O Dia Nacional do Folclore Português foi celebrado pela primeira vez no dia 29 de Maio de 2016,  na sequência da deliberação da Assembleia da República de 22 de Julho de 2015, conforme iniciativa dos Grupos Parlamentares do PSD e do CDS, por interferência da Federação do Folclore Português.

Nos termos do Projecto de Resolução n.º 1531/XII/4.ª foi instituído o Dia Nacional do Folclore Português, a ser celebrado todos os anos no último domingo do mês de Maio, com base nos seguintes fundamentos:

“O saber do povo português está, em grande parte, guardado no folclore. É, aliás, essa mesma a raiz da palavra ‘folclore’, que liga dois termos ingleses – ‘folk’ e ‘lore’ – que significam, respectivamente, ‘povo’ e ‘saber’. Ou seja, enquanto expressão do saber tradicional de um povo, o folclore tem um valor inestimável de identidade nacional e deve, como tal, ser preservado.

O folclore representa conhecimento transformado em cultura de origem popular, constituída pelos costumes, lendas e tradições, e celebrada em festas populares, que passam de geração em geração. Tradicional, porque passa de pais para filhos; oral, porque acessível a todos; anónimo, porque não tem autor mas é de todos; funcional, porque aproxima a comunidade e fortalece os laços entre os seus membros; espontâneo, porque é culturalmente dinâmico e não pode ser institucionalizado. Por todas estas características, o folclore é, de certo modo, o meio através do qual a herança dos nossos antepassados chega até nós.

Assim sendo, assinalar a sua importância não se limita a apreciar o folclore enquanto género cultural, mas sobretudo a celebrar o que nos define como portugueses.

De facto, todos os povos têm as suas tradições e as suas crenças, e estas fazem parte do seu ADN e da sua História. Portugal não é excepção, contando com várias associações que, nas suas comunidades, mantêm o folclore vivo. 

De acordo com a Federação do Folclore Português, o movimento folclórico no território nacional engloba 1.875 associações culturais: 534 no Norte, 306 no Douro/Vouga, 416 na região Centro, 306 na região Sul, 219 nas Beiras e 94 nas Ilhas. Considera-se, pois, que estas associações envolvem directamente mais de 150 mil portugueses e, indirectamente (incluindo associados), mais de 800 mil cidadãos.

Num momento em que a cultura portuguesa de origem popular se tem afirmado internacionalmente, como aconteceu com o reconhecimento, por parte da UNESCO, do Cante Alentejano como Património Cultural e Imaterial da Humanidade, e após várias iniciativas do Governo no sentido da valorização do nosso património popular, como a instituição do Dia Nacional das Bandas Filarmónicas (reconhecendo o trabalho que desenvolvem em favor da sociedade e da cultura), os Deputados do Grupo Parlamentar do PSD e do CDS-PP apresentaram este projecto de resolução no sentido de dar igual distinção ao folclore português, instituindo um Dia Nacional para a sua celebração.”

Este ano o Dia Nacional do Folclore Português será celebrado em Moreira da Maia, no próximo Domingo, dia 25 de Maio, e o respectivo programa consta de uma sessão solene, pelas 10 horas, e de um Festival Nacional de Folclore, a partir das 15 horas.

Quinta-feira da Espiga

A festa da Ascensão assinala a Ascensão de Jesus ao Céu. É uma festividade ecuménica, festejada por outras igrejas cristãs, tal como acontece com as celebrações da Semana da Paixão, da Páscoa e do Pentecostes, sendo tradicionalmente celebrada quarenta dias após a Ressurreição de Cristo. Lá nos ensina o povo que “Da Páscoa à Ascensão quarenta dias vão”!

Alguns costumes ou rituais deste dia estão ligados à liturgia da festa, como a bênção dos grãos e das uvas depois da comemoração dos mortos no Cânone da Missa, a bênção dos primeiros frutos, realizada também nos “dias de rogação”, a bênção da vela, o uso de mitras por diáconos e subdiáconos, o apagamento do Círio Pascal e as procissões triunfais com tochas e faixas atravessando comunidades para celebrar a entrada de Cristo no céu.

Designado popularmente por Quinta-feira da Espiga este dia é celebrado com rituais e tradições que assumem um carácter universal, independentemente de algumas especificidades locais. Depois que, em 1952, deixou de ser considerado feriado nacional, muitos municípios escolheram esta data para assinalar o seu feriado municipal, e assim permitirem ao povo do seu concelho desfrutar esta festividade tão carregada de simbolismo.

A tradição mais comum é a que se relaciona com o “ramo da espiga”, a que são atribuídos “poderes de virtude benfazeja”, constituído por espigas de trigo, raminhos de oliveira, papoilas, malmequeres brancos e malmequeres amarelos, guias de videira e rosmaninho – sempre em número ímpar em relação a cada um destes elementos. 

Colhido o ramo, de preferência entre o meio-dia e a uma hora, rezam-se cinco avé-marias, cinco pais-nossos e cinco gloria patri, “para nesse ano haver em casa trigo, azeite, ouro e prata”. Essencialmente, fazem-se votos para que não falte no lar a alimentação, o vinho, a paz, a alegria, a harmonia e a saúde.

O ramo de espiga deve guardar-se dentro de casa, por vezes atrás da porta ou junto de uma imagem religiosa, aí se conservando até ao ano seguinte, quando for substituído pelo novo ramo, servindo de talismã com “virtudes de protecção e esconjuro”.

O dia da espiga era também o “dia da hora” e considerado “o dia mais santo do ano”, durante o qual não se devia trabalhar. Era chamado o dia da hora porque havia uma hora, o meio-dia, em que tudo parava. Dizia-se nas aldeias do sopé da Serra do Montejunto que “na quinta-feira da espiga há uma hora em que os pássaros não vão aos ninhos, as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha e o pão não leveda”. Era também nessa hora que se deviam colher as ervas medicinais. 

Em dias de trovoada era hábito queimar-se um pouco da espiga no fogo da lareira para afastar os raios.

Naturalmente, neste dia de guarda, num tempo em que os feriados eram escassos, camponeses não trabalhavam. De manhã faziam-se os preparativos para a merenda e pela tarde, numa zona aprazível do campo, e depois de apanhado o ramo da espiga, rapazes e raparigas merendavam enquanto algum tocador mais divertido ia tocando umas modas, num roufenho harmónio ou num pífaro de cana, e logo ali se armava um bailarico. Entre os pescadores do Tejo era hábito deitar um lanço de rede para pescar algum peixe que haveria de servir para o lanche da família e dos amigos, seguindo-se, igualmente, um bailarico entre a mocidade.

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