.
Francisco Palha entendeu-se perfeitamente com o bravo segundo, um toiro que cresceu ao castigo, indo a mais no decurso da lide. Um bom primeiro comprido em sorte de gaiola e outro bom, e depois três curtos de excelência, de fazer parar os corações, deixando o toiro investir de largo e aguentando enormidades fechado em tábuas para cravar de forma emotiva; saiu no momento certo sob fortes aplausos.
No que foi o quinto da ordem, e que se desembolou após o primeiro bom curto, voltou a dar vantagens e a aproveitar o que o toiro tinha de bom, numa actuação de classe.
Andrés Romero não se entendeu com o terceiro, que foi ganhando os terrenos e começando a adiantar-se, sofrendo diversos toques nas montadas e não dando volta.
No que encerrou praça já foi possível ver o seu toureio mais alegre e movimentado, com destaque para a série de curtos, onde o segundo e o terceiro foram bons.
Para as pegas perfilaram-se dois Grupos com pergaminhos: Amadores de Montemor e de Évora, estes a comemorar 60 anos de existência. Noite dura, mas de grande valor pela estoicidade dos forcados da cara e das “ajudas” e porque, efectivamente, houve pegas do outro mundo, com uma raça e um valor dignos dos maiores de todos os tempos. Por Montemor abriu praça Francisco Maria Borges, numa colossal pega à segunda tentativa, suportando fortes derrotes do imponente “Murteira” em ambas as tentativas e com grande primeira ajuda do seu Cabo, António Pena Monteiro, com quem daria volta no final; Vasco Ponce esteve enorme, consumou rija cara ao primeiro intento, assim como José Maria Pena Monteiro. Os Amadores de Évora tiveram na cara do segundo da noite o forcado Ricardo Sousa, numa excelente pega ao segundo intento e suportando fortíssimos derrotes, seguido por José Maria Passanha, numa rija cara ao primeiro intento, e com o Cabo José Maria Caeiro a fechar-se com garra e determinação numa grande pega à segunda tentativa. Honra e glória às jaquetas alentejanas de Montemor e de Évora.
Dirigiu o espectáculo a delegada técnica tauromáquica Lara Gregório Oliveira assessorada pelo médico veterinário Jorge Moreira da Silva.
(Texto e foto: António Lúcio)