Natural da Chamusca, Rui Tanoeiro é uma das vozes emergentes do fado ribatejano. Com uma ligação profunda às tradições da sua terra e à cultura popular do Ribatejo, o fadista lança agora “Paga por Paga”, o seu segundo álbum, com direcção musical de Custódio Castelo e a participação de artistas como Jorge Fernando e Ana Paula Martins. Depois da estreia em 2021 com o seu primeiro trabalho a solo, Rui Tanoeiro regressa com um disco mais maduro, construído sobre a experiência e o crescimento pessoal que o fado lhe tem proporcionado.
Entre a gratidão às origens e o respeito pelos mestres, o músico afirma-se como intérprete e compositor fiel à essência do fado, mas aberto à renovação e à autenticidade das emoções. “Paga por Paga” será apresentado a 30 de Novembro, no Cineteatro da Chamusca, numa celebração que marca um novo capítulo no percurso de um artista que fez do Ribatejo o centro da sua voz e da sua identidade.
O Rui nasceu e cresceu na Chamusca, uma terra de fortes tradições. De que forma é que esse enraizamento influenciou o seu percurso artístico e a sua ligação ao fado?
O facto de ter nascido numa terra com tanta cultura e tanto talento, acabou por ser um estímulo natural para o início do meu percurso na música. Temos grandes nomes do panorama musical, parte deles referências a nível nacional e até mundial, como é o caso de José Cid. Sempre fui muito ligado aos nossos costumes e tradições e cresci a ouvir os fadistas Chamusquenses. O gosto por cantar surge de forma natural, em tertúlias com amigos, ficando cada vez mais vincado na minha vida e é em 2006 que faço a minha estreia em público.
Em 2021 lançou o primeiro álbum a solo e agora apresenta “Paga por Paga”. O que distingue este novo trabalho e que histórias ou emoções quer transmitir através dele?
São dois trabalhos dos quais me orgulho bastante. Diria que a diferença do primeiro para o segundo álbum está em mim. Estou convicto que me apresento muito melhor preparado, com um repertório mais sólido e dentro das linhas que devo e quero seguir na área da música.
Trabalhou com Custódio Castelo e conta com convidados como Jorge Fernando e Ana Paula Martins. Como foi esse processo criativo e o que significou partilhar o estúdio com nomes tão importantes do fado?
O trabalho de estúdio é sempre muito árduo e intenso. Poder admirar de perto todo este processo com tantos e tão ilustres nomes do mundo do fado foi sem dúvida uma experiência que guardarei para a vida. Absorvi o máximo de conhecimento que consegui convicto que tive duas oportunidades que há uns anos a esta parte julgava serem impossíveis: ter dois discos – o primeiro com produção musical de José Cid e o segundo de Custódio Castelo.
O fado é, para muitos, a expressão mais pura da identidade portuguesa. No seu caso, o que é que o fado representa – uma forma de arte, uma missão, ou um modo de estar na vida?
Significa acima de tudo respeito. Respeito por quem o canta, por quem o ouve e por quem o compõe. É por isso que não chamo fado a todos os temas que canto e componho. Nem tudo onde se coloca guitarra portuguesa é fado. Mais do que um modo de vida é o modo como se está no fado.
Venceu o 1.º Concurso Nacional da Canção Rural e tem sido uma voz activa na promoção cultural da região. Que papel acredita que os artistas do Ribatejo devem desempenhar na preservação das tradições e na projecção da cultura local?
Penso que cada artista deverá expressar-se da forma que sente as suas tradições. As tradições mantêm-se, mas também se criam ou renovam. O importante é não deixar morrer a cultura!
Um título para o livro da sua vida?
Gratidão.
Viagem?
São Tomé.
Música?
Morena da minha Aldeia.
Quais os seus hobbies preferidos?
Estar com os amigos.
Se pudesse alterar um facto da História, qual escolheria?
Impedir a escravatura.
Se um dia tivesse de entrar num filme, que género preferiria?
Comédia.
O que mais aprecia nas pessoas?
Humildade.
O que mais detesta nelas?
Ingratidão.
