O recém-eleito presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, João Heitor, foi o orador convidado da sessão online sobre “Os desafios para o desenvolvimento económico do concelho do Cartaxo”, realizada no dia 30 de Novembro, pelo Núcleo NERSANT do Cartaxo, no âmbito da Mostra Empresarial Digital de Rio Maior e Cartaxo.

Coube ao presidente do Núcleo NERSANT do Cartaxo, Jorge Pisca, dar as boas-vindas aos participantes desta sessão online, aguardada por todos com a expectativa de ficar a conhecer a estratégia do novo executivo municipal para a área da economia e do desenvolvimento empresarial.

O presidente da Câmara Municipal do Cartaxo começou por afirmar que a prioridade ao desenvolvimento empresarial e económico do concelho está na matriz da sua candidatura. Como ponto de partida, o autarca considera que “a dinâmica económica do concelho do Cartaxo é frágil; temos empresários fortes e resilientes, que ultrapassaram as crises e têm conseguido prosperar com as suas empresas, mas são poucos”.

Para o presidente João Heitor, “estes empresários constituem um capital que não podemos desperdiçar, pelo seu conhecimento do mercado e da actividade, e devem servir de exemplo para outros que queiram lançar-se como empreendedores no concelho. A nossa fragilidade reside na ausência de mais empresários como vós, precisamos de mais empresários fortes que criem riqueza e postos de trabalho no concelho”.

Câmara vai agilizar e facilitar processos

O que pode a Câmara Municipal fazer com os seus parcos recursos? João Heitor entende que “o Município pode ajudar a aumentar a dinâmica económica, desde logo aumentando a agilidade dos processos de licenciamento, facilitando e aumentando a capacidade de resposta às necessidades das empresas já existentes e das que pretendam instalar-se”.

O autarca afirma que “há um plano assente na frágil estrutura de recursos humanos da Câmara, mas que pensamos que vai ser capaz de dar resposta às necessidades”.

O autarca deu conta da forte pressão imobiliária que se faz sentir no concelho, e que se traduz na existência de 1200 processos pendentes de resolução no departamento de urbanismo da Câmara.

“São muitas obras que não avançam, investimento que não se realiza, pessoas que não se fixam no concelho”, afirma.

Por outro lado, importa orientar o trabalho da Câmara no sentido de apoiar a dinâmica empresarial, permitindo o acesso aos financiamentos.

“Os parcos recursos da Câmara estão atualmente centrados na organização da ExpoCartaxo, da feira dos Santos e da Festa do Vinho, e com menos foco na promoção e atração do investimento. Precisamos, por isso, do apoio de parceiros como a NERSANT, que nos ajude com a sua capacidade e conhecimentos, para melhorarmos o nosso apoio às empresas”, afirma João Heitor.

Cartaxo precisa de empregos qualificados e mais bem pagos

Que negócios, que investimentos devemos atrair para concelho? O autarca refere que a agricultura assume ainda um peso importante na economia do concelho, mas a indústria e os serviços assumem cada vez mais um papel na dinâmica empresarial. 

“Para a Câmara do cartaxo, a prioridade deve ser dada à capacidade de criar emprego qualificado e que permita melhorar a média remuneratória, actualmente muito baixa, próxima do salário mínimo, que se verifica no concelho”, afirma o autarca.

A aposta na formação dirigida para sectores mais tecnológicos é uma necessidade identificada pelo autarca, que defende que deve haver uma intervenção da NERSANT e das empresas na identificação das áreas prioritárias de formação, de forma a influenciar os currículos dos estabelecimentos de ensino.

“Temos de criar parcerias entre escolas, empresas, centros de formação, a autarquia e a NERSANT”, defende o autarca.

Startup Cartaxo vai ser uma realidade em breve

João Heitor defende a importância de criar uma Startup no Cartaxo, um centro de incubação de empresas a instalar no concelho.

“O Gabinete de Apoio ao Empreendedor e ao Empreendedorismo está apostado neste objectivo de lançar o desafio para a criação de novas empresas, apoiar as boas ideias de negócio e a formação de novos empreendedores, e encontramos na NERSANT o parceiro certo, com o seu know-how, experiência e capacidade, para acelerarmos a criação de novas empresas no concelho”, declarou João Heitor.

Onde localizar as empresas? Este um dos grandes desafios da Câmara. Actualmente o concelho dispõe de uma zona industrial em Vila Chã de Ourique que já esgotou a sua capacidade, e dispõe de mais três zonas de localização empresarial com problemas por resolver: uma está legalizada e não tem empresas, outra tem algumas empresas, mas está ilegal, e uma terceira só existe no papel e corre o risco de se perder.

Desbloquear os parques empresariais é prioridade

O período reservado ao debate foi muito participado, com os empresários e empresárias a colocarem questões relacionadas com as más acessibilidades da zona industrial de Vila Chã de Ourique, a falta de transportes públicos entre a zona industrial e a estação de caminho de ferro de Santana, e com os problemas das áreas de localização empresarial do Tagusvalley, Casal Branco e da Lapa.

João Heitor disse que o TUC – Transporte urbano do Cartaxo vai ter de adaptar os horários e trajectos às necessidades dos trabalhadores das empresas da zona industrial.

Segundo o presidente da Câmara, “vai ser possível melhorar o acesso à zona industrial de Vila Chã de Ourique pela Ribeira do Cartaxo”.

Quanto ao parque empresarial do Tagusvalley, João Heitor afirma ter dificuldade em compreender como é que um investimento tão significativo, realizado há tantos anos, ainda só tem uma empresa instalada. O parque empresarial é gerido por uma sociedade em que a maioria do capital é privado, tendo a Câmara 23% do capital social.

João Heitor disse ter colocado questões na assembleia geral em que participou, tendo ficado a saber que a autarquia tem a obrigação de concretizar algumas infra-estruturas em falta e deverá construir uma ETAR. O autarca compromete-se a acompanhar de perto a situação, fazendo parte do novo conselho de administração.

Sobre o projecto do parque empresarial do Casal Branco, o presidente da Câmara afirma que se não forem construídas as infra-estruturas esta área poderá perder-se com a reclassificação dos terrenos em RAN e REN.

“O PDM deverá estar aprovado até final de 2022, caso contrário perderemos o acesso aos fundos comunitários, e para que o Casal Branco fique contemplado como parque empresarial é necessário que esteja infra-estruturado”, disse o autarca, salientando que o interesse da Câmara é ter ali empresas instaladas e não ganhar dinheiro com os terrenos”.

Quanto à zona industrial da Lapa, o problema prende-se com o facto dos terrenos não se encontrarem legalizados, problema que se arrasta há cerca de 20 anos.

“Precisamos de novos espaços para acolher empresas, e o PDM terá de contemplar soluções para estes problemas como o da Lapa e do Casal Branco”, disse.

Esta sessão online encerrou a Mostra Empresarial Digital de Rio Maior e Cartaxo, que se realizou entre os dias 01 e 30 Novembro. Organizado pela NERSANT – Associação Empresarial da Região de Santarém o certame teve o objectivo de potenciar os negócios das empresas dos concelhos de Rio Maior e Cartaxo.

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