Bem se pode dizer que o Grupo Académico de Danças Ribatejanas, de Santarém, honrou os seus pergaminhos de quase setenta anos de existência e de ininterrupta actividade alcançando um grande sucesso nos diversos espectáculos em que participou em representação do folclore ribatejano e português no Festival Internacional de Folclore de Frydek-Mîstek, na região da Morávia-Silésia, da República Checa.

Este prestigiado Festival celebrou este ano a sua 28.ª edição, contando com a participação de grupos folclóricos da Eslováquia, da Indonésia, da Polónia, de Portugal e do Quénia, os quais partilharam os diversos palcos com catorze agrupamentos folclóricos checos, proporcionando todos no seu conjunto magníficos espectáculos de arte, de emoção e de beleza.

Do vasto programa do Festival constavam actuações em diferentes localidades da região, dois ateliês em escolas públicas, uma recepção oficial no Conservatório de Música local, um desfile etnográfico e um concerto de música folclórica, às quais afluiu um público numeroso e muito afável que aplaudiu com insuperável vibração e entusiasmo todos os grupos, o que proporcionou uma ambiência memorável.

Ludgero Mendes, director do Grupo Académico de Danças Ribatejanas, deu-nos conta do sucesso alcançado pelo Grupo que dirige, salientando que “para além das calorosas ovações dirigidas ao Grupo e da simpatia com que o público saudava os jovens componentes do Grupo, o mesmo sucedendo no desfile etnográfico no centro da cidade, o que mais sensibilizou a comitiva escalabitana foi o entusiasmo de centenas de crianças nas animações realizadas em dois estabelecimentos de ensino primário e liceal, o que ficou bem expresso na interacção que se estabeleceu em ambos os casos com as crianças a dançarem tão alegremente com os bailadores escalabitanos”.

Esta situação resulta do facto de os estabelecimentos escolares na Chéquia, ao nível destes graus de ensino, atribuirem muita importância às tradições culturais populares, sensibilizando as crianças para o conhecimento da diversidade cultural ao nível do mundo, o que vão experienciando ao longo da sua formação através destas actividades proporcionadas em conjunto com o festival.

Os espectáculos principais do Festival decorreram numa das mais emblemáticas praças da cidade, evocativa da independência da República Checa, acolhendo, por isso, as principais manifestações culturais e políticas que ocorrem nesta cidade. Num ambiente muito agradável o palco estava no centro do espaço, rodeado por dezenas de estruturas onde funcionam mostra e venda de artesanato e de produtos locais e espaços de restauração e de bebidas, quase sugerindo a evocação de um festival de gastronomia.

O Grupo Académico de Danças Ribatejanas exibiu-se num nível técnico e artístico muito elevado, pelo que todos os componentes estão de parabéns, e o apoio do público, numeroso e muito animado, acompanhando a maioria das danças com os seus aplausos, mais contribuiu para o sucesso alcançado.

Sem sombra de dúvidas que a diversidade do quadro etnográfico apresentado pelo Grupo Académico, representando as três subregiões etnográficas do Ribatejo – Lezíria, Bairro e Charneca – valorizaram substancialmente estas actuações, bem assim como as alegres melodias e a vivacidade das coreografias, posto que os restantes grupos participantes, todos eles de inquestionável qualidade, se tornavam muito sóbrios e monótonos em comparação com o grupo escalabitano.

O tipo de espectáculos que preenche o programa do festival é muito curioso, na medida em que há animação durante quase todo o dia, para o que contribuem cerca de quinze agrupamentos folclóricos da região, e nos horários nobres actuam os grupos estrangeiros, pelo que o público que se vai dispersando durante uma boa parte do dia entre as “tasquinhas” e o palco, e se concentra massivamente frente ao palco quando actuam os grupos estrangeiros, proporcionando, então, uma ambiência extraordinária.

Por diversas razões, falharam a sua participação dois grupos folclóricos estrangeiros, o que exigiu que o Grupo Académico tivesse mais actuações do que as que estavam inicialmente previstas, porém o Grupo respondeu com uma disponibilidade e um empenho insuperáveis, pelo que uma vez mais os componentes do Grupo merecem os maiores encómios da parte de Ludgero Mendes.

Só no sábado, dia 21 de Junho, data em que se assinalava mais um ano sobre o infausto falecimento da Dra. Graça Maria Graça, antiga directora dos Grupos Infantil e Académico de Santarém, o Grupo Académico fez um desfile pelo centro da Cidade com um percurso de 1500 metros, fez uma primeira actuação de dez minutos, ao meio dia, na Praça Svoboda, fez uma actuação de 35 minutos em PasKov, cidade a cerca de 20 kms de Frydek-Mîstek, e fez outra actuação de 35 minutos no palco principal na Praça Svoboda. E esteve sempre a um nível muito elevado. Parabéns.

No domingo, dia 22 de Junho, último dia do Festival, alcançou mais um grande êxito na Gala de Encerramento, que teve lugar no Centro de Artes e Cinema Vlast, perante as mais representativas entidades políticas e culturais da cidade e da região. Foi uma actuação de apenas dez minutos, porém, talvez, a mais exigente do ponto de vista técnico e artístico. Uma vez mais o público foi eloquente nas suas manifestações de agrado e de afecto.

Ainda na madrugada de segunda-feira o Grupo Académico viajou para Praga, de modo a poder aproveitar a oportunidade de visitar esta magnífica cidade capital da Chéquia, antes de iniciar o regresso ao nosso país, e à sua sede, onde imensos familiares e amigos dos Componentes do Grupo os aguardavam com inusitada ansiedade e redobrado orgulho, tanto mais que nas redes sociais tem sido possível dar eco desta excelente digressão, mais uma que tanto prestigia o glorioso historial do Grupo Académico.

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