Em 2019, 11.503 pessoas visitaram a casa da família Relvas em Alpiarça, um acréscimo de 2,8% de visitas relativamente ao ano de 2018. Tem sido assim desde que a Casa dos Patudos, que se constituiu como Museu, há seis décadas atrás, sofreu obras de recuperação, concluídas em 2013. Este ano, antevia-se uma enorme procura mas, devido às actuais circunstâncias, a Casa viu-se na contingência de encerrar portas e redefinir percursos.
Contudo, o conservador do museu, Nuno Prates, está “confiante” que logo que o equipamento abra portas – o que deverá acontecer em breve – os visitantes regressem em força a este património que se tornou ‘ex-libris’ do concelho.

A juntar às visitas, há ainda outras actividades que decorreram ao longo do ano como a apresentação de livros, as exposições temáticas, evocação de efemérides e conferências que divulgaram e promoveram a história da Casa e do concelho.

No ano passado, uma das mais relevantes foi a comemoração dos 100 anos do Governo de José Relvas, que trouxe ao Auditório da Casa dos Patudos um leque de intelectuais e investigadores em várias áreas do conhecimento que debateram temas em torno desta figura republicana. Estas conferências contaram ainda com a presença do presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.

Legado do político republicano José Relvas, a Casa dos Patudos, em Alpiarça, foi resgatada, graças aos fundos comunitários, do declínio em que havia entrado na década de 1990, sendo hoje referência do património nacional.

Com o primeiro projecto de reabilitação apresentado em 1998, no mandato do socialista Joaquim Rosa do Céu, a casa que José Relvas (o homem que proclamou a República da varanda da Câmara Municipal de Lisboa em 5 de Outubro de 1910) mandou construir no início do século XX, com desenho do arquitecto Raúl Lino, viu travada a degradação que estava a ser provocada pelas infiltrações de água a partir da cobertura.

Começou aí um lento processo de reabilitação concluído em 2013 e que deu à Casa dos Patudos não só a reabilitação do edifício, mas, também, um novo percurso expositivo com a abertura de espaços até aí fechados ao público e o restauro de muitas obras, mostrando a colecção de arte reunida por José Relvas ao longo da sua vida.

“Abriram-se novos circuitos museológicos, proporcionando uma nova visão pelo espaço privado da casa e valorizando a colecção de arte com mais de 8.000 peças”, diz o conservador do museu, Nuno Prates, que realça as distinções que têm sido atribuídas a um património que se tornou ‘ex-libris’ do concelho. Referindo o “aumento significativo” do número de visitas, Nuno Prates frisa a “importância enorme para o concelho” de um espaço que se tornou “uma referência na museologia nacional e internacional”.
Mário Pereira, presidente da Câmara Municipal de Alpiarça em cujos mandatos (iniciados em 2009) se concretizou o projecto começado pelos seus antecessores, só lamenta que o município (entidade que recebeu o legado de José Relvas) não tenha os meios para a promoção e divulgação que o património que herdou merece.

Numa mensagem publicada na rede social Facebook, a propósito dos 60 anos da Casa-Museu, Mário Pereira destaca que o equipamento “assumiu o seu papel essencial na afirmação do nosso concelho”.

“Ao longo destas seis décadas, num significativo esforço colectivo dos Alpiarcenses, honrando o legado recebido, a Casa dos Patudos–Museu de Alpiarça constituiu-se como um dos mais importantes museus municipais do País — visitada por milhares de pessoas e elemento de desenvolvimento cultural e social da região”, pode ler-se.

A conclusão do projecto de reabilitação, disse Nuno Prates, permitiu, pela primeira vez, a circulação pela zona mais íntima da casa que foi habitada pela família do republicano José Relvas no início do século XX.

“Os visitantes puderam aceder a um novo circuito museológico, visitar partes da casa que não estavam visitáveis, sobretudo as que têm a ver com o espaço familiar”, disse.

“José Relvas entre os seus” é o nome deste circuito temático que abriu as portas para o segundo andar da casa, para uma visita aos quartos de José Relvas, da mulher, D. Eugénia, e dos hóspedes, com uma passagem pelas portas fechadas do quarto onde se suicidou o filho Carlos e que, por vontade testamentária, nunca poderá ser mostrado ao público.

O longo corredor, que termina com uma casa de banho reconstituída à época, foi transformado numa galeria de arte portuguesa e espanhola, mais um espaço para dar a conhecer a vastíssima colecção reunida por José Relvas ao longo da sua vida e que legou, juntamente com a casa, ao município de Alpiarça.

A primeira fase das obras de reabilitação, que representaram um investimento da ordem dos 1,2 milhões de euros do total previsto de 2,5 milhões, permitiu a reabilitação estrutural do edifício e a introdução de melhorias, como a criação de acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida, novos espaços de apoio administrativo e logístico.

Foi também criado um espaço de reserva para obras que não estão expostas, outro para receber o vasto arquivo documental, junto a uma sala de leitura, além de terem sido repostos os circuitos tradicionais, nomeadamente com a reposição, no hall junto à escadaria de acesso ao primeiro andar, da parte do painel de azulejos que representa cenas da vida agrícola e que havia sido retirado quando a casa foi transformada em museu, em 1960.

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