O Lar de Santo António, em Santarém, assume que o grande projecto, de futuro, é a construção da creche. Mesmo sabendo que é um processo que “vai levar o seu tempo”, Maria Emília Rufino, presidente da direcção desta secular instituição, acalenta a esperança de avançar com o projecto.

Em conversa com o Correio do Ribatejo, durante uma visita realizada ao Lar de Santo António por ocasião da celebração do seu padroeiro, a responsável revelou que a construção desta valência teria um impacto muito positivo para a cidade.

“Um projecto que queríamos desenvolver era o da criação de uma creche, porque acho que temos essa capacidade. Temos capacidade de oferecer um serviço que vá ao encontro das necessidades das pessoas, uma vez que funcionamos 365 dias por ano. Temos sempre a possibilidade de dar algo de diferente e seria importante para a sustentabilidade da instituição”, revelou.

Embora este seja o horizonte, Maria Emília Rufino sublinha que a prioridade permanente é manter as actuais instalações e valências a funcionar no apoio a crianças e jovens.

O Lar de Santo António tem o estatuto de instituição particular de solidariedade social (IPSS) e a sua actividade está há mais de 150 anos ligada ao apoio à infância e juventude. Inicialmente só recebia raparigas, mas desde 2020 acolhe jovens de ambos os sexos, dos cinco aos 18 anos.

Questionada pelo Correio do Ribatejo acerca do papel que a instituição tem tido em Santarém, a responsável é peremptória:

“O Lar de Santo António representa, para a cidade, a mão das pessoas dada às crianças”.

“No fundo é o que fazemos. É dar a mão, no sentido de as ajudar a encontrar o seu caminho. Nós não podemos fazer caminho por ninguém, mas podemos tentar amparar esse caminho e guiá-las nesse caminho. Estas crianças são-nos entregues e são uma responsabilidade nossa como povo, como nação, como comunidade”, explicita.

Foi em 1995 que Maria Emília Rufino assumiu funções directivas numa instituição que todos os anos se tenta “vestir de novo”.

“Cada ano novas de pessoas, e alguma coisa tem que mudar perante o novo público. Aqui, também é assim. Quem cá está há mais tempo vai crescendo e quem vem, vem diferente. Vem de outras áreas, com outras experiências. Há sempre necessidade de nos adaptarmos. E temos que ter a preocupação de fazer uma intervenção individualizada a cada uma das nossas crianças. Há coisas que são comuns, mas cada jovem é uma jovem”, refere.

“A nossa missão tem a ver com a formação dos jovens. Nas vertentes de autonomia cívica e pessoal. Vamos ao encontro das necessidades da comunidade. Transparência, solidariedade, sustentabilidade: são esses os nossos valores”, vinca Maria Emília Rufino.

O Lar de Santo António da Cidade de Santarém encontra-se instalado no espaço físico que outrora foi um edifício conventual dos Eremitas Calçados de Santo Agostinho (Gracianos). A fundação deste convento ficou a dever-se a D. João Teles de Menezes e sua esposa, D. Guiomar de Vilalobos, nos finais do século XIV. A primeira pedra do edifício veio a ser lançada em 16 de Abril de 1380.

Em 1872 é fundado o Lar de Santo António da Cidade de Santarém, que irá desenvolver a sua obra de apoio à criança. Aqui esta encontra a “casa” que a sua família não lhe pode oferecer, pelos mais variados motivos.

Em 1987, esta Instituição é integrada nas Associações de Solidariedade Social, tendo hoje o estatuto de Instituição de Solidariedade Social. Entre os beneméritos mais antigos do Lar encontra-se o Padre Francisco Nunes da Silva (Padre Chiquito).

Da mesma forma que o modo como uma família funciona afecta o crescimento dos seus filhos, também o modo de funcionamento de uma Instituição pode determinar o crescimento da criança que acolhe.

É, por isso, missão da Instituição garantir às crianças/jovens a satisfação das suas necessidades básicas em condições de vida, tão aproximadas quanto possível das de uma estrutura familiar, certos de que numa dinâmica familiar todos deverão desempenhar um papel com o objectivo de garantir que a célula familiar funcione de forma saudável e harmoniosa.

O Lar de Santo António tem, ainda, como prioridade que o desenvolvimento de cada criança/jovem assente num quadro de valores que lhes permita conhecerem- se a si próprias, tenham respeito para com os outros, sejam responsáveis e adquiram comportamentos adaptativos à realidade.

Sendo o acolhimento de qualquer criança/jovem desejavelmente provisório, é fundamental que se trabalhem modelos educativos mais adequados aos novos contextos e às novas realidades. Neste sentido, a intervenção procura promover a autonomia, a valorização pessoal, social, profissional e confronte a criança/jovem com as suas competências, potenciando-as.

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