A Farmácia Batista, em Santarém, está a oferecer um serviço que reduz a possibilidade de ocorrência de erros com a medicação. Este serviço é designado por PIM (Preparação Individualizada da Medicação) e destina-se a todas as pessoas que tomam vários medicamentos a diferentes horas do dia, em especial doentes que façam confusão ou se esqueçam da toma da medicação.

Este serviço consiste na organização da medicação de forma sequencial e organizada pela hora da toma e pelos dias da semana. Na Farmácia Batista a medicação é organizada em embalagens descartáveis e seladas onde consta a identificação dos medicamentos.

As caixas dispensadoras descartáveis são preparadas na farmácia, sob a supervisão de um farmacêutico, no estrito cumprimento das prescrições médicas dos utentes.

A fácil abertura destas embalagens torna a sua utilização prática e segura e as imagens de fácil interpretação permitem uma leitura clara e simples dos dias e das tomas dos medicamentos.

Este serviço, gratuito, é, também, um apoio e garantia de segurança na gestão de medicação e uma medida de alcance social, como refere a directora técnica da Farmácia Batista, Manuela Estêvão.

“Promove-se o uso correcto e racional do medicamento e potencia-se a terapêutica prescrita pelo médico e o controlo da doença. A vida dos doentes e seus familiares fica muito facilitada e retira-lhes a pressão de uma terapêutica errada com todas as consequências inerentes”, explicita.

“Este é um projecto a pensar nos idosos… Quem convive com eles sabe que eles não querem muita coisa… Eles querem sentir que não são desprezados”, refere ainda.

Nesta entrevista, a responsável fala ainda do processo de vacinação contra a gripe e a Covid-19, que deverá arrancar hoje, 29 de Setembro, no âmbito da Campanha de Vacinação Sazonal de Outono-Inverno 2023, sendo que as farmácias vão poder administrar em simultâneo as duas vacinas.

Segundo Manuela Estêvão, as vacinas que vão chegar às farmácias nos primeiros dias da campanha de vacinação, não serão suficientes para dar resposta às reservas já feitas pelos utentes.

Em que consiste, a quem se destina e como funciona a Preparação Individualizada da Medicação?

O processo foi feito a pensar, sobretudo, nos idosos. Portugal é dos países com maior percentagem de idosos, mas não está preparado para cuidar deles. As instituições não chegam e verificamos que há muitos sem o apoio necessário. Eles [idosos] trabalharam uma vida inteira e, neste momento não têm nada. Eu acho que a população activa devia ter vergonha de ter os idosos como tem. Temos aqui, no centro histórico, um casal de idosos que são o paradigma do que se passa a nívelnacional: têm demência, não vão para uma instituição por falta de capacidade financeira e coabitam com roedores. A farmácia já identificou o problema, mas isto, infelizmente, não é caso único. A população activa tem que tomar consciência da situação dos seus idosos.

A farmácia identificou o caso, notificou a instituição que lhes vem trazer refeições, a polícia já lá foi e tirou fotografias… mas e a sociedade vive indiferente a isto.

E pessoa está ali, naquelas condições, porque não tem capacidade financeira para ir para uma instituição. Neste país só se trata, e só tem assistência quem tem dinheiro.

Neste enquadramento – de os idosos não terem nada, nem ninguém – o que estamos a fazer é ir a casa levar-lhes os medicamentos. Muitas vezes, é a única forma do idoso contactar com alguém.

Ao fazermos isto, é forma do idoso não se sentir completamente marginalizado. Agora, verificamos que muitas pessoas que vêm à farmácia apresentam determinadas patologias por uma terapêutica errada.

Aí, nem é só nos idosos, até os mais novos, esquecem-se se tomaram ou não o medicamento.

Nós decidimos, assim, avançar com a preparação individualizada da medicação, sobretudo para as pessoas que estão em casa, ou os que não querem ir para instituição ou não têm capacidade para isso. É uma forma de tomarem a medicação correcta.

Como é feito o processo?

É tudo preparado por um farmacêutico, que cumpre a indicação médica: a medicação é preparada na farmácia em função da prescrição médica, depois será levado a casa do idoso e é-lhe explicado como deve proceder. Assim evitam-se situações de sobredosagem ou de não cumprir com a terapêutica, e o idoso fica descansado, e fica também o familiar descansado.

