Faleceu nesta tarde de sexta-feira, dia 20 de Agosto, vítima de acidente, o Eng.º Carlos Filipe da Gama Empis, antigo Cabo do Grupo de Forcados Amadores de Santarém.
Natural de Valada do Ribatejo, onde nasceu a 25 de Abril de 1949, Carlos Empis notabilizou-se como Forcado do Grupo de Santarém, tendo-se estreado numa corrida em Salvaterra de Magos, a 30 de Abril de 1969, pegando um toiro de cernelha, que foi rabejado por Luís Sepúlveda. Ao tempo era Cabo Ricardo Rhodes Sérgio, figura maior da tauromaquia nacional. Nas temporadas seguintes Carlos Empis evidenciou-se como rabejador, sendo amiúde apontado como um dos melhores de todos os tempos, ficando memoráveis as pegas de cernelha que protagonizou com o seu amigo Eng.º Joaquim Pedro Torres, constituindo uma das mais aplaudidas duplas de cernelheiros.
Após o 25 de Abril, quando o Cabo José Manuel do Souto Barreiros foi viver para o Brasil, a acção de Carlos Empis na condução dos destinos do Grupo foi determinante, posto que viria a assumir a gestão de todas as situações, dentro e fora das praças. O Grupo era servido por um valoroso conjunto de forcados, capazes de responder a todos os desafios, porém, o aspecto mais relevante foi o espírito de amizade e de cooperação que Carlos Empis soube incutir em todos os forcados que envergavam a jaqueta dos Amadores de Santarém.
Por imposição dos Forcados do Grupo, secundados também na vontade dos antigos elementos, Carlos Empis viria a ser efectivado como Cabo do Grupo, o que aconteceu na corrida de 17 de Junho de 1979, tendo-se desincumbido desta função com elevada competência e inexcedível dedicação até ao dia 14 de Junho de 1981, cumprindo, assim, como era seu desejo, o espaço para uma liderança mais jovem, que viria a ser assumida pelo Eng.º Carlos Grave.
Mesmo após o termo da sua carreira de Forcado, Carlos Empis nunca deixou de acompanhar o Grupo na maior parte das suas actuações, colaborando sempre com todos os Cabos que lhe sucederam.
Ainda antes de envergar a prestigiada jaqueta de ramagens do Grupo de Forcados Amadores de Santarém, Carlos Empis já se destacara como cavaleiro tauromáquico amador, tendo participado em inúmeros espectáculos tauromáquicos, a maioria das vezes com fins de beneficência, chegando a alternar com Mestre João Branco Núncio e João Moura, entre outras figuras do toureio equestre. Em alguns espectáculos após lidar a cavalo, vestia a farda de forcado e ia ajudar o Grupo de Santarém.
Carlos Empis manteve sempre uma efectiva ligação ao meio tauromáquico tendo sido apoderado, entre outros, de João Moura, na fase mais brilhante da sua carreira, e de Emídio Pinto, com quem manteve uma intensa relação de amizade. Foi Irmão e Mesário da Santa Casa de Misericórdia de Santarém, tendo assumido durante algumas temporadas a responsabilidade de organizar as corridas de toiros na Monumental “Celestino Graça”, as quais originaram importantes receitas a favor da acção social e solidária da Misericórdia. Foi, igualmente, empresário tauromáquico levando a efeito corridas de toiros em diversas praças de toiros portuguesas, nomeadamente, na Nazaré.
Aficionado dos mais conhecedores do mundo taurino, Carlos Empis colaborou em diversas iniciativas, entre as quais se destaca a Feira do Toiro, um dos eventos de maior relevância a nível mundial, e que teve como principal organizador o seu amigo Eng.º Joaquim Pedro Torres.
Como qualificado técnico agrícola, o Eng.º Carlos Empis dedicou boa parte da sua actividade profissional ao serviço das empresas Irricampo e Valinveste, as quais se evidenciaram na modernização da cultura cerealífera no nosso país.
Para todo o sempre lembraremos o Eng.º Carlos Empis como um Homem bom, de carácter e honradez a toda a prova, amigo do seu amigo, e competente em tudo aquilo a que se dedicava. A Agricultura e a Tauromaquia perderam hoje um dos seus mais dedicados e competentes membros.
Apresentamos a expressão das nossas sentidas condolências à Ilustre Família enlutada, em especial a seu Filho, Francisco Empis, e ao Grupo de Forcados Amadores de Santarém. Que descanse em Paz!
Ludgero Mendes