Catorze dos 48 refugiados que chegaram há uma semana à Chamusca deixaram a localidade, tendo os restantes manifestado vontade de permanecer na região, o que levou o município a procurar a integração das crianças nas escolas do concelho.
O presidente da Câmara Municipal da Chamusca, Paulo Queimado (PS), disse que os contactos com as várias entidades – Segurança Social, Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Saúde – tem estado a decorrer “com fluidez”, tendo as famílias com crianças visitado na segunda-feira o centro escolar.
Segundo o autarca, os filhos das famílias angolano-ucranianas, familiarizadas com a língua portuguesa, ficam a aguardar a abertura de mais uma sala no ensino pré-escolar, já solicitada à Direcção-Geral da Educação, uma vez que existia já uma lista de espera a que se juntam agora estas três crianças.
As duas crianças que vão frequentar o primeiro ciclo irão iniciar na quinta-feira aulas de introdução à língua portuguesa, disse.
Paulo Queimado afirmou que, no sábado, um grupo de jovens saiu para o concelho de Sintra, já que a avó de duas delas, a viver há 20 anos em Portugal, alugou uma casa, tendo um outro grupo decidido alugar uma casa em Albufeira, por quererem viver perto do mar.
A situação mais frágil, a de uma mulher, professora de inglês, que chegou sozinha, depois de ver o resto da família retida na fronteira, teve acompanhamento psicológico e foi encaminhada para uma família de acolhimento da Chamusca, disse.
O autarca afirmou que, após uma reunião de avaliação, o município decidiu passar a lotação do Edifício S. Francisco de 48 para 44 pessoas, tendo comunicado ao Alto Comissariado para as Migrações a disponibilidade para receber 10 pessoas, que poderão chegar ainda esta semana.
Uma das vagas poderá ser ocupada por um amigo dos dois cidadãos paquistaneses que chegaram no primeiro grupo, os quais se mantêm a trabalhar à distância e manifestaram vontade de permanecer na Chamusca, disse.
Paulo Queimado afirmou que os refugiados estão já a receber os números da Segurança Social e que foram inquiridos por técnicos do IEFP, depois de um primeiro levantamento das qualificações feito pelos serviços do município, tendo agora de frequentar acções de introdução à língua portuguesa para integrarem as bolsas de emprego.
Por outro lado, foi feito um questionário sobre questões de saúde, com uma ida ao local do delegado de saúde.
No caso do SEF, o autarca referiu uma elevada procura em Santarém que não permitiu um atendimento mais rápido com vista à obtenção das autorizações temporárias de permanência, estando prevista para o final da semana mais uma tentativa para o atendimento presencial requerido para as crianças.
Paulo Queimado salientou que entre os refugiados acolhidos na Chamusca não existem crianças sozinhas ou acompanhadas por não familiares, o que obrigaria a uma despistagem de situações menos claras.
No caso dos refugiados que não têm nacionalidade ucraniana – angolanos e paquistaneses – o processo poderá ser mais demorado, admitiu.
Paulo Queimado salientou que, depois do impacto inicial, que atribuiu a cansaço e desespero pela situação vivida, o processo está a decorrer com tranquilidade.
A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, depois de meses a concentrar militares e armamento na fronteira com a justificação de estar a preparar exercícios.
A ofensiva russa causou já a fuga de mais de dez milhões de pessoas, mais de 3,5 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo a ONU, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.