A Ecolezíria admite encerrar o aterro da Raposa, em Almeirim, nos próximos meses e aguarda conclusões técnicas, a divulgar após as eleições autárquicas, para apoiar as decisões do futuro Conselho de Administração, avançou ontem a empresa intermunicipal.
“O encerramento definitivo do aterro prevê-se que esteja por meses, função naturalmente de produção de resíduos em cada um dos concelhos aderentes”, afirmou a Ecolezíria.
A empresa municipal foi questionada pela agência Lusa na sequência da petição pública lançada por um grupo de cidadãos do concelho de Almeirim, no distrito de Santarém, que exige o encerramento do aterro, alegando riscos ambientais, ausência de fiscalização e falta de transparência.
A Ecolezíria adiantou que está em curso “um trabalho de avaliação da situação em conjunto com a RSTJ – Gestão e Tratamento de Resíduos, desenvolvido por entidade externa”, cujas conclusões deverão ser entregues ao próximo Conselho de Administração, a eleger após as eleições autárquicas deste ano.
Segundo a empresa, esse trabalho visa “dotar o futuro executivo das ferramentas necessárias à tomada de decisão” sobre o encerramento do aterro.
A petição, que já ultrapassou os 600 subscritores, surgiu após um incêndio ocorrido em 23 de Abril no recinto do aterro, junto à Estrada Nacional 114, e denuncia “anos de queixas da população sobre maus odores intensos, degradação da qualidade de vida e ausência de respostas concretas por parte da empresa gestora”.
Em declarações à Lusa, um dos porta-vozes do movimento de cidadãos, Filipe Casimiro, afirmou que “não há respostas, não há datas, nem planeamento estratégico” sobre o futuro do aterro, acrescentando que a população se sente “desconsiderada e sem acesso a informação clara sobre o funcionamento do aterro”.
Questionada sobre o estado da licença de operação, a Ecolezíria garante que o Título Único Ambiental está válido até 28 de Setembro de 2028 e que todos os relatórios técnicos são comunicados às entidades oficiais “com a periodicidade definida”.
Relativamente aos incêndios, a empresa esclarece que os focos ocorreram “no parque de monos e não no aterro” e que foram adotadas medidas de separação de resíduos e cobertura com terras para prevenir novos incidentes e mitigar os odores.
Para prevenir novos incêndios, a Ecolezíria “está a efetuar a separação entre os vários resíduos nesse parque e está a efetuar o acompanhamento dos locais onde ocorreu o incêndio, uma vez que estão cobertos com terras para evitar a libertação odores”.
Quanto ao aterro, a empresa também está a cobrir os “resíduos com terras para evitar a potencial libertação de odores”, escreveu.
A Ecolezíria afirma ainda que “tem e sempre teve a preocupação de garantir que o aterro não cause qualquer impacto em termos ambientais e de saúde pública para a população”, reconhecendo a petição como uma “preocupação legítima” dos cidadãos.
O movimento entregou uma carta aberta à Junta de Freguesia da Raposa e uma exposição pública na Assembleia Municipal, solicitando uma reunião com todas as entidades envolvidas para esclarecimento público.
Os promotores garantem que a iniciativa “não tem qualquer ligação partidária” e visa assegurar que o tema “fica em ata” para ser tratado independentemente do executivo que venha a assumir funções.
A Ecolezíria é uma empresa intermunicipal responsável pela gestão, tratamento e valorização de resíduos urbanos nos municípios de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Coruche e Salvaterra de Magos, abrangendo uma população superior a 120 mil habitantes.
A sua atividade inclui a operação do aterro sanitário da Raposa, bem como outras infraestruturas de transferência e triagem de resíduos.