Tem mais de 40 metros de altura, três mil metros de tecido e outros tantos de fitas estruturais e, a partir de terça-feira, o maior balão de ar quente comercial do mundo começou a voar nos céus do Ribatejo.

Com capacidade para 34 pessoas (32 passageiros, um piloto e um tripulante), o maior balão a voar comercialmente no mundo foi apresentado em Coruche, onde decorre até domingo o Flutuar – III Festival de Balonismo de Coruche.

As nuvens baixas impediram que, depois de insuflado, o ‘gigante’ dos céus, pintado com a panóplia de cores que compõem o arco-íris, subisse. Uma decisão tomada em prol da segurança dos passageiros e explicada à Lusa por Guido dos Santos, da organização e direcção técnica do festival.

“Era para levantar já [depois da apresentação]. Neste caso, a meteorologia não ajudou, havia nuvens baixas, se o tempo ajudar esperamos que voe no dia 1, 2 e 3”, começou por explicar.

O levantar dos balões de ar quente está dependente da meteorologia e, apesar das previsões apontarem chuviscos que deviam ocorrer depois das 09h00, o “tecto” de nuvens estava muito baixo, pelo que a direcção do festival optou pela não subida.

“As nuvens estavam numa zona baixa e se fossemos aterrar numa zona mais alta, podíamos não ver os cabos de alta tensão, os postes, era correr riscos sem necessidade”, frisou Guido dos Santos, reconhecendo que a experiência de andar de balão é para ser “uma coisa simpática e tranquila e não um terror, daí ter de seguir as regras”.

A azáfama começa cedo. Por volta das 6h15 começaram a chegar ao local, um descampado em Coruche, os carros dos balonistas, a sua maioria com atrelados onde seguem, devidamente acondicionados, os cestos e os balões ainda enrolados.

A maioria são estrangeiros, que começam a desenrolar o tecido que compõe o balão, colocando o cesto em posição para ser amarrado. Depois, potentes ventoinhas insuflam o balão, sendo o “toque final” dado já com o gás.

Ao longe os populares começam a observar o que se passa e um casal de turistas acaba por ter um lugar na primeira fila ao abrir os bancos de campismo que trazia na autocaravana e a sentar-se de frente para os balões, que começam a tomar forma com o ar quente.

“Estamos em Portugal há três semanas. Viajámos numa caravana e já passámos por Frankfurt, Madrid e Lisboa. Chegámos na segunda-feira à noite a Coruche, soubemos que ia acontecer este festival”, explicou à Lusa Beth Ann Mollin.

Com o companheiro Shaw, Beth adiantou que moram no Hawai, nos Estados Unidos, e que apesar das belas praias da ilha, ficaram encantados com as praias portuguesas.

Cerca de uma hora depois, pelas 07h15, já estão insuflados o palhaço de cabeça para baixo ou o cão azul Bidú, bem como o maior balão do mundo de ar quente suspensos no ar.

Em Portugal, os voos são feitos às primeiras horas da manhã e somente durante um par de horas, já que, conforme explicou o director do festival, “é quando a atmosfera está mais estável”, já que ao longo da noite a atmosfera arrefece.

“Desde o nascer do Sol, duas horas para a frente é quando é mais estável, daí para a frente começa a haver actividade térmica, isto no verão, e deixa de haver condições para voar. No inverno podemos voar de manhã e no final do dia”, explicou.

No ano passado passaram pelo festival cerca de 15 mil pessoas. Este ano, a organização prevê pelo menos 20 mil, apesar da previsão meteorológica para o fim-de-semana, de acordo com Guido dos Santos, “não ser muito simpática, sendo que ainda pode mudar”.

Com 30 anos de experiência na prática do balonismo a sobrevoar Portugal, a Windpassanger, empresa organizadora do festival, já proporcionou voos a mais de 30 mil pessoas, sendo que só este ano, e segundo Guido dos Santos, “três mil pessoas já tiveram essa experiência”.

O responsável reconhece que os preços de um voo de balão de ar quente não é acessível à maioria das carteiras, pelo que anunciou a criação de um bilhete ‘low cost’, às segundas feiras e com menos tempo de voo.

Desta forma, a experiência fica a metade do preço “para ser mais acessível a todas as carteiras e permitir que mais pessoas possam voar”, admitiu, lembrando que os balões de ar quente povoam o imaginário das pessoas desde crianças com as imagens nos livros ou nos desenhos animados.

A terceira edição do Flutuar tem este ano 33 balões, de equipas nacionais e estrangeiras, alguns dos quais apresentam formas como o rosto do pintor holandês Vincent van Gogh ou de Bidu, primeira personagem do cartoonista brasileiro Maurício de Sousa.

Haverá ainda uma “Superbike” de 37 metros de altura e 46 de largura, sendo que os voos livres de balão vão acontecer às 7h00 em todos os dias do evento, com reforço de um segundo voo às 16h00 na sexta-feira, sábado e domingo (1, 2 e 3 de Novembro), havendo “promoções especiais”.

O festival tem este ano “mais actividades para toda a família”, proporcionando, além dos voos livres de balão, um programa, de 1 a 3 de Novembro, que inclui jornadas de gastronomia tradicional, feiras do livro e artesanato.

O evento, organizado pela Windpassenger e pela Câmara de Coruche, procura ainda consciencializar o público para a importância da floresta de montado, com as viagens de balão a sobrevoarem as paisagens dominadas pelo sobreiro e pelo rio Sorraia.

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