A urgência da Maternidade do Hospital de Santarém está hoje a funcionar normalmente, já que os testes ao SARS-Cov-2 realizados domingo a 90 profissionais, incluindo sete anestesistas que tinham estado em contacto com uma colega infectada, tiveram resultado negativo.
A presidente do Conselho de Administração do Hospital Distrital de Santarém (HDS), Ana Infante, disse hoje à Lusa que “o pior cenário não se concretizou”, pois os resultados dos testes realizados no domingo deram todos negativo.
O HDS anunciou no domingo ter solicitado ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) o encaminhamento de grávidas urgentes para outros hospitais, por, no sábado, ter sido conhecido o resultado positivo do teste realizado a uma médica anestesista.
Ana Infante afirmou que, tendo os testes tido resultado negativo, os sete anestesistas que tinham sido colocados em isolamento podem regressar ao trabalho, permitindo que se realizem as cirurgias programadas.
Sublinhando que a Urgência cirúrgica nunca esteve em causa, a administradora do HDS frisou que, no domingo, a situação apenas se colocou com a Urgência obstétrica, por não ter sido possível, no imediato, arranjar uma anestesista substituta.
“Neste momento, a situação voltou à normalidade”, declarou.
Ana Infante afirmou que, na sequência do surto iniciado há uma semana no serviço de Medicina Não-Covid, o HDS tem neste momento 45 profissionais infectados e 64 em isolamento.
Contudo, afirmou, esta semana começam a regressar os profissionais que, “ou já fizeram os dez dias de doença e já estão curados, ou os 14 dias de quarentena”.
Em comunicado, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses considerou hoje a situação no Hospital de Santarém “grave” e “inadmissível a tentativa de desvalorização por parte da administração”.
Segundo o SEP, há neste momento um total de 46 enfermeiros ausentes, “uns por estarem infectados e estarem em isolamento profiláctico, e outros em quarentena para vigilância”.
O sindicato afirma ser “inaceitável” que a administração do HDS não se tenha preparado para uma “segunda onda da pandemia, já esperada”, sublinhando que “os enfermeiros alertaram durante o Verão para a escassez” de profissionais, o “elevado número de horas extraordinárias e exaustão das equipas”.
“As contratações ao longo do ano sempre se demonstraram insuficientes e, inadmissivelmente, continuam a recorrer a ilegalidades com é o caso de horários de 12 horas e, agora, é colocar enfermeiros chefes na prestação de cuidados”, afirma o comunicado.
O SEP responsabiliza a administração do hospital, o Ministério da Saúde e o Governo pela situação “com que os profissionais estão confrontados por ausência de medidas de tampão no acesso aos serviços de internamento do hospital e, em consequência, pelo aumento dos ritmos de trabalho dos enfermeiros”.
Para o sindicato, a situação no HDS “demonstra que todos os profissionais estão na linha da frente do combate à pandemia e não apenas aqueles poucos que o Governo decide para poupar no prémio e no subsídio de risco”.