Nos casos de controlo da tensão arterial, por exemplo, podem acontecer problemas graves, e é muito importante manter a medicação correcta.

É uma forma social de dar apoio aos nossos idosos. Temos que ter consciência que a responsabilidade de tratar dos idosos é de todos, da população activa. Há pessoas que a farmácia acompanhou uma vida inteira e chega a esta fase da vida e eles precisam de nós.

Neste momento este projecto abrange quantas pessoas? E qual foi o investimento necessário?

A farmácia teve que investir num sistema informático, computador e tem os “blisters” de dispensa, para além de um farmacêutico dedicado, que tem que introduzir os dados de forma rigorosa, e depois a própria máquina faz a divisão automaticamente.

Se nos propusemos a apoiar os idosos foi necessário este investimento, e temos já cerca de 100 pessoas que aderiram a este processo. Eu acho que a iniciativa pode ajudar a resolver problemas graves no que diz respeito à terapêutica dos idosos.

As farmácias sempre estiveram na primeira linha dos cuidados de saúde e vão ser chamadas, mais uma vez, a cumprirem com a vacinação, este ano, pela primeira, vez a incluir a do Covid-19. Como está a ser o processo?

Trata-se de um processo que eu qualificaria de muito atrapalhado. Nunca sabemos nada: recebemos alguns e-mails contraditórios ao longo dos dias. Por parte da Farmácia, temos três farmacêuticos certificados para poderem administrar as vacinas, da parte do Serviço Nacional de Saúde, ainda é tudo uma incógnita. As vacinas vão ser enviadas pelo SNS e, por isso,estamos dependentes sempre do envio da parte deles. Se todo este processo não funcionar, a responsabilidade não pode ser imputada às farmácias. Temos todas as condições para o fazer, com algum prejuízo até para a farmácia, dado que, pelo menos um farmacêutico tem que estar todo o dia ao serviço da vacinação.

Mas há toda uma logística que nos ultrapassa completamente. Uma coisa posso garantir: houve uma preocupação rigorosa ao nível de todas as farmácias no sentido de terem as equipas preparadas para ministrar vacinas.

É necessária formação, estamos preparados, temos já utentes que querem levar a vacina na Farmácia Batista. Agora, surge o problema de como é que vamos marcar? Depois, temos que ir ao boletim de vacinas, abrir no sistema, porque se não for Pfizer ou Moderna não pode ser ministrada na farmácia. Temos que ministrar, é preciso o cliente estar meia hora nas farmácias posteriormente a ser vacinado.

É preciso registar quem foi vacinado e depois temos que estar preparados para uma possível reacção, que pode acontecer em qualquer situação.

Nos anos anteriores o Ministério da Saúde chamou para os Centros de Saúde quase toda a vacinação e este ano, de um momento para o outro, passaram o ónus para as farmácias e é complicado garantir um bom serviço se não somos nós a garantir toda a logística, da chegada das vacinas às farmácias.

Se marcamos os utentes para um determinado dia, eles chegam á farmácia, e se não chegarem vacinas para aquele dia como se faz? No dia seguinte também já temos pessoas marcadas.

Nós [Farmácias] somos parceiros do SNS e temos cumprido com as nossas obrigações. Mas isso é quando depende inteiramente de nós. O principal, a matéria prima, digamos, não depende de nós.

Pode correr muito bem ou muito mal, é uma incógnita. Tudo depende do envio atempado das vacinas. Temos umas fichas que os utentes preencheram a dizer que vacina pretendiam tomar e se querem levar em conjunto ou separadas.

Há quem tenhas patologias associadas, que deviam ser vacinadas num local que não é a farmácia. Apesar de termos meios de socorro para alguma situação complicada, há coisas que, idealmente, precisam de estar em Centro de Saúde. Numa situação dessas, necessitamos de socorro rápido. O choque anafiláctico é uma coisa que pode acontecer. E, numa situação destas, não se pode arriscar. Temos que ter respostas, estando preparados, se nada acontecer é óptimo, mas temos que estar preparados. Seria mais fácil fazer a divisão de forma a serem as farmácias a darem todas as vacinas da gripe e o Estado as do Covid.

Antes, em Junho, dizíamos quantas vacinas queríamos, e elas começavam a chegar à farmácia. E nós, em função do que tínhamos, íamos programando. As pessoas sabiam quando podiam vir. Sem isso, não podemos planear.

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