Quando as “misses” cavalgavam no lezirão da Casa Branca
Quando as “misses” cavalgavam no lezirão da Casa Branca

Oferecida pela Casa Francisco Ribeiro, de homenagem às candidatas ao título de “Miss Portugal”

Não há como o Ribatejo para servir de moldura à Beleza, à beleza plástica, mormente quando está chegado o mês de Maio, esse que fez o milagre das flores, e estende por esses campos a tapeçaria da Primavera.

A explosão das seivas, o perfume dos campos, a vida forte da lezíria, tudo se conjuga para uma esplendorosa parada de formosura, seja tudo em honra da Mulher, no seu encantamento e alegria.

Assim sucedeu uma vez mais, este ano, nesse multiplicado espelho de gentilezas que sempre nos oferece a Casa Agrícola Francisco Ribeiro, no esplendor primaveril da Casa Branca, o seu lezirão da Azambuja, o qual não podia ser melhor aprazado para palco das graças feminis de quantas se candidataram ao título de “Miss Portugal”.

 Teatro do mais alvissareiro auto da Primavera foi, de novo, esse mouchão bem-fadado, sorte de mágico encantamento reservado aos eleitos que tiveram acesso a tão privilegiado rincão da Borda d’Agua.

Junto de um pipo de vinho cor de âmbar, algumas das candidatas ao título de “Miss” Portugal, preparam-se para enfrentar o mais alegre e emocionante dos dias por elas vividos no Ribatejo

Beldades, toiros, cavalos, folclore, mesa posta à ribatejana, os belos sectores de qualidade, – a esmerada produção da Casa Branca a brilhar que nem oiro líquido! – a eleição duma “rainha de beleza” nada faltou para que essa manha se tornasse triunfal, para sempre memorável nos fastos dos acontecimentos ribatejanos.

Para tanto contribuiu, – digamo-lo sem lisonja, – a fidalga hospitalidade dos donos da casa: o nosso amigo Rogério Ribeiro e sua mulher D. Teresa Ribeiro; o dr. Rocha Homem e sua mulher D. Celestina Ribeiro Homem.

De parabéns se podem considerar pelo ambiente despretensioso e cordial, altamente dignificador para quem timbra por manter a tradição de bem receber, de reavivar os pergaminhos de hospitalidade das grandes casas do Ribatejo.

Bateiras de pescadores engalanadas para a travessia do Tejo, o cativante agasalho aos que, de longe, demandavam a estância prazenteira.

E os quadros a sucederem-se, festivos, no cenário fragrante e vistoso.

Era as tendinhas propiciatórias de sável de escabeche, farturas e mais doçaria; era a vitela entrevista no arvoredo, a rodar no espeto; as febras de porco a assar; as “espetadas” de carne a rechiar nas brasas; tabuleiros de bacalhau, brócolos, os pomos de oiro desse jardim das Hespérides, doçaria sem fim; uma garrafeira infindável, com seus tons de âmbar e de ametista, o convite À gastronomia esmerada.

Durante o passeio das “misses” nos barcos dos pescadores ribeirinhos festivamente engalanados, com os filhos de Rogério Ribeiro

Antes, porém, o aperitivo da festa brava, no “tentadeiro” do Mouchão, as bancadas dessa praça de toiros repletas de convidados, – para cima de mil e duzentos, – entre os quais numerosas individualidades de toda a região.

Até que as “misses” fizeram a sua entrada triunfal na arena, precedidas pelo cavaleiro tauromáquico Gustavo Zenkl, que levava à garupa a azougada Isaura Filipe, dir-se-ia que escolhida para contrastar, como morena, com seus cabelos loiros de austríaco. Depois, a pé, numa confraternização de gente jovem, as restantes candidatas, acompanhando os que iam actuar na tenta: Ricardo Chibanga (que as misses que o não conheciam ficaram a admirar muito desde a tourada de domingo no Campo Pequeno), Mário Coelho, Tinoca, Manuel Barreto e João Inácio e os forcados (os mais moços) de Santarém.

A tenta foi animada e houve aplausos para todos, mas os mais calorosos foram para Gustavo Zenkl e Ricardo Chibanga. Uma nota impressionante: no começo da tenta, Fernando Pessa, em memoria de Manuel dos Santos, pediu um minuto de silencio, que todos observaram, pondo-se de pé.

Depois, a festa continuou, desta vez com o almoço. Cada um serviu-se do que quis e de quanto desejou. Nada ali acabou, a não ser o apetite dos convidados.

Houve alegria e confraternização animada. Aqui e além formavam-se grupos, segundo preferências ou relações de amizades. Um deles, talvez o maior, rodeou quatro bem-dispostos estudantes universitários espanhóis – da Universidade de Sevilha – que compareceram na festa de campo com seus negros trajos medievais (Capa, corpete de rendas, calção e meia alta) Avivados pelas faixas coloridas das suas Faculdades (Amarela, de Medicina e azuis, de Engenharia e Aquitectura) e pelas fitas berrantes pendentes de suas capas, – tantas como as namoradas que devem ser muitas…

Cantam coisas modernas e canções populares do seculo XVII. Dois deles vieram agora a Portugal pela terceira vez e todos nas suas férias, já estiveram também na Alemanha, Dinamarca, Grança, Itália, Suíça e Inglaterra. Já cantaram em Portugal, de norte a sul.

Fernando Pessa fez a convocação das “misses”, já reunidas nos reboques agrícolas puxados por tractores, para que se abeirassem do estrado onde, pouco antes, actuara o Rancho Folclórico do Cartaxo.

O título de “Miss” Francisco Ribeiro foi atribuído à candidata n.7, a linda Ester Andrade, uma madeirense que vive no Rio de Janeiro, e que é estudante de vida e beleza.

Muitos aplausos para ela, assim como para Pilar Pereira e Fátima Gomes, que por festejarem o seu aniversário natalicio foram obserquadas com lindas caixas de chocolates “Rajá”.

E Ester Andrade recebeu a bela prenda que a Casa Agrícola Francisco Ribeiro lhe ofereceu, uma joia lindíssima, que ela mostrava, satisfeita e orgulhosa, à multidão que a aplaudia.

Foi esta a bela nota final da festa belíssima que a Casa Agrícola Francisco Ribeiro ofereceu em honra das candidatas ao titulo de “miss” Portugal 1973, festa inesquecível que ficará a atestar a fidalga gentileza dos seus titulares.

(In: Correio do Ribatejo de 05 de Maio de 1973)

Pode consultar estas e outras notícias no Arquivo do Correio do Ribatejo em https://arquivo.correiodoribatejo.pt/

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