O jovem matador português João Silva “Juanito” esteve uma vez mais em grande plano em Zafra, logrando acompanhar os seus conceituados alternantes – Miguel Ángel Perera e Alejandro Talavante – na saída em ombros após o termo da lide do último toiro de Álvaro Nuñez, que foi o pior da corrida, em tarde em que a divisa espanhola não saiu a contento nem de toureiros nem do próprio ganadero, excepção feita ao excelente “quinto de la tarde”, que foi muito justamente indultado. Sem serem mansos perdidos, saíram escassos de forças e transmitiram pouca emoção.
O muito que foi dado ver ao numeroso público que afluiu ao tauródromo de Zafra – entre os quais pontificavam muitos portugueses – foi-lhe dado pelos toureiros que os enfrentaram e que, a bem dizer, inventaram toiro onde ele não existia.
Miguel Ángel Perera esteve em grande plano logrando cortar uma orelha a cada um dos seus dois oponentes, tendo de recorrer ao elevado ofício e à comprovada técnica para superar as dificuldades com que foi confrontado.
Alejandro Talavante esteve enorme na sequência dos grandes triunfos que tem alcançado. O primeiro toiro do seu lote saiu complicado e desluzido, porém o matador extremenho empenhou-se a sério e tirou muita água de um poço seco, como sói dizer-se em gíria taurina. Esteve poderoso, muito tecnicista e dominador, pelo que as duas orelhas que logrou cortar foram muito merecidas. Lá viria o “quinto de la tarde”, toiro boníssimo que foi eloquentemente aproveitado por Talavante que bordou o toureio, numa expressão de arte e de mando extraordinária. Templou, lidou com profunda elegância e dominou quanto quis, ao ponto de convencer o presidente da corrida dos méritos do seu oponente, que, justamente, foi poupado à morte, sendo o diestro premiado simbolicamente com as duas orelhas e rabo. Bom prenúncio para a sua apresentação esta quinta-feira na “Palha Blanco”.
“Juanito” demonstrou uma vez mais as suas excelentes aptidões e a maturidade já alcançada, pois tanto se impõe frente a toiros complicados e perigosos, como não se perde artisticamente perante toiros mais colaborantes, a todos superando e expendendo um toureio de alto nível técnico e artístico.
Já o ano passado aqui dissemos que o jovem matador monfortense está preparado para os maiores desafios na campanha espanhola, embora tenhamos consciência das dificuldades que é preciso vencer para disputar um lugar nas mais mediáticas feiras taurinas do calendário internacional. A consagração está cada vez mais próxima.