O essencial do tecido económico português é composto por micro, pequenas e médias empresas que têm sido precisamente as mais afetadas economicamente pela pandemia tendo em conta a sua relativa dimensão e a sua fragilidade económica.
Na segunda-feira desta semana (a segunda-feira é o dia em que não funcionam os trabalhos do Parlamento para permitir o contacto com os eleitores) visitei muitos pequenos comerciantes nas cidades do Entroncamento e de Santarém e reuni com as associações empresariais ACIS em Torres Novas e ACES em Santarém.
Ouvi as preocupações dos pequenos empresários fustigados por uma pandemia que ninguém esperava e que apareceu quando as pequenas empresas respiravam um pouco melhor devido à recuperação de algum poder de compra pelas populações nos últimos cinco anos. Não obstante, a situação não era brilhante. Os baixos salários e o sufoco provocado pelas grandes superfícies que destroem o pequeno comércio faziam com que milhares de pequenas empresas e de comerciantes em nome individual vivessem no limiar da sobrevivência.
A COVID 19 obrigou muitos a encerrar por um período considerável e alguns ainda não puderam reabrir. Os que puderam reabrir confrontam-se agora com a dimensão da crise económica e social que aí está. Os clientes regressam aos poucos e o negócio está muito aquém do que era. Não é só uma questão de medo, é sobretudo uma questão de falta de dinheiro.
Muitos milhares de trabalhadores em lay-off, muitos trabalhadores com vínculos precários despedidos, muitos trabalhadores em nome individual com rendimentos reduzidos, muitas pessoas com medo do futuro próximo, tudo isto somado, temos uma tempestade perfeita a abater-se sobre os micro, pequenos e mesmo médios empresários.
Os apoios recebidos ficaram muito aquém do que era necessário. Mesmo os poucos apoios disponíveis ficaram inacessíveis para muitos devido a entraves burocráticos. O apoio aos sócios gerentes foi vetado pelo Presidente da República e só agora foi reafirmado no Orçamento Suplementar. Por proposta do PCP, foi aprovada a suspensão dos pagamentos por conta e determinado reembolso imediato dos pagamentos especiais por conta já pagos e não utilizados.
No Orçamento Suplementar agora aprovado, globalmente negativo, o PCP atribuiu grande prioridade às medidas de apoio aos MPME. Conseguiu que algumas medidas fossem aprovadas, mas estes apoios são claramente insuficientes. No momento em que tantos milhões de euros são injetados em grandes empresas, não é aceitável que o Governo deixe morrer por falta de apoios milhares de pequenas empresas que constituem a base essencial do nosso tecido económico, mas com uma coisa estes empresários podem contar: o PCP não lhes faltará.
António Filipe – Deputado do PCP eleito por Santarém