Um grupo de cidadãos de Santarém entregou, na última Assembleia Municipal, realizada na sexta-feira, dia 6 de Dezembro, um documento alertando para a necessidade “urgente” de alteração ao actual traçado da ferrovia, “para que fique obra feita antes de concluída a linha de alta velocidade”.

O documento, subscrito por Carlos Guedes de Amorim, Francisco Jerónimo, José Júlio Eloy, José Mira Potes e Pedro Canavarro, exorta a que “Santarém não perca o comboio”, até porque “a ferrovia é o transporte do presente com maior futuro”, afirmam.

No texto, a que o Correio do Ribatejo teve acesso, são contextualizadas todas as vicissitudes pelas quais a cidade de Santarém tem passado desde que o caminho de ferro chegou a Santarém no século XIX (1861), “pelo pior traçado possível”, na medida em que “separou a cidade do rio Tejo, o que “matou” os bairros da Ribeira e do Alfange, tendo ficado implantado “na base de encostas que de há muito se sabia serem instáveis”, com sucessivos desabamentos que obrigaram, nomeadamente, ao recuo de panos das muralhas da alcáçova do castelo de Santarém.

“De então para cá, tem havido necessidade de proceder a sucessivas importantes e caras obras de contenção das encostas, o que nunca obstou a que os comboios continuem a ser obrigados a reduzir, drasticamente a velocidade, quando por ali passam, pelas perigosas vibrações que transmitem ao terreno e pelo reduzido raio de curvas do traçado”, pode ler-se ainda no documento.

Para os subscritores deste documento, “tal como está, o traçado da ferrovia em Santarém representa um problema nacional, já que afecta, atrasa, significativa e gravosamente, a ligação ferroviária entre as duas cidades mais importantes do país”.

“Tempos atrás, quando foi divulgado o traçado da linha de comboio Lisboa/Porto, de alta velocidade (não necessariamente, TGV), constatou-se que não passava por Santarém. Assim sendo, a partir do dia em que ficar concluída a linha de alta velocidade, Santarém deixará de ser um problema Nacional para passar a ser um mero constrangimento Local, quando muito, Regional”, alertam ainda.

Nesse sentido, o documento sugere que os deputados municipais se empenhem “na tarefa de reverter a situação actual” e que “chamem os deputados que nos representam na Assembleia da República, a participar na resolução urgente”, desta situação.

O documento termina recordando que já existiu um projecto que previa alterar o actual traçado da ferrovia, por forma a deixar de passar na base das encostas de Santarém, antes derivando do Vale de Santarém para a Ponte da Asseca, direito à Portela das Padeiras.

“A obra nunca foi feita, o projecto foi abandonado e caíram as medidas cautelares, (áreas nom edificandi) para salvaguarda da sua implementação, sem que outro o tenha vindo substituir”, lamentam.

Recorde-se que recentemente o presidente da Câmara de Santarém pediu uma reunião ao ministro das Infraestruturas para saber se o Governo tenciona avançar com a construção da variante à linha ferroviária do Norte, obra que considera “estruturante para o concelho”.

Em diversas intervenções públicas, Ricardo Gonçalves (PSD) tem considerado ser “lamentável” que o projecto esteja inscrito no Programa Nacional de Investimentos (PNI) 2030, mas que não passe de uma “ilusão”.

Isto porque, apesar da inclusão deste troço no PNI2030, as indicações da Infraestruturas de Portugal, quando questionada a propósito da conclusão da revisão do Plano Director Municipal, são as de que o corredor definido no traçado feito em 2008 “não pode ser incluído na planta de condicionantes”.

Para o autarca, o Ministério das Infraestruturas tem que esclarecer se mantém o traçado de 2008, se está outro a ser pensado e se a obra é mesmo para avançar.

Além de visar permitir o aumento da velocidade máxima no troço entre o Vale de Santarém e o Entroncamento, a variante tem ainda subjacente condições de segurança, disse o autarca, referindo o parecer da Procuradoria Geral da República que aponta para o risco de derrocada da encosta que confina com a Linha do Norte.

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