Campeã da Europa júnior, na categoria dos 10km em águas abertas, Mafalda Rosa nesta entrevista aborda a sua rotina e como se prepara para competições importantes, como os Jogos Olímpicos. Já tendo uma carreira cheia de provas, com apenas 20 anos, Mafalda já conquistou muitos títulos.

Como começou a tua paixão pela natação e o que motivou a fazê-lo profissionalmente?

Os meus pais inscreveram me na natação quando tinha 3 anos. Aprendi a nadar e mais tarde entrei para a pré-competição. Nessa altura começámos a fazer algumas provas, o que me despertou um interesse na competição. Pouco tempo depois entrei para o Clube de Natação de Rio Maior e vim a saber que o clube teve um atleta olímpico, Pedro Oliveira. Nessa altura decidi que o meu sonho seria chegar ao nível mundial e olímpico.

Já participou em muitas competições, em diversos países, que desafios enfrentas ao longo da carreira e de que forma os consegues ultrapassar?

Acredito que um dos maiores desafios é aceitar que por vezes também temos de falhar. Já falhei em várias provas importantes, assim como qualquer outro atleta. O importante é perceber o que correu mal, como corrigir, saber levantar e continuar a tentar.

Quais são os objectivos e de que forma se mantém motivada e focada para os alcançar?

Até ao início de 2024, o meu objectivo era qualificar para Paris. Como não foi possível, decidi adiar o meu sonho e espero qualificar para os Jogos Olímpicos em 2028. Para tal, preciso de ter um objectivo bem definido, gostar do que estou a fazer, ter vontade e ajuda daqueles que me rodeiam.

Qual foi a prova, na qual participou, que lhe é mais especial? E porquê?

Foi provavelmente o meu primeiro europeu de águas abertas de juniores. Tinha, na altura, 13 anos e foi a minha primeira prova internacional importante. Lembro-me de já estar a ir para o aeroporto e sentir-me triste por já ter acabado a aventura. Adorei tudo o que vivi nessa viagem. Estar no meio de tantas outras nacionalidades, conhecer um novo país, o desafio e a imprevisibilidade que a prova traz…

Qual o motivo pelo qual ainda continua no mesmo clube desde o início de carreira e com o mesmo treinador?

Penso que o maior motivo será o conforto e a confiança. Estou com o meu treinador desde que estava na pré-competição e confio plenamente na habilidade dele como treinador, pois foi ele que me trouxe até aqui. Estou muito feliz com a minha trajectória até agora e sou grata por todas as oportunidades que tive em Rio Maior. No entanto, sinto que estou num momento da minha carreira em que procuro novos desafios e oportunidades de crescimento. Estou disponível a explorar diferentes possibilidades que possam surgir.

Qual foi a sensação e a preparação que teve quando se estava a preparar para os Jogos Olímpicos 2024?

Estava maioritariamente ansiosa. Não foi a minha primeira qualificação e tenho de admitir que estava com receio em falhar novamente, porém, ao longo dos últimos meses de preparação, tudo indicava que estava na minha melhor forma, o que me deixou mais confiante. Apesar do resultado final, posso afirmar que estava realmente na minha melhor forma e que fiz uma das minhas melhores provas de sempre.

Como é o seu dia a dia? E como compatibiliza a vida pessoal com a natação?

O meu dia a dia, neste último ano, tem sido bastante simples. Nado das 9 às 11, depois ginásio ou cárdio das 11:30 às 12:30, almoço, durmo uma sesta, nado novamente das 15:30 às 18 e acabo o dia com uma sessão de recuperação (massagem, crioterapia/sauna). Como tenho os dias um pouco ocupados, é essencial aproveitar os espaços livres para sair um pouco da rotina e “espairecer a cabeça”.

Que conselhos daria para jovens que desejam tornar-se nadadores profissionais?

Provavelmente diria que o caminho não será sempre a direito. Vai haver dias bons e dias menos bons. O importante é ter calma, manter a cabeça fria e fazer o melhor possível.

Qual o nadador/a que olha como uma inspiração?

Como mencionei anteriormente, o Pedro Oliveira foi (e ainda é) um atleta que me inspirou, porém, existem outros nadadores, Ana Marcela Cunha, Sharon van Rouwendaal de águas abertas que são referências que um dia espero ultrapassar.

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