Abril de 2020 – 129 anos depois de um jovem ribeirense, filho de tipógrafo, ter tido o sonho e a determinação, de criar um jornal de todos e para todos os ribatejanos.
Corria o ano de 1891, Portugal vivia em Monarquia, mas na cidade do Porto, em janeiro ensaiou-se a primeira revolta republicana. O levantamento militar contra a monarquia, que na altura tinha cedido ao ultimato britânico de 1890, inflamou os ânimos de todos quantos desejavam para Portugal uma profunda transformação socio cultural. A República chegou mesmo a ser proclamada no Porto na madrugada desse dia, mas a rebelião foi duramente esmagada por militares monárquicos, na rua que hoje se chama 31 de janeiro nessa cidade. Tiveram de passar mais quase 20 anos para que a república fosse implantada em Portugal, mas a esperança estava acesa.
João Arruda, fundador e primeiro diretor do nosso aniversariante, era republicano e conhecia a importância da comunicação para a formação de opinião. Assim nasceu o Correio do Ribatejo, apelidado inicialmente de Correio da Extremadura. Um jornal semanal com notícias da região que, simultaneamente, transmitia a vontade de um país mais livre e igualitário.
Trata-se de um história centenária que resistiu à transição da monarquia para a republica (1910), à gripe espanhola (1918), a duas guerras mundiais, a quase 50 anos de ditadura, uma revolução de cravos, à integração europeia, à mudança de moeda, à transição da maioria dos media para o digital, abandonando o papel e agora… uma pandemia global que nos retém em casa agarrados aos écrans.
Este foi o jornal regional que, tendo aderido às novas tecnologias e plataformas digitais (página na internet, redes sociais, APP), nunca desistiu do formato em papel, nem o pretende fazer. Este monumento vivo à ousadia e determinação nunca, nas suas quase 7000 edições, falhou nas bancas uma semana.
Está nas nossas mãos a sua continuidade. Nas mãos dos cidadãos e cidadãs, mas também dos polític@s, das instituições e empresas.
Não se trata apenas de uma questão do património histórico e cultural que este jornal representa. Trata-se também do futuro, não só do seu futuro, mas do nosso, coletivo.
A imprensa, incluindo a regional, é a salvaguarda da Democracia em tempo de populismos e de desinformação organizada. Não há, como sabia João Arruda e sabemos todo@s atualmente, liberdade e transparência sem uma imprensa livre, corajosa e rigorosa. Os tempos de pandemia Covid 19 que vivemos são disso a maior prova. As mulheres e homens que, no computador e ao telemóvel, mas também na rua, continuam a trabalhar com zelo pela qualidade da informação a que temos acesso, são verdadeiros heróis, que nunca receberão aplausos suficientes.
Nesta época festiva em que os ovos de chocolate serão digitais e os abraços virtuais, deixo a tod@s um repto: ofereça uma assinatura deste jornal ao seu neto, filha, amigo, empresa, estabelecimento, escola… Pelo preço de meia dúzia de pacotes de amêndoas ele/a receberá todas as semanas, não só a atualidade regional, no conforto e segurança da sua morada, mas também um pouco do passado e do futuro da região.
Fabíola Cardoso, Deputada do BE eleita por Santarém