A Escola Alexandre Herculano, em Azoia de Baixo, reabriu por um dia, no passado domingo, para o lançamento do livro “Família e Aldeia – Memórias”, da autoria da Professora Maria Rosa Gonçalves Saboga Nunes.
Na sala de aula totalmente preenchida por familiares, colegas docentes da escritora e amigos, a apresentação da obra ficou a cargo de João Paulo Narciso, director do Correio do Ribatejo, contando ainda com intervenções de Adélia Esteves, directora do Agrupamento de Escolas Sá da Bandeira que elogiou a dedicação da autora do livro ao ensino, e de Fátima Rocha, da editora Código de Cores, responsável pela criação, paginação e impressão desta obra, para além da autora do livro, Maria Rosa, que sublinhou a importância da família: “sendo, essencialmente, um escrito de memórias que me ficaram de familiares que muito amei e que já não estão connosco, foi à sua memória que dediquei este meu livro”, assinalou.
“Na realidade, Família e Aldeia ocupam lugar de grande destaque na minha vida. A Família, porque Família. Seja ela pobre ou rica, de grande saber ou de pouca instrução, a Família será sempre a instituição que maior influência exerce na formação de hábitos e, sobretudo, do carácter: aí aprendemos, por preceito e por exemplo, os valores essenciais que vão nortear a nossa vida. Por isso, a Família será sempre, e para todos, muito importante. No que diz respeito à Aldeia, além de todos os meus antepassados mais próximos e eu própria aqui termos nascido e vivido, e além de a considerar uma das mais lindas de nosso Bairro, foi sem dúvida a saudade sentida em todos os anos que dela me ausentei que vincou em meu coração um sentir especial por este espaço”, afirmou Maria Rosa Nunes ao ‘Correio do Ribatejo’.
Para João Paulo Narciso, a quem coube a apresentação do livro, a autora “teve o poder de eternizar, com coragem, momentos, rostos, sorrisos e lágrimas, afinal, ingredientes que encontramos sempre que falamos em família. Histórias que raramente temos a ousadia de registar, muito menos em livro”, afirmou.
À ‘boleia’ de um livro que “abraça famílias” da Azoia, – os Gonçalves e os Saboga -, escrito entre os anos 2018 e 2020, vamos ao encontro do universo rural desta aldeia do concelho de Santarém, onde tudo é retratado com a minucia cuidada da investigadora que foi à procura das suas mais ancestrais raízes, cravadas na terra de Vale de Lobos em jeito de homenagem a Herculano.
A autora sentiu necessidade “de se meter à estrada da memória, de colocar esse laboratório mental a funcionar, território sagrado que nos ajuda a saber quem somos”, e onde procurou ser fiel ao que viu e ouviu, sem desperdiçar o que sentiu, na busca do que de mais pertinente pudesse transparecer das personalidades envolvidas na existência dos dois apelidos que honram esta numerosa família – os Gonçalves e os Saboga -, muitos deles a marcar presença no passado domingo, na escola de Azoia de Baixo que voltou a abrir as suas portas a gratas memórias de família.
Fátima Rocha, em nome da editora que imprimiu a obra, sobrinha da autora, confidenciou algumas das peripécias ocorridas desde a recolha dos textos e imagens até à paginação do livro, trabalho sempre seguido de perto pela autora da obra que contou com o incentivo do sobrinho Paulo Jorge e de muitos elementos recolhidos de uma sebenta, nas mãos da familiar Áurea que muito contribuíram para a concretização deste projecto.
Maria Rosa Gonçalves Saboga Nunes é filha de António Ferreira Saboga e de Ernestina Coelho Gonçalves Saboga. Nasceu em Azoia de Baixo a 1 de Abril de 1935.
Casou aos 24 anos de idade, no dia 9 de Agosto de 1959, com Alberto Narciso Nunes. Menos de um mês depois embarcaram no paquete Pátria, no dia 7 de Setembro desse mesmo ano, para Moçambique, como missionários. A sua actividade foi primeiramente em pleno mato africano, numa missão perto de Mocuba, a 200km da cidade de Quelimane. Em 1962 mudaram-se para Lourenço Marques (hoje Maputo) onde viveram durante sete meses. E já não se deslocaram sozinhos: Luís, o filho, nasceu no hospital de Quelimane em Outubro de 1960; e Lisete, a primeira filha em Novembro de 1961. Em 1964 depois de umas férias em Portugal, regressaram a Moçambique, desta vez para a cidade da Beira. Lá, nasceu a filha Daniela, em 1968.
Três filhos, cinco netos, 3 bisnetos, o Matias, a Francisca e o Afonso que interpretou a encerrar a sessão, uma canção que dedicou à bisavó.
A obra dedica o seu primeiro capítulo à Família Gonçalves trazendo-nos uma breve genealogia dos antecedentes dessa família e a sua árvore genealógica. O Segundo Capítulo aborda a Família Coelho Gonçalves e os descendentes de Alfredo Tanora Gonçalves. É aqui que começa verdadeiramente a narrativa, onde são actores Rui, Afonso e Ernestina Coelho Gonçalves, filhos de Alfredo Gonçalves e de Maria da Piedade Coelho.
O Capítulo III aborda a Família Gonçalves Saboga (Ernestina Coelho Gonçalves Saboga, António Ferreira Saboga (bisavô), António Ferreira Saboga (pai) e Maria Luísa Gonçalves Saboga Serra), bem como uma breve Genealogia da Família Saboga.
O livro termina com um olhar critico sobre o presente, nomeadamente nas alterações na paisagem da estrada que nos conduz à aldeia.