O distrito de Santarém registou, em 2021, a menor área ardida dos últimos dez anos, com 349,27 hectares, e o segundo menor número de ocorrências, 568.
Em conferência de imprensa de balanço do dispositivo de combate a incêndios florestais, David Lobato, comandante operacional distrital, afirmou que 2021 foi um ano em que se registaram melhorias tanto na área ardida, como no número de ignições, bem como nos reacendimentos (apenas dois), salientando que o Verão foi “muito normal”, com temperaturas médias a rondar os 28, 29 graus e apenas nove dias em Agosto com uma “onda de calor”.
Segundo David Lobato, tem-se registado uma tendência de decréscimo tanto na área ardida como no número de ocorrências nos últimos anos, tirando os anos “atípicos”, como foi 2017. Como aspecto negativo salientou o que designou como um “problema de incendiarite” no distrito, com 31 ocorrências com origem intencional.
Contudo, uma melhor articulação com os municípios, quanto aos locais estratégicos de estacionamento de meios, permitiu uma redução das ignições intencionais e a detenção de incendiários em flagrante, disse.
Apontou, ainda, a cada vez maior dificuldade em arranjar recursos humanos, com menos pessoas disponíveis para o voluntarismo, o que atribuiu às muitas horas exigidas pela “causa” e à exigência da formação, com muitos módulos.
“Começa-se a notar uma diminuição nos corpos de bombeiros”, disse, referindo ainda a elevada idade dos veículos (20 anos, em média) das corporações do distrito, sobretudo na Lezíria.
O Comandante Operacional Distrital de Santarém referiu o elevado número de falsas ocorrências, na sua “grande maioria” derivadas de “informações falsas” (103 falsos alarmes em 2021), originando uma dispersão de meios que podem fazer falta noutros locais.
David Lobato afirmou que o distrito de Santarém tem uma cobertura de 87 por cento a 90 por cento com câmaras de vigilância, embora existam sempre zonas sombra, nem sempre conseguindo detectar focos de incêndio, pelo que, quando recebem uma chamada, são sempre enviados meios.
A rapidez no despacho de meios, com quatro meios operacionais (terrestres e aéreos) enviados nos primeiros minutos, tem contribuído para uma redução da área ardida, disse, salientando a taxa de resolução em ataque inicial de 97,8% em 2021, o que significa que, das 568 ocorrências, quase todas foram resolvidas nos primeiros 90 minutos.
O maior incêndio registado este ano no distrito ocorreu no concelho de Salvaterra de Magos, onde arderam 97 dos 349,27 hectares afectados pelos incêndios, tendo Ourém registado este ano a menor área ardida dos últimos anos (38 hectares).
Os corpos de bombeiros do distrito de Santarém prestaram ainda apoio em ocorrências nos distritos de Castelo Branco, Lisboa, Leiria e Portalegre, tendo sido também enviados dois grupos para os incêndios que se registaram no Algarve, disse.
David Lobato afirmou que, dos objectivos definidos para este ano, só não foi completamente cumprido o relativo à segurança das forças, dada a ocorrência de dois acidentes envolvendo bombeiros, em Samora Correia e em Vila Nova da Barquinha, embora sem muita gravidade.