Os trabalhadores da empresa Nobre Alimentação, em Rio Maior, cumprem hoje o primeiro de dois dias de paralisação no âmbito da 24.ª greve realizada desde 2023, registando uma adesão superior a 90%, segundo o sindicato.
A paralisação de dois dias, convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos (SINTAB) para denunciar a falta de vontade da empresa para negociar o caderno reivindicativo dos trabalhadores, conta neste primeiro dia com “um balanço positivo”, disse à agência Lusa o dirigente sindical Diogo Lopes, estimando “uma adesão acima dos 90%”.
Apesar de, esta manhã, não haver ainda um registo concreto do número de trabalhadores em greve, “pelo número de carros no parque de estacionamento, conseguimos perceber que a adesão é muito boa, porque os carros são muito menos do que o habitual nas outras greves, o que é um bom indicador”, explicou Diogo Lopes.
Esta é a 24.ª greve convocada pelo sindicato desde 2023, face à indisponibilidade da Nobre Alimentação, em Rio maior, no distrito de Santarém, em negociar o caderno reivindicativo entregue pelos trabalhadores, continuando sem apresentar uma contraproposta, mesmo após duas reuniões de conciliação (a um de Setembro e em 23 de Outubro) na Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).
A greve continuará na segunda-feira e os cerca de 40 trabalhadores que se concentraram em frente à empresa decidiram também “dar continuidade à greve no próximo mês”, em data ainda a definir, mas que deverá coincidir com a data de uma greve geral que deverá ser decidida no sábado, durante a manifestação organizada pela CGTP-IN.
No caderno reivindicativo os trabalhadores da Nobre exigem um aumento salarial de 150 euros, a valorização do subsídio de refeição (dos atuais 5,50 euros para oito euros) e do trabalho noturno, a alteração do valor das diuturnidades, o direito a 25 dias de férias e o fim do recurso à contratação precária, entre outras reivindicações.
Sindicato e empresa têm marcada nova reunião de conciliação na DGERT para o dia 17 de Dezembro, data em que segundo Diogo Lopes, “a administração se comprometeu a apresentar um contraproposta”, porém, acrescentou, “já tinha tido a possibilidade de o fazer nas duas reuniões anteriores e não o fez”, pelo que os trabalhadores vão voltar a paralisar em dezembro.
“Continuamos com a expectativa de que, realmente, apresentem uma proposta, mas se for uma proposta idêntica às últimas, de cinco euros de aumento, não vai ser aceite, certamente, porque não é isso que resolve o problema dos trabalhadores”, disse Diogo Lopes.
A Lusa contactou a Nobre Alimentação mas ainda não obteve resposta.
Em comunicado a Direção da Organização Regional de Santarém do Partido Comunista Português (DORSA do PCP) saudou hoje “calorosamente os trabalhadores da Carnes Nobre” pela luta e que considera “um exemplo e um estímulo para outros setores da região”.
No texto o PCP reafirma a sua solidariedade com estes trabalhadores, “valorizando a sua unidade e combatividade”.
