Nasceu há 25 anos, em Lisboa, mas é como escalabitano que se assume. Não só por ter vivido toda a infância e adolescência na “Capital do Império”, como pelo amor que tem pela região Ribatejana, amor esse que o leva a fazer religiosamente todos os fins-de-semana uma romaria a Santarém, cidade onde ainda vivem os seus pais e onde um dia espera voltar a morar. Do que aparenta este jovem músico, é fácil de perceber pela postura bem-disposta e determinada que está pronto para qualquer desafio, até porque, segundo ele, só assim se consegue superar todos os dias.

Quem é o João Feneja?
Eu sou um jovem completamente normal que teve a sorte de crescer pelo Ribatejo. Tirando isso tenho também o estranho passatempo de juntar a rapaziada ao sábado à tarde na garagem para fazer barulho (risos)

Sei também que tem um mestrado em Engenharia Informática, mas paralelamente vai procurando um espaço na música. Como é que surgiu este amor pela música?
É verdade! Sou engenheiro há relativamente pouco tempo e é esta a profissão que me paga as contas e me permite viver completamente desprendido de qualquer pressão artística. Até porque para mim, a música é um escape; é algo que faço por amor, amor esse que vou exprimindo ao ritmo que a vida deixa nas minhas cantigas. Mas este amor não é de agora. A aventura começou em 2008 por brincadeira quando um sobrinho meu começou a aprender a tocar guitarra. Eu, não tendo na família ninguém que tocasse qualquer tipo de instrumento ou que ouvisse música regularmente, achei aquilo de tal forma exótico que também quis entrar na festa. Claro que a partir daí nunca mais parei; foi literalmente amor ao primeiro toque (risos).

E quando é que percebe que este amor era mais sério?
Para ser franco não acho que haja um momento exacto da minha vida em que tivesse pensado isso, foi algo que fui descobrindo gradualmente. Desde os meus tempos na Ginestal Machado que passava muitas horas agarrado à guitarra. Agora, olhando para trás vejo essa altura como um enorme presságio relativamente ao presente. Claro que, depois dessa fase tive outras. A fase das bandas de covers, sempre com o objectivo de ir ao “Chuva de Estrelas” ganhar, mas éramos tão mauzinhos que ficávamos sempre para último (risos).
Quando entro na faculdade as coisas mudam de figura: “reformei-me” dos covers e comecei a juntar-me com os amigos ao fim-de-semana na “Taberna do Sebastião” a tocar umas modinhas. Claro está, que o que queríamos era ir beber uns copos de borla (risos). Onde tudo começa a aquecer foi com o projecto “Fruta do Chão” que é onde me estreio na escrita. A curta duração da “Fruta” conduz-me aos “Bons Malandros” em 2015, que foi onde tive pela primeira vez uma experiência exacerbada do que é o mundo da música, não só por ter sido a primeira vez que fizemos e gravamos um repertório 100% original, como por tudo o que aprendi. Quando em 2017 os “Malandros” acabam, percebi que o bicho da música não ia morrer e sentindo-me capaz de continuar lanço-me a solo, modo que mantenho até aos dias de hoje.

O videoclip da música “Capital do Império” é gravado em Santarém. Sendo o primeiro videoclip, idealizou desde o início gravá-lo na tua cidade?
Claro, nem fazia sentido ser de outra forma! Sendo a música um retrato empírico de Santarém, o mínimo que podia fazer era gravá-lo cá. Para ser coerente, teria sempre de pôr a figurar pessoas no teledisco que fossem de cá, para que todos os que o vejam levassem pelo menos um retrato sincero da juventude que por ainda cá anda.

Que mensagem pretende passar através da tua música e em particular através desta última, a “Capital do Império”?
A música, para mim, sempre fui uma forma de expressão. Ter mensagem não é condição sine qua non, às vezes tem outras vezes não. No caso da “Capital” fala de um fim-de-semana normal na minha vida, de como o tempo é sempre curto em Santarém, das tardes lentas a jogar snooker no Café Rufa, das constantes chamadas da mãe para vir para casa e das noites com os amigos até de madrugada. Esta música é uma homenagem à única cidade que sinto como casa! É um grito do Ipiranga a todos aqueles, que tal como eu, estão a morar longe para voltarem.

Tem mais músicas em carteira? Que planos tem depois deste “Capital do Império”?
Tenho mais umas quantas, sim. Umas dez acabadas e uma meia dúzia por acabar. Juntei também recentemente uma banda de amigos para tocar comigo em palco, os “Cupidos do Vietname”. Estamos a preparar-nos para sair, mas não tem sido tarefa fácil. Todo o processo de preparação de um concerto é demorado, ainda para mais quando não se tem disponibilidade absoluta. Enfim, citando o mestre Jorge Palma, “enquanto houver estrada para andar, a gente não vai parar”, portanto novidades vou dar, ainda não sei é muito bem quando.

Qual é o seu maior sonho na música?  
Tenho muitos, mas talvez fazer um coliseu com Miguel Araújo fosse o maior.


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