Os municípios do Médio Tejo manifestaram-se esta segunda-feira, 26 de Julho, preocupados com a manutenção dos actuais postos de trabalho da Central Termoeléctrica a Carvão do Pego, em Abrantes, e apelaram ao Governo por celeridade no respectivo processo de conversão.

Em comunicado, a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo “congratulou-se” por “finalmente o governo anunciar formalmente a decisão relativamente à gestão deste importante ponto de injecção na rede nacional”, tendo considerado como “absolutamente fundamental” que “o início do concurso público esteja formalmente publicado o mais tardar na primeira quinzena de Setembro”.

Por outro lado, a CIM Médio Tejo, que agrega 13 municípios, 11 de Santarém e dois de Castelo Branco, defendeu que o concurso público deve assegurar, “de forma clara e inequívoca, a salvaguarda de todos os postos de trabalho directos e indirectos” envolvidos neste processo de transição.

A tomada pública de posição da Comunidade Intermunicipal decorre do anúncio do ministro do Ambiente de que o governo pretende lançar em Setembro o concurso para projectos de conversão da central a carvão do Pego, que será desactivada em novembro.

“Esse concurso [para a central do Pego] vai ser lançado no início de Setembro”, avançou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, que foi ouvido em 14 de Julho no parlamento.

Nesse sentido, a CIM defendeu hoje que, “para que a Central se mantenha como um importante polo de produção de energia na região” do Médio Tejo, “é absolutamente fundamental a manutenção num único lote, prevendo uma capacidade em torno dos 600 MW (capacidade actualmente adstrita à Central Termoeléctrica a carvão)”.

No comunicado, o Conselho Intermunicipal “solicita” ainda a “tomada de todas as diligências por parte do Governo de modo que o lançamento tardio deste procedimento concorrencial não ponha em causa o total aproveitamento do Fundo de Transição Justa na sua componente de apoio à reconversão energética e no contributo para a maior utilização de recursos endógenos renováveis gerando riqueza” no território.

“Não estando no âmbito da nossa decisão, os autarcas não deixam de manifestar todo o empenhamento para que mais rapidamente este processo possa ter a melhor solução para a região do Médio Tejo”, concluem.

Em entrevista à Lusa, em Junho, Matos Fernandes disse que o plano para o Pego passa por um concurso “absolutamente público e transparente”, a que os accionistas da central do Pego podem concorrer, mas que não estará limitado às duas partes.

Os dois accionistas da central a carvão do Pego, a TrustEnergy e a Endesa, estão em desacordo em relação ao futuro da estrutura, após a suspensão da actividade em 30 de Novembro.

A TrustEnergy, accionista maioritária, quer reconverter a central num Centro Renovável de Produção de Energia Verde, projeto que, de forma faseada, implicará um investimento de 900 milhões de euros, considerando que “a melhor opção não será o desmantelamento da estrutura”.

A Endesa, segunda maior accionista da central a carvão do Pego, discorda da decisão de uma reconversão baseada na biomassa (queima de resíduos florestais) e quer que o Governo lance novo concurso e propõe um projeto de 600 milhões de euros.

O secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, explicou, também em 14 de Julho, aos deputados da Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, que o Governo quer fazer o concurso em Setembro, justamente para resolver a situação antes da cessação do Contrato de Aquisição de Energia (CAE) da central do Pego, em 30 de Novembro.

“Não será um concurso como os leilões que fizemos, o objectivo aqui não é ter um preço mais barato, é ter o melhor projeto”, realçou João Galamba, acrescentando que ganhará o projeto “que assegure os interesses da região” e dos trabalhadores e que esteja alinhado com os objectivos da descarbonização.

